Tragédia em Suzano: as respostas passam pela família
Ore por sua família, apresente-a a Deus como uma das coisas mais preciosas que existe. E converse, dialogue, dê carinho, amor e correção. Afinal é mais fácil vacinar os que ficam do que tentar identificar as razões dos que foram.
Obviamente, não conheço os pais dos jovens que cometeram os assassinatos em Suzano, ontem. Até por conta da distância. Também não conheço a família de tantos outros jovens que enveredam pelo caminho do crime, da prostituição, das drogas, do suicídio e outras mazelas semelhantes. Em casos assim é comum procurar respostas. Quem errou? O que provocou? O que levou os assassinos a tais decisões? O que poderia ter sido feito para evitar o massacre?
Os especialistas se debruçam sobre o problema há décadas. A História dá conta que já houve até quem traçasse um perfil dos criminosos a partir de sua aparência, tamanho do crânio, posição e formato dos olhos, etc. Como as ocorrências fugiram do padrão, o perfil foi descartado. Até Spielberg entrou na onda ao lançar Minority Report. Pra quem não conhece, é um filme que enfoca o conhecimento prévio do crime. Na película três “videntes”, chamados precogs, preveem quem vai cometer crimes, para que sejam presos antecipadamente e sejam evitadas as tragédias.
É impossível prever quem vai cometer crimes. Mas há alguns indicadores importantes. Os mais imediatistas associam a proliferação criminal à posse de armas. O atual presidente, sem entrar na questão política, criou leis que favorecem a posse delas para defesa pessoal. É preciso passar por um rigoroso processo que irá permitir tal posse. Não confundir com porte, que continua restrito às forças policiais. Tal associação é pura delinquência política porque até então vigorava uma Lei mais rígida e tivemos 60.000 assassinatos/ano. Mais que a guerra da Síria! Hoje o Brasil é o pais em que há mais mortens violentas de jovens!
A impunidade seria a próxima vilã. De fato, a sensação de brandura dos agentes do Estado e a leniência com crimes como a corrupção, estimulam a prática. Não podemos descartar essa variável. Tenho um amigo que foi aos EUA e não sei se dourou a pílula, mas me contou o seguinte: “Estávamos transitando num automóvel numa das rodovias americanas, quando a esposa de um amigo jogou um copo descartável pela janela. Quilômetros adiante um carro da polícia passou a nos acompanhar, mas não ligou sirenes nem nada. Diminuímos a velocidade e continuamos. Até que nos intrigamos com a companhia e estacionamos no acostamento. O carro da polícia estacionou atrás de nós e não fez qualquer sinal por alguns minutos. Depois o policial desceu e nos abordou, dizendo o seguinte: ‘Vocês vieram do Brasil? Chegaram aqui tal dia e retornam tal dia? Locaram esse carro em tal locadora? Etc.’ Confirmadas as informações, ele completou: ‘Estou seguindo vocês porque um copo foi jogado pela janela. Pedimos que não façam isso enquanto estiverem por aqui. Inclusive, trouxe o copo para vocês!’ Disse que como éramos turistas não seríamos multados, mas que evitássemos problemas, etc.” Ou seja, mudou completamente o nível de alerta pessoal!
Há, porém um dado fundamental. Para o atual estágio espiritual do Brasil é quase impossível compreender que problemas como o de Suzano nasceram na família. Via de regra, nossas famílias estão doentes, desequilibradas, sem esteio, submetida a padrões comportamentais elásticos, amorais e imorais. Milhares de famílias sem referenciais. Pais ausentes e separados. Casais sem estrutura de convivência mínima, mães que precisam trabalhar, cujos filhos ficam desassistidos pela necessidade e reféns da violência e dos abusos.
Outros milhares de lares nos quais inexistem o dois cônjuges, onde as crianças se criam por si mesmas, e ninguém toma conta. Filhos mimados, cujos pais são seus servos e não lhes cobram princípios e até apoiam quando cometem pequenos delitos, que crescem com o tempo, até que fujam do controle. Inúmeros filhos de pais irresponsáveis que apenas os colocam no mundo, sem qualquer cuidado, afeto, carinho e atenção!
Não, não é apenas a política, o STF ou qualquer outra sigla que está em colapso no Brasil. A instituição mais antiga também está em frangalhos. Infelizmente, esta desintegração tem atingido a Igreja. E quem lidera tem sentido seus infortúnios. Tenho um outro amigo que fez pesquisa para uma tese de Mestrado, na qual entrevistou centenas de presos nas penitenciárias pernambucanas, especialmente os presos por porte e comércio de drogas ilícitas. Constatou um percentual altíssimo entre os pesquisados de desviados das muitas igrejas evangélicas da região.
Precisamos orar por cada família, cada pai, mãe, filho. Ore por sua família, apresente-a a Deus como uma das coisas mais preciosas que existe. E converse, dialogue, dê carinho, amor e correção. Afinal é mais fácil vacinar os que ficam do que tentar identificar as razões dos que foram.
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