Subsídio para a 5ª Lição da EBD – Jesus escolhe seus discípulos
Como já devem ter percebido, meus dez leitores, procuramos trazer informações diferenciadas em nossos subsídios para o professor de EBD. Embora esta lição esteja consolidada não há nada que não possamos acrescentar, não no intuito de substituir, mas agregar. Desta vez nosso subsídio traz algumas palavras gregas do NT relacionadas com o discipulado e o chamado cristão.
Akoluthéô é uma das palavras mais interessantes do NT. Ocorre 56 nos evangelhos sinóticos, 14 vezes em João, 3 em Atos, uma vez nas cartas paulinas e 6 vezes no Apocalipse[1]. Entre outros tem o significado de seguir outra pessoa, seguir a opinião, ir atrás de alguém. É a palavra aplicada às multidões que seguiam Jesus (Mateus 4:25); Marcos 10:32). É um termo relacionado diretamente à chamada dos primeiros discípulos. Vejamos Mateus 9:9, com o uso imperativo do verbo:
Assim Jesus chamou seus discípulos com uma ordem de prontidão, não como opção. Devemos estar prontos a ouvir o Mestre nos enviar para sua obra!
A segunda palavra é matêtês, aprendiz, aluno, discípulo. Ocorre 264 vezes no NT[1], predominantemente nos Evangelhos e em Atos. O discípulo é o termo que designa o que aprende de seu Mestre, reconhecendo sua experiência e autoridade. Não raro na Grécia e mundo antigo havia o método peripatético, no qual o professor ensinava andando, num jardim, por exemplo. O matêtês o seguia fielmente, sem se desviar para qualquer lugar. O discípulo de orgulhava se seu Mestre e mencionava seu nome quando fosse oportuno e vantajoso (Atos 22:3).
Martiría é a palavra do testemunho cristão. Se necessário, o cristão irá à morte para defender a sua fé. O termo ocorre 37 vezes no NT, sendo 21 em João. O discipulado cristão exige renúncia (Lucas 14:33), sacrifício e perda. Interessante notar que muitos daqueles que se dizem cristão não possuem um testemunho condizente com o que pregam, muito menos querem sofrer.
O mimêtes era um imitador. O termo ocorre apenas seis vezes no NT, apenas uma fora das cartas paulinas. Paulo diz em I Coríntios 11:1, usando o verbo miméomai, imitar:
Em Filipenses 3:17: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam”, Paulo adicionou o termo typós, exemplo, que era um carimbo. Assim cada cópia seria igual. Isto não tem, por óbvio, nada a ver com automatismo, clonagem, etc, mas com comportamento. Paulo desejava que os crentes de Filipos seguissem seu exemplo e, por consequência, estariam seguindo o exemplo do próprio Mestre.
O chamamento de Cristo a seus apóstolos não foi um convite a um parque de diversões ou não envolveu nenhum grau de responsabilidade. Muito pelo contrário. Todos perderam bens e posições terrenas. No caso de Mateus ele desempenhava uma das profissões mais rentáveis de sua época: cobrador de impostos, seja pela via legal ou pelo desvio de dinheiro. Mas quando Jesus o chamou (Mateus 9:9) ele se levantou e deixou tudo para segui-lo.
No caso de Pedro ele era um próspero empresário da pesca, empregando, presumivelmente, outras pessoas. Jesus o chamou para ser pescador de homens, ele deixou peixes, barcos e tudo o mais e o seguiu!
É interessante notar que Jesus nada ofereceu aos seus seguidores. Não tinha onde morar (Mateus 8:20), não tinha posses e em diversas situações as Escrituras demonstram que não andava com dinheiro (Marcos 6:8; Mateus 22:19)!
Por fim, somente um dos discípulos morreu de causas naturais, mesmo assim após longo sofrimento como veremos adiante. Tiago, filho de Zebedeu, foi o primeiro a morrer. Foi decapitado à espada por ordem do rei Herodes Agripa I, em 44 da nossa era. André, irmão de Pedro, foi crucificado em Ática na Ásia Menor. Continuou admoestando seus algozes até exalar o seu último suspiro. Tiago, filho de Alfeu, foi lançado do pináculo do templo de Jerusalém e, a seguir, apedrejado até morrer. Mateus, ex-coletor de impostos, pregou por quinze anos na Palestina indo depois para Etiópia, onde foi morto à espada. Bartolomeu pregou na Arábia, estendendo sua pregação até a Índia. Alguns afirmam que ele foi amarrado a um saco e lançado ao mar, enquanto outros asseguram que ele foi esfolado. Simão, o cananeu, foi executado na Pérsia por ordem do imperador Trajano. Foi martirizado até expirar. Tomé, o que duvidou da aparição do Cristo ressurreto, veio a ser um dos maiores pregadores. Viajou muitíssimo, pregando nas regiões da Parta, Média, Pérsia chegando até a Índia. Foi morto atravessado por uma lança na cidade de Coromandel. Judas Tadeu, irmão de Tiago, morreu cravado de flechas. Filipe morreu na Ásia menor enforcado num pilar do templo em Hierápolis. Pedro morreu crucificado no ano 67 dC com idade de 75 anos. A tradição diz que ele pediu para ser crucificado de cabeça para abaixo porque se achou indigno de morrer como seu Mestre e Senhor. João, irmão de Tiago, foi exilado na ilha de Patmos por ordem do imperador Domiciano. Morreu aos cem anos de idade, sendo o único dos apóstolos que teve morte natural. Segundo a tradição foi lançado num tacho de azeite fervendo de onde saiu ileso[2].
[1] Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Edições Vida Nova, 2ª Edição
[2] http://www.sibpp.org.br/index.php/pastorais/194-como-morreram-os-discipulos-de-jesus-cristo.html
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