Prezados 200 leitores, muitos de vocês são alunos ou professores da EBD, certo? Então, vamos compartilhar (ou procurar, conforme o tempo permitir) um pouco de grego enquanto refletimos sobre o livro de Hebreus. A ideia é aliar o estudo do livro, que é o assunto do próximo trimestre, a partir de 07/01/2018, com o estudo da língua, ainda que em seus rudimentos. O comentarista das lições é o nobre Pr. José Gonçalves, da cidade de Água Branca, Piauí!
Para os que não conhecem o alfabeto grego vamos começar no basicão com o vídeo abaixo, que pode ser acessado no Youtube ou aqui mesmo no player do blog e visualizado quantas vezes você julgar necessário. Porém, não se preocupe muito com a língua grega, nossa intenção é usá-la de forma instrumental para aprofundar os conceitos do livro, enquanto estudamos as lições. Outros vídeos se seguirão com mais gramática, vocabulário e correlações. Se você, porém, conseguir aprender o básico para ler as palavras, cremos que já será proveitoso.
Ocasionalmente, teremos mais de um post sobre a mesma lição. O foco dos posts é o aprendizado rápido e progressivo. Assista os dois vídeos e retomaremos a seguir:
Alfabeto grego
Algumas regras básicas de pronúncia
Estrutura e autoria do livro de Hebreus
Antes de prosseguir um pouco mais precisamos conhecer a estrutura em torno da qual está organizado o livro. Hebreus possui 13 capítulos e 303 versículos. É pequeno se comparado a muitos livros da Bíblia e está situado na seção das cartas universais do Novo Testamento. O grego é dos mais eruditos do NT. Pela estrutura interna muitos o atribuem a Paulo, mas sua autoria tem sido fruto de intensos debates desde os primórdios da Igreja Primitiva. É impossível, porém, que seu autor não seja um rabino ou alguém versado no conhecimento da religião judaica, visto que há inúmeras referências ao sistema sacrificial e ao Velho Testamento.
Por outro lado, é alguém que conhece os vários sistemas religiosos em voga na época em que o livro foi escrito, com claras referências em oposição à filosofia grega, à escatologia rabínica, ao paganismo, às religiões ascéticas e ao gnosticismo. A ênfase do autor é demonstrar a superioridade de Cristo a todos os sistemas apresentados e, consequentemente, evidenciar os pontos fortes do Cristianismo. Vale ressaltar que a maioria destes sistemas desapareceu ou tiveram que se reinventar, enquanto o axioma de Hebreus permanece intacto até hoje.
Portanto, é imprescindível ao professor de EBD mais responsável a releitura de todo o livro de Hebreus. Eu aconselharia, primeiro, lê-lo de forma genérica, depois uma parada nos pontos mais importantes de cada capítulo. Recomendo, também, cercar-se de bons livros e estudos sobre o tabernáculo/templo é fundamental para entender o funcionamento do sistema sacrificial judaico. E toda pesquisa é sempre bem vinda.
A Bíblia de Estudo Plenitude propôs o seguinte esboço para Hebreus:
I. A superioridade da pessoa de Jesus 1.1-4.13
Jesus: Melhor do que os profetas 1.1-3
Jesus: Melhor do que os anjos 1.4-2.18
Jesus: Melhor do que Moisés 3.1-19
Jesus: Melhor do que Josué 4.1-13
II. A Superioridade do Ministério de Jesus 4.4-10.8
Jesus: Melhor do que Arão 4.14-5.10
O Sacerdócio de Melquisedeque, portanto Jesus, melhor do que o de Arão 7.1-8.5
Jesus é mediador de uma melhor aliança 8.6-10.18
III. A superioridade da caminhada da fé 10.19-13.35
Um chamado à segurança total da fé 10.19-11.40
A persistência da fé 12.1-29
Admoestações sobre o amor 13.1-17
Conclusão 13.18-25
Fonte: Bíblia Plenitude
Mas há outros esboços mais detalhados. O foco do autor, como já dissemos, é contrapor o sistema sacrifical imperfeito, repetitivo e temporal judaico, ao superior sacrifício de Cristo. De quebra, outros sistemas religiosos da época vão sendo desmontados. As analogias são espetaculares e construídas com esmero retórico. Qualquer judeu se sentiria impactado com a mensagem contida no livro!
Quanto à autoria, Barclay[1] nos informa que Clemente de Alexandria pensava que Paulo poderia ter escrito em hebraico e Lucas a teria traduzido para o grego. Orígenes afirmava, por sua vez que “somente Deus sabe com certeza quem escreveu a Carta aos Hebreus”. Tertuliano que teria sido escrita por Barnabé. Jerônimo diz que a igreja latina não a recebia como de Paulo e ao falar do autor diz: “O escritor aos Hebreus seja quem for…”. Agostinho também pensava assim. Lutero declarava que Paulo jamais poderia tê-la escrito porque o pensamento não é dele e a atribuía a Apolo. Já Calvino que “ele não podia convencer-se de que esta carta fosse de Paulo”.
Os estudiosos situam a carta antes da grande perseguição promovida por Domiciano em 85 d.C., visto que os destinatários são exortados a suportar a provação, tendo como exemplo os grandes heróis da fé do capítulo 11.
Concluindo, mas não finalizando…
Vamos ficando por aqui, reveja o vídeo até memorizar as letras.
Vou deixar uma atividade infalível para você memorizá-las:
- Veja a imagem abaixo, clique nela e vai abrir numa aba à parte, num tamanho maior e de melhor qualidade. Clique com o lado direito e selecione Copiar imagem. Daí cole no Microsoft Word ou outro editor de textos e imprima duas cópias. Você pode imprimir do próprio navegador também;
- Pegue uma das cópias e memorize a ordem das letras citando-as em voz alta, enquanto as percorre mentalmente;
- Depois feche os olhos e repita mentalmente cada letra em voz alta. Não se importe se errar a sequência isso acontece com todos os iniciantes. Reinicie ao final, quantas vezes desejar. Uma boa opção é memorizar cada fileira de seis letras, uma após a outra e repetir para fixar;
- Agora pegue uma folha em branco e repita, quantas vezes quiser, cada letra minúscula (é assim que vamos encontrar a maior parte das palavras)
- Na segunda cópia recorte os quadrados com as letras, espalhe numa mesa e embaralhe, depois tente ordená-las.
Repita este exercício quantas vezes achar necessário. Abaixo colocamos um vídeo com a pronúncia das letras para facilitar a memorização.
Aguarde o próximo texto!
[1] Comentarios al Nuevo Testamiento – Hebreos – Barclay, William – Editora CLIE