Decidi fazer uma reflexão à parte sobre a dúvida. Se algum professor a quiser utilizar como subsídio para enriquecer sua aula, não tem problema.
Boa parte dos crentes se debate para reconhecer que duvida. É quase como aquele pecado inconfessável, feito em segredo, guardado a sete chaves. Não foi assim com os discípulos de Jesus. Constantemente eles expunham sua dificuldade de crer. Pedro é o exemplo mais notável, mas há Tomé e todos os outros. Crer não é aquele comportamento estanque, esperado, imutável, previsível. Num dia acordamos tocando no trono de Deus, gigantes, altaneiros. No outro estamos fracos e não acreditamos um palmo à frente do nosso nariz. Especialmente, quando provas físicas enormes se acercam de nossa vida.
Outra questão importante é que falar de fé é fácil. É como falar de amor. Já fui testado várias vezes e quase sempre, confesso, falava da boca pra fora do que não tinha esperança alguma de alcançar. Eram meus dias de fraqueza. A prova era tão grande que eu não via saída. Porém, a vitória animava minhas forças e percebia que não fui eu que falei, foi Deus. Esta é uma das razões pelas quais ninguém pode se gloriar de coisa alguma. A fé, portanto, não está no terreno da teoria, mas da prática. Não adianta dizer que tem, é preciso mostrar.
Vivemos por fé. Isso é um desafio diário. Não sei os leitores, mas eu me debato em minha insignificância diante dos desafios que me assombram. Mas creio que Deus é poderoso para fazer qualquer coisa. Até mesmo a mais inesperada de todas. Tenho, por exemplo, uma rinite alérgica que incomoda muitas noites. Uma gastrite nervosa que se manifesta em momentos de stress, mas quem não se estressa? Não tenho dúvida alguma que Deus pode eliminá-las. Mas há anos peço uma cura e ainda não fui ouvido. Tenham certeza, não é falta de fé!
Uma outra vertente bíblica da dúvida é o medo de descrer. A prova se alonga tanto que a fé do crente fenece. Lembremos que Deus não prova ninguém além do que podemos suportar. Ele sabe exatamente que ponto é este e junto coma prova trará alívio e bálsamo. (In)felizmente, por vezes, o máximo que Deus nos dá nesta ocasiões são estrelas para olhar. Longe, distantes, mas firmes por sua Palavra. Se Ele não falhou com o Universo impessoal, por que falharia conosco, que somos seus filhos?
Numa última colocação queremos falar sobre a morte. É a realidade última. Pode ser que Deus permita a morte de um justo em meio a grande provação. Numa doença, por exemplo. Depois de moer nosso corpo, Ele nos chama para o descanso eterno. Alguém, incauto, dirá: Deus falhou, não conseguiu resolver o problema. A questão é que olhamos apenas do ponto de vista humano, mas Deus enxerga as coisas de forma eterna. Pelo menos duas situações podem estar se desenrolando e não sabemos: 1) Deus está moldando o vaso, através da permissão da doença ele está trabalhando para que aquela pessoa seja mais convertida. Ou seja, Deus está preparando seu servo; 2) Deus está usando a dor para atuar na vida de outrem. Sei como é insondável e incompreensível. Mas quem compreendeu a Deus?
A única pessoa que viveu neste mundo e não duvidou foi Jesus. Mas no Getsêmane ele chegou bem perto. É, amigos, é fácil cantar sobre fé, falar sobre fé, balbuciar palavras ao vento. Difícil é crer quando é necessário.