Nobres leitores, a lição de domingo versa sobre o mobiliário do Lugar Santo. Como sabem haviam três áreas no Tabernáculo: o átrio, o Lugar Santo e o Santo dos Santos. Mas não vou escrever sobre isso. Me interessa divagar um pouco sobre o véu rasgado. Acompanhem os detalhes…
Havia entre o pátio e o Lugar Santo uma cortina espessa de azul, púrpura, carmesim e linho fino torcido, decorada com querubins. Apoiavam-na cinco colunas de acácia cobertas de ouro puro e fincadas sobre bases de bronze (Êx 26:36, 37).
Já entre o Lugar Santo e o Santíssimo havia uma outra cortina, um véu também de azul, púrpura, carmesim e linho fino torcido, bordado com querubins. Apoiavam-na quatro colunas de acácia, revestidas de ouro puro, sobre bases de prata (Êx 26:32). Em Hebreus 9:3 se fala desses dois véus.
Neste último lugar, Deus se revelava e recebia o sacrifício do sumo sacerdote uma vez por ano, manifestando sua glória quando lhe satisfazia. Ele entrava ali uma primeira vez por si mesmo e uma segunda por todo o povo. Corta pro Novo Testamento, mais precisamente o final do ministério do Mestre…
Quando Jesus morreu, uma série de eventos aconteceu. O céu se enrubesceu, a terra tremeu, sepulcros se abriram e… (Mt 27:52) o véu do templo, não mais do Tabernáculo pois não mais existia, se rasgou em dois de alto abaixo. Até então era uma peça única que exigia algum sacrifício do sacerdote para atravessar.
Mas, espere, haviam duas cortinas, como vimos há pouco? Qual delas se rasgou? Vamos aos textos:
- E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras (Mateus 27:51)
- E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo (Marcos 15:38)
- E rasgou-se ao meio o véu do templo (Lucas 23:45)
João nada fala do assunto.
Para entender a questão e chegar a uma resposta precisamos relembrar que o Templo não tinha duas cortinas, mas uma. No lugar da primeira haviam duas portas: E eram as duas portas de madeira de cipreste; e as duas folhas de uma porta eram dobradiças, assim como eram também dobradiças as duas folhas entalhadas das outras portas.
E as lavrou de querubins e de palmas, e de flores abertas, e as revestiu de ouro acomodado ao lavor (I Reis 6:34,35).
Evidentemente, não estamos falando mais do templo construído por Salomão. Ele foi saqueado várias vezes ( 2 Cr 36:7,10) e depois queimado por Nabucodonozor (2 Cr 36:18,19), em 586 a.C.. O templo dos dias de Jesus foi reconstruído no tempo de Esdras e Zorobabel (Ed 3:10) e melhorado por Herodes, o Grande, no século I a.C., sempre seguindo a mesa estrutura do templo de Salomão. Alguns estudiosos argumentam que este era, na verdade, o Terceiro Templo, visto que se passaram cerca de 80 anos para ser concluído e não foi uma mera reforma. Ele também foi destruído em 70 d.C., pelo general romano Tito.
Então, o véu que foi rasgado foi o do Santo dos Santos ou Santíssimo! E o que isto significa?
- Que Deus saiu daquele lugar pra nunca mais voltar, não há mais qualquer lugar secreto onde Deus habite;
- Que a entrada está franqueada através do sangue de Jesus, a toda e qualquer pessoa;
- Já não precisamos de sacerdotes humanos para nos dar acesso a qualquer lugar onde Deus possa ser adorado. O santuário agora é o nosso coração e, perante Deus, estamos desnudos.