Esta é a primeira lição do segundo trimestre. Tem como tema: Tabernáculo – Um Lugar da Habitação de Deus. Será um trimestre com valiosas informações para alunos e professores e esperamos continuar ajudando dentro de nossas limitadas condições.
Para você que é professor é um momento especial. Hora de repensar estratégias de ensino e aprendizagem. Como o aluno, via de regra, anda distante dos elementos que compõem a lição é imprescindível ter à mão mapas e figuras que representam o tabernáculo e seus itens. Sem essas imagens o aprendizado restará comprometido.
Relembramos aqui a importância de tais recursos do ponto de vista científico. Observe as tabelas abaixo[1]:
A primeira diz respeito à retenção em si mesma, avaliada de maneira geral. A segunda diz respeito à retenção através do tempo. Não deixam dúvidas que uma aula enriquecida com materiais audiovisuais trará maior aproveitamento para os alunos e retenção duradoura. O único senão é que não basta trazer tais recursos à sala de aula é preciso saber explorá-los.
Para ajudar ao professor providenciamos alguns recursos audiovisuais ao longo do comentário e ao final dele. Portanto, preste atenção e utilize-os. Evidentemente, outros materiais poderão complementar as lições ao longo do trimestre.
Como sempre, o conteúdo da lição virá em azul e nossos comentários em preto. Transcrevemos, o conteúdo da lição para que você possa focar e acompanhar com mais comodidade.
Se o leitor preferir, pode acompanhar nosso comentário em vídeo, disponível no rodapé do comentário.
Texto Áureo
“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.” (Êx 25.8)
O termo santuário no original hebraico é מִקְדָּשׁ (lê-se: miqdash) e seus cognatos ocorrem 74 vezes no Velho Testamento. Vem da raiz qodesh (santo) e se refere primariamente ao lugar, suas subdivisões e objetos. O palácio do rei também é designado como santuário (Am 7:9). Porções de sacrifício eram denominadas por esta mesma palavra (Nm 18:29).
Um santuário remete o seguidor a um local fixo onde Deus se manifestava. Esta referência era natural para a Jerusalém dos dias do Templo. Mas o Tabernáculo servia como tenda móvel, propício para a revelação de Deus ao seu povo ao longo do caminho. Lembremos que o povo havia saído do Egito e estava em marcha para Canaã. O santuário era também o lugar onde Deus determinaria suas leis (Ex 25:22).
Houve outro tabernáculo?
Importante notar que outra estrutura precedeu o Tabernáculo (Ex 30:7-11). O texto indica uma tenda específica, fora do arraial, mas ao alcance do povo, na qual Moisés falava com Deus face a face e Josué o auxiliava. O próprio Moisés lhe deu o nome de tenda da congregação, que, posteriormente, passou a ser sinônimo do próprio tabernáculo (Ex 40:34).
Verdade Prática
O Tabernáculo de Moisés foi o protótipo da Igreja de Cristo, na qual hoje Deus habita e manifesta sua glória.
Leitura Diária
O texto da terça-feira retoma um conceito teológico importante, já estudado em outras lições: o tipo. Tipo é uma ilustração proposital que enuncia verdades posteriores e, por vezes, eternas. Geralmente, se encontra no Antigo Testamento e tem seu cumprimento (ou cumprimentos) no Novo. O cumprimento do tipo chama-se antítipo. O estudo dos tipos e antítipos chama-se tipologia.
Leitura Bíblica em Classe
Êxodo 25.1-9
1 – Então, falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 – Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.
3 – E esta é a oferta alçada que tomareis deles: ouro, e prata, e cobre,
4 – e pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras,
5 – e peles de carneiros tintas de
vermelho, e peles de texugos, e madeira de cetim,
6 – e azeite para a luz, e especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso,
7 – e pedras sardônicas, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral.
8 – E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.
9 – Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.
Objetivo geral
Enfatizar a relação do Tabernáculo com a Igreja de Cristo.
