Gostaria de propor uma abordagem interessante para compreendermos a influência dos ídolos e imagens na cosmovisão cristã. Recorro à dinâmica do símbolo de Paul Tillich[1]. De fato, o ídolo nada mais é do que a representação simbólica da cosmovisão religiosa de um grupo ou pessoa, à qual outros devem aderir ou re-significar. O objeto, na teologia de Paul, é aquilo que representa de maneira objetiva uma realidade subjetiva. Cada vez que um fiel toma em sua mão um pedaço do pão, por exemplo, ele é mentalmente transportado para a crucificação.
Então o ídolo não é apenas uma escultura, ornada em ouro ou prata, ou uma coluna de pedra mas a delimitação do poder divino, reduzindo-o às medidas físicas ou à influência do objeto que o representa. Ora, Deus enche a terra e o céu, e até mesmo o céu dos céus não pode contê-lo (II Crônicas 6:18)!
Que fique claro, porém, que um ídolo não é apenas um objeto ou pessoa, mas qualquer coisa;
1) À qual direcionemos a atenção como faríamos a Deus;
2) A que atribuamos poder como atribuímos a Deus;
3) Que adoramos como adoraríamos a Deus!
Creio que assim a lista do que é idolatria se amplia…
Outra questão importante é compreender que Deus não parece com nada que ele criou. Logo a nada pode ser associado. Aqui se incluam coisas, pessoas, locais, objetos, anjos, seres espirituais, etc. Em Isaías 45:6 há esta argumentação: “A quem me assemelhareis, e com quem me igualareis, e me comparareis, para que sejamos semelhantes?” Então, se Deus não parece com nada que Ele criou, a nada pode ser comparado anulando o poder de qualquer outro objeto de adoração ou devoção.
Por fim, a idolatria católica. Bem, em primeiro lugar, temos a questão da hábil exploração de vulnerabilidades. A figura da mãe, do protetor desta ou daquela especialidade ou profissão, ou seja, risco. Ao invés de elevar teologicamente seus membros, prefere mantê-los na ignorância, para poder manipulá-los. Em segundo lugar, temos a atribuição real de poder aos santos, aos quais diz apenas venerar. Eu propus a seguinte situação:
Imagine que um devoto se dobra à Maria em Goiana, Mata Norte pernambucana, às 18:00h, convencionada como hora da Ave Maria. Outro devoto de ajoelha em Palmares, Mata Sul, 180 quilômetros de distância entre os dois pontos. Maria ou ouviria a ambos? Certamente não, pois não é Onisciente!
Agora imagine que um devoto grita por Maria em Campina Grande, sertão paraibano, pedindo água. Outro devoto de ajoelha em Sergipe com o mesmo intuito, 500 quilômetros de distância entre os dois pontos. Maria socorreria a ambos ao mesmo tempo? Certamente não, pois não é Onipresente!
O que dizer da atribuição de poder que se dá a Santo Antonio, casamenteiro? Aquela moça enfia uma faca numa bananeira ou faz outra mandinga qualquer porque compreende que o santo pode resolver seu problema! Não é apenas veneração é atribuição de poder!
Dia desses uