O conceito de família presente na Palavra de Deus é composto de uma hierarquia aonde os pais reinam absolutos. Os filhos devem respeitá-los, honrá-los e ampará-los em alguma dificuldade. As razões para esta atitude ideal são a mais diversas, dentre as quais destacamos:
1) Os pais geraram e cuidaram de seus filhos
Estes possuem uma dívida de gratidão por terem vindo ao mundo. Foram gerados em amor e criados com cuidado, atenção e carinho. Na família houve o primeiro cuidado que os filhos poderiam receber no mundo
2) Os pais os sustentam
Ao menos até a fase adulta os filhos dependem financeiramente de seus pais. Eles não proveem apenas comida, mas roupas, calçados, acessórios, material escolar, mensalidades e uma gama imensa de gastos que as crianças e adolescentes não poderiam pagar.
3) Os pais são mais velhos e experientes
Dada a vivência dos pais eles poderão ajudar seus filhos em meio às dificuldades da vida.
4) Os pais são referenciais para a vida dos filhos
Os complexos de Electra e Édipo cujos estudos foram largamente documentados por Freud, o pai da psicanálise, demonstram que o filho depende da mãe e a filha do pai. Moralmente, é na família que a criança vai buscar as primeiras referências. A primeira noção de carinho, amor, amizade, silêncio, diálogo…
Claro que estamos falando de famílias estruturadas. A carência de algumas destas características, porém, não autoriza um filho maltratar seus pais. Muito pelo contrário. Também os filhos podem aprender o que não fazer, a partir do exemplo de seus pais. Cabe, por exemplo, ao filho amar seus pais mesmo que tenha sido abandonado, não os conheça ou tenham um comportamento reprovável na sociedade. E o mesmo é devido aos pais adotivos. Aqui vale o ditado, pai não é apenas quem gera, mas quem cuida. Filhos traumatizados por agressões, violação sexual, pobreza, vícios são convidados nesta lição a superar o passado, sob pena de transferir os reflexos destas vivências para seus próprios filhos.
Honrar pai e mãe é o primeiro mandamento com promessa. E a promessa diz respeito a dias mais longos. A quebra deste esteio é a razão pela qual ficamos cada vez mais estarrecidos com nossos jovens e a violência que os afeta. Entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens – como acidentes, homicídio ou suicídio – cresceram 207,9%. Se forem considerados só os homicídios, o aumento chega a 326,1% [1].
Junte-se a tais estatísticas o comportamento desregrado dos jovens na sociedade atual. Insubordinação, desrespeito, agressão, drogas, álcool. Não é a família que está falida, o problema está na ausência dela. O número de divórcios cresce exponencialmente, deixando pelo meio do caminho relacionamentos fragmentados e filhos desorientados. As mães são obrigadas a trabalhar para dar conta das necessidades crescentes. Os pais não tem paciência, nem devotam tempo ao sacerdócio familiar. O resultado é esta doença social que presenciamos: os filhos morrendo mais cedo por desprezar seus pais!
O comentarista esclarece um aspecto interessante. Em Israel não havia aposentadoria, portanto, nada mais lógico que o filho sustentasse seus pais na velhice. Mas alguns filhos se arvoravam num artifício que permitia àqueles que contribuíssem de forma rotineira para o Templo, fazer a alegação de que esta contribuição substituía o cuidado pelos pais. Jesus reprovou essa farisaica ideia. Paulo foi além, escrevendo a Timóteo: Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel (1 Timóteo 5:8).
Nos EUA é comum a família abandonar seus idosos em asilos. Não há problema se realmente o idoso inspira cuidados e a família não tem tempo para dar. Porém, deixá-los e ignorar completamente sua existência nada mais é do que desumanidade. Há diversos relatos de filhos que só comparecem a tais lugares quando chega a notícia do sepultamento. E outros ignoram até isso!
Neste ínterim há uma outra passagem que é mal interpretada por alguns leitores. Em Lucas 9:59, está escrito:
E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus (Lucas 9:59-60)
Era comum a um filho, especialmente, primogênito, somente se afastar de sua família após a morte de seus pais. Os pais daquele homem não estavam mortos. Ele estava pedindo a Jesus para não se ausentar antes que morressem.
Devemos ter muito cuidado porque a Igreja tem sentido o impacto das transformações sociais. Entre nós há várias famílias desestruturadas, fruto de relacionamentos fortuitos, sem referencial. O que tem causado inúmeros transtornos. Não podemos abrir mão de honrar nossos pais e de tê-los na mais alta estima. É bíblico, cristão e humano!Assista ao vídeo!
[1] http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/mortes-violentas-de-jovens/
[1] http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/mortes-violentas-de-jovens/