Objetivos Específicos
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I) Apresentar a parceria de Deus com o povo de Israel para construção do Tabernáculo;
II) Mostrar que o Tabernáculo foi um projeto de Deus;
III) Pontuar a relação tipológica entre o Tabernáculo e a Igreja.
Introdução
Deus sempre desejou se relacionar com o seu povo. Ao longo das Escrituras Sagradas, o Pai Celestial buscou se revelar ao ser humano para relacionar-se com ele. Deus é um ser pessoal. Nesta primeira lição, veremos que o Tabernáculo foi construído para que Deus habitasse nele e se encontrasse com o seu povo. Assim, compreenderemos que essa construção requereu a participação humana por meio de ofertas voluntárias, que esse projeto veio da mente de Deus e que há uma relação tipológica entre o Tabernáculo e a Igreja de Cristo.
I – A parceria de Deus com seu povo para a construção do Tabernáculo* (Êx 25.1-7)
1. Por que construir um Tabernáculo no deserto? O pioneiro pentecostal, Gunnar Vingren, que redigiu uma monografia para sua graduação teológica, na qual foi escrita à mão, e apresentada no Seminário Teológico Sueco, em Chicago, USA, em 1909, iniciou seu texto monográfico assim: “Por ordem divina, o Tabernáculo propriamente dito, a mosaica tenda do Testemunho, constituiria uma morada sagrada, erguida segundo um modelo celestial”.
Desde que os israelitas saíram do Egito e caminharam até as cercanias do Monte Sinai, onde Deus falou com Moisés e revelou-lhe suas Leis, o Altíssimo quis habitar entre o seu povo. Para isso, Ele concedeu a Moisés a planta de uma “Tenda”, a fim de construí-la para reunir o povo de Israel diante dEle e, assim, receber sua Palavra. Essa tenda, denominada “Tabernáculo”, era de caráter provisório, pois podia ser armada e desarmada durante a caminhada israelita pelo deserto. Entretanto, conforme escreveu Gunar Vingren, a razão principal de sua existência era a de servir como uma morada sagrada, o lugar de encontro entre Deus e seu povo.
Todos os povos ao redor de Israel (mesmo em marcha) possuíam locais sagrados nos quais seus deuses eram adorados. Israel tinha a presença constante da coluna de nuvem, de dia, e da coluna de fogo, à noite (Ex 13:21, 22). Porém, o Deus ao qual adoravam parecia distante e inacessível a todos. O Tabernáculo constituía uma ponte, que é o conceito do termo religião, que vem do latim religare. Ligar o homem a Deus. Portanto, era tanto um sinal para os da congregação israelita, como das cidades por onde passassem. A partir do Tabernáculo Israel tinha um local para adorar ao Deus ao qual servia!
2. A materialização da obra de Deus (Êx 25.1,2). O projeto de Deus teve origem no céu, e se materializou na Terra por meio de seus filhos. A construção do Tabernáculo se efetivou mediante a participação do povo de Deus através de ofertas alçadas e voluntárias como o ouro, prata, cobre, pano azul, púrpura e carmezim. A obra de Deus requer parceria humana!
De fato, no culto, na adoração, na obra do Senhor, há sempre a parte humana e a divina. Deus não vai me dobrar de joelhos e me obrigar a adorá-lo, louvar o seu nome, estudar sua Palavra. Estas são atitudes que eu posso fazer. Deus não as fará por mim. Ele fará exatamente aquilo que eu não posso fazer.
Frequentemente, as pessoas vem ao culto com um coração desleixado, sem atenção, sem compenetração alguma e nada recebem. Depois ainda reclamam do templo, seu conforto, por exemplo, de Deus, do pregador, da liturgia. E esquecem que são responsáveis por uma parte do trabalho.
No tempo da graça, o princípio da manutenção da igreja local é o mesmo. O dízimo e as ofertas alçadas são para o sustento das necessidades que envolvem uma igreja: projeto de construções de templo, de sustento de obreiros, de evangelização, de ações sociais, de educação cristã. Em vez de cultivarmos uma postura contrária, deveríamos voluntariamente ofertar à Obra de Deus como fruto de gratidão e reconhecimento de suas bênçãos em nossas vidas (2 Co 9.7).
Embora o comentarista enfatize as ofertas, até por conta da viabilização da edificação e seus diversos recursos materiais, precisamos compreender que oferta e dízimo é consequência e não causa. Fatalmente, quando a congregação toma ciência da aplicação dos recursos colabora instintivamente. Notemos que na construção do Tabernáculo o Senhor moveu o coração do povo e cada um moveu-se a si mesmo de maneira voluntária.
Por vezes, na Igreja moderna se quer obrigar as pessoas a determinadas coisas, sem tentá-las convencer com argumentos e atitudes. Moisés era um homem hábil, santo e acessível ao povo, ou seja, transparente do ponto de vista pessoal, espiritual e ministerial. Certamente, isto fez uma grande diferença na hora da contribuição!
3. Três verdades bíblicas que o ofertante deve saber (Êx 25.2):
- A oferta foi um plano de Deus para o sustento de sua obra. No Antigo Testamento há uma promessa de bênçãos materiais para os que reconhecessem essa verdade. Aqui, não há o estímulo para se negociar oferta e bênçãos, mas a afirmação de que é a vontade do Senhor que contribuamos generosa e voluntariamente para a sua obra, reconhecendo que Ele domina até as nossas finanças. Isso deve ser voluntário, jamais por coação.
- O ato de ofertar é voluntário. O versículo 2 mostra que o Senhor aceitaria a oferta “de todo homem cujo coração se mover voluntariamente” (cf. Êx 35.29). Deus conhece cada um dos seus servos e servas, por isso, reconhece quem faz essa obra de maneira generosa ou egoísta. Jamais nosso Senhor aceitaria ofertas por coação, mas Ele deseja ver, em nós, uma atitude voluntária e amorosa: “Porque, dou-lhes testemunho de que, segundo as suas posses, e ainda acima das suas posses, deram voluntariamente” (2 Co 8.3). Portanto, na Igreja de Cristo, não pode haver mercantilismo da fé! Você não pode se deixar coagir para trocar ou negociar o que é espiritual, a fim de receber bênçãos materiais. O que a Palavra de Deus diz é que você precisa amar ao Senhor de todo o coração e, constrangido por esse amor, doar voluntariamente. Essa perspectiva humilde gera bênçãos da parte de Deus.
- Fidelidade ao Senhor trará abundância. A Bíblia nos ensina que quem é fiel no pouco será muito recompensado (Mt 25.21). Moisés foi um líder que compreendeu bem essa verdade e a viveu, pois o povo trouxe tanta oferta em ouro, prata, cobre, pedras preciosas e madeiras, que encheram os depósitos, e “disseram a Moisés: o povo traz muito mais do que é necessário para o serviço da obra que o Senhor ordenou” (Êx 36.5). Seja fiel ao Senhor!
Subsídio Didático – Pedagógico
Ao introduzir a lição desta semana, revele o propósito do trimestre. Responda a seguinte pergunta: “Por que estudaremos o Tabernáculo?”. A resposta a essa pergunta permitirá que você faça um panorama geral do trimestre. Em seguida, indague aos alunos o que eles esperam acerca desse estudo. Aqui, a ideia é perceber o entusiasmo dos alunos quanto ao tema.
Em seguida, exponha o primeiro tópico com clareza e objetividade. Como o nosso tempo não é extenso, você pode períodos para a exposição do conteúdo e outros períodos para perguntas. Por exemplo: Você pode expor o conteúdo do primeiro tópico e, depois, abrir para uma ou duas perguntas da classe.
Sugerimos que na exposição do primeiro tópico você enfatize a citação do comentarista a respeito da monografia de Gunar Vingren, a fim de que fique claro o percurso do anúncio do projeto de Deus e da materialização dele no deserto.
II – O Tabernáculo foi um projeto de Deus (Êx 25.8,9)
Após estudarmos a primeira seção de versículos (vv.1-7) que mostra a conclamação do Senhor ao seu povo para a construção do Tabernáculo por meio das ofertas alçadas, agora nos deteremos nos versículos 8 e 9, pois estes revelam como Deus elaborou esse projeto.
1. Deus arquitetou o Tabernáculo (Êx 25.8). “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.” Assim inicia o versículo oito. O Tabernáculo seria um santuário em pleno deserto, onde Deus habitaria entre o seu povo. Desde o início, é perceptível o caráter provisório do projeto divino, pois o povo de Israel não faria uma peregrinação perpétua no deserto. Deus elaborou a engenharia e arquitetou toda a construção do Tabernáculo, dando a Moisés a relação dos materiais que deveriam ser utilizados.
Por meio do legislador de Israel, o Senhor conduziu seu povo desde a saída do Egito até o Monte Sinai. Nesse monte, Ele revelou-se a Moisés e aos setenta anciãos do povo, bem como a Arão, Nadabe e Abiú, que viram a glória de Deus (Êx 24.9-11). Ali, a glória do Senhor estava presente e uma nuvem cobria o monte: “o aspecto da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte” (Êx 24.15-17). Por quarenta dias e quarenta noites Moisés entrou no meio da nuvem e subiu até o cume do monte para ouvir a Deus (Êx 24.18). Ali, o Altíssimo deu a Moisés as diretrizes para construir o lugar onde Ele habitaria.
O Deus que criou com maestria o Universo agora se volta para um lugar pequeno e simples. Apesar do uso abundante de ouro e prata, era sim um lugar pequeno. A intenção era que o tabernáculo fosse fácil de carregar e pudesse ser um ponto de convergência para o povo. Se fosse grande demais seria impossível carregá-lo ao longo de quilômetros e sua montagem seria impossível. Então, em sua sabedoria infinita, Deus projetou algo simples e funcional. Rapidamente poderia ser montado, desmontado e transportado por toda parte.
De onde veio o ouro e a prata?
Uma pergunta pode surgir a esta altura: De onde um povo peregrino teria tanto ouro, prata, bronze e outros materiais caros? Devemos nos remeter a Êxodo 12:35,36, onde os egípcios foram despojados ao, praticamente, expulsar o povo de Israel daquela terra. Diz o texto que deram tudo quanto os israelitas pediram. E eram estes 600.000 homens, fora mulheres e crianças.
2. O Tabernáculo foi um projeto de Deus. Embora Moisés haja sido formado academicamente no Egito, nenhum item do Tabernáculo era fruto de sua mente engenhosa e disciplinada. Recebendo instruções diretas de Deus, Moisés persuadiu ao povo hebreu a construir o Tabernáculo, pois este era um projeto celestial. O Pai desejava habitar entre os homens e derrubar a parede de separação erguida pelo pecado no Éden. Ele queria fundir o Céu com a Terra. Esse projeto glorioso só alcançaria o objetivo máximo na encarnação e crucificação de Jesus Cristo, seu amado Filho “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4; Ef 1.5-10).
3. O plano térreo do Tabernáculo (25.9). O plano térreo do Tabernáculo continha um espaço físico de 100 por 50 côvados aproximadamente, 50 por 25 metros, uma vez que um “côvado” equivale de 45 a 50 centímetros, pois a medida do côvado naqueles tempos era “a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio de um homem”.
a) O Pátio. Esse espaço do Tabernáculo era chamado “Átrio” (ou Pátio) e era fechado por uma cerca feita de cortinas de “linho fino torcido” e presas por ganchos e pinos em pilares de madeira de acácia ( Êx 27.18).
b) O Altar dos holocaustos. No espaço externo dentro do Átrio, desde a Porta de entrada, havia o “altar de bronze” (ou cobre), onde eram feitas as ofertas queimadas e, principalmente, onde era feito o sacrifício pelos pecados do povo (Êx 27.1-8; 38.1-6).
c) A Pia de bronze (ou cobre). Havia, também, “uma bacia de bronze (ou cobre)” para que os sacerdotes lavassem as mãos e os pés antes de entrarem no interior do Tabernáculo (Êx 30.18-21; 38.8).
d) A Tenda do Testemunho. O Tabernáculo, propriamente dito, era a parte interna e ficava dentro do Pátio, composto por duas partes: o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos).
e) O Lugar Santo. No Lugar Santo havia três elementos: o Candeeiro (Candelabro, ou Castiçal) de Ouro com suas sete lâmpadas; a mesa feita de madeira de acácia e coberta de ouro, era chamada “Mesa dos pães da proposição”. Por fim, ainda no “Lugar Santo”, de frente para a entrada de cortinas bordadas que dava para o “Lugar Santíssimo”, estava o “Altar de Incenso” revestido de ouro, no qual se faziam intercessões pelo povo de Deus (Êx 30.1-6; 37.25-28).
f) O Lugar Santíssimo (Santo dos Santos). Por último, e de fato, em primeiro lugar, estava “O lugar Santíssimo”, onde se encontrava a única mobília, chamada de “Arca do Concerto”(Nm 10.33) ou “Arca do Testemunho” (Êx 25.22), ou também “Arca da Aliança”, na qual se guardavam as “Tábuas da Lei” (Êx 31.18).
III – A relação tipológica entre o Tabernáculo e a Igreja
1. A importância dos aspectos tipológicos do Tabernáculo. O apóstolo Paulo deu importância a essa relação tipológica quando escreveu: “tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). O Tabernáculo de Moisés, no deserto, deixou profundas lições para a Igreja. Nessa tipologia, descobrimos uma relação com a Igreja e com o Senhor Jesus. Nas lições seguintes, veremos a importância simbólica do Tabernáculo em seus adereços, utensílios e cultos, seus ministros e ajudantes, sua ordem e o significado de cada item na relação espiritual-tipológica com a Igreja de Cristo.
Cada elemento do tabernáculo possui um significado. Desde os mais importantes, listados acima, até os demais. Detalhes como o material utilizado e determinado objeto possuem relevância teológica. No desenrolar das lições procuraremos trazer alguns desses significados. A ressalva que fazemos é ao exagero judaizante de alguns estudos dando ênfase a este ou aquele detalhe. Devemos compreender que o tabernáculo também era sombra das coisas futuras (Cl 2:17) e na graça perdeu sua importância.
Infelizmente, algumas igrejas vão além e reproduzem móveis e utensílios como se tais réplicas trouxessem mais santidade e proximidade com o divino. O que é um grosseiro comportamento. Anos atrás uma famosa igreja chegou ao ponto de replicar o próprio templo de Salomão, infelizmente seu desvio da verdade deixou a intenção em débito ético com o Evangelho.
2. A Igreja de Cristo é o Tabernáculo de Deus na Terra. O Tabernáculo e o Templo de Salomão simbolizam a Igreja de Cristo edificada para “morada de Deus em Espírito” (Ef 2.22). Alguns textos do Novo Testamento fazem da tipologia o modo de comparação entre o Tabernáculo e a Igreja. Paulo tipificou a Igreja como edifício de Deus para falar de crescimento coerente e organizado da comunidade cristã (1 Co 3.9). Neste edifício, os crentes em Cristo são identificados como “pedras vivas”, as quais são edificadas umas sobre as outras.
Portanto, a Igreja é o edifício espiritual construído para morada de Deus como o Tabernáculo no Antigo Testamento. Ela também é tratada como “Templo de Deus” (1 Co 3.16). A figura do templo, aqui, tem dupla referência, pois refere-se à Igreja e, também, ao lugar da presença de Deus. A Igreja é tipificada como a Casa de Deus, de caráter familiar, porque a palavra “casa”, nesse contexto, refere-se à família que mora na casa (1 Tm 3.15). O tabernáculo de Moisés era material, e Deus habitava nele; a Igreja é o tabernáculo espiritual onde o Altíssimo habita e se manifesta gloriosamente (Ef 2.22).
Discordamos respeitosamente da ênfase comparativa do comentarista. Deus já não habita em templos. Já não temos sacerdotes como na Antiga Aliança, o pastor não o é, os diáconos e cantores não são levitas, como ouvimos vez ou outra. Esse entendimento equivocado tem trazido graves danos à Igreja.
Por outro lado, há interessantes pontos de convergência entre o que o tabernáculo representava para Israel e a Igreja representa para nós, que serão abordados nas próximas lições. Notemos que no segundo parágrafo o comentarista dá a proporção adequada ao significado da Igreja como edifício espiritual, contrastando com a ênfase anterior.
Subsídio Teológico
A obra de Gunar Vingren acerca do Tabernáculo está dividida em três capítulos: (1) Introdução, (2) O Tabernáculo e (3) Comparações e contraposições ao Tabernáculo. No terceiro capítulo, ele faz uma comparação do Tabernáculo, pelo qual o chama de “tenda do testemunho”, com a Igreja de Cristo. Veja:
“Assim como a tenda do testemunho, com todos os seus utensílios, foi ordenada por Deus, a igreja cristã recebeu de Deus suas normas e seus mandamentos. A tenda no Antigo Testamento era o lugar onde Deus se revelava, enquanto as igrejas cristãs são, hoje, o lugar da presença de Deus, o lugar onde se faz a sua vontade. O primeiro era constituído de riquezas e material precioso, o segundo é constituído também de material precioso, isto é, de almas humanas redimidas do pecado por meio da graça de Cristo Jesus. Desta forma, à tenda do Antigo Testamento se contrapõe a igreja cristã do Novo Testamento. A bacia com água ficava em frente da tenda e, na água, Arão e seus filhos limpavam seus pés e suas mãos antes de adentrarem o santuário para que não morressem. Já o batismo é a maneira pela qual o cristão ingressa na Igreja de Deus. Aquele que crê e recebe o batismo será salvo. Após o batismo, seremos sepultados com Deus, e assim como Cristo ressuscitou dos mortos, passaremos a caminhar em uma nova vida” (VINGREN, Gunnar. O Tabernáculo e Suas Lições: Monografia de graduação em Teologia do fundador das Assembleias de Deus no Brasil, defendida em 1909 no Seminário Teológico Sueco de Chicago (EUA). Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pp.76-77).
Conclusão
Esta lição teve por objetivo levar ao aluno à compreensão da tipologia do Tabernáculo em relação à Igreja. O Tabernáculo seria mais do que um protótipo ou modelo futuro da Igreja, no qual Deus revelaria a sua glória. Esse Tabernáculo aparece como “um bem futuro” (Cl 2.17), que aponta para a Pessoa de Jesus Cristo, que veio a esse mundo mostrar, na prática, o desejo de Deus em habitar com os homens. Ele fez isso na encarnação de seu Filho, o tabernáculo divino.
Acesse o comentário em vídeo no Youtube:
Materiais audiovisuais
Encerrando este comentário, disponibilizamos a imagem abaixo, que apresenta diversas informações para o aproveitamento de professores e alunos e que servirá para todo o trimestre. Se você é dirigente de EBD ou professor temos uma excelente sugestão. No link abaixo você pode baixar a arte em CorelDraw e enviar para um birô de impressão em tamanho A3 (o dobro de um papel ofício comum). Após impresso e distribuído sugira que os alunos o guardem dobrado na lição para posterior utilização.
Link para download do gráfico abaixo em formato CorelDraw.
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Se você tem à disposição um datashow e conexão de internet, assista ao vídeo abaixo com sua classe para melhor aproveitamento (legendas em inglês, mas de fácil compreensão).
[1] FERREIRA, Oscar Manuel de Castro; JÚNIOR, Plínio Dias da Silva. Recursos Audiovisuais para o Ensino. São Paulo: EPU, 1975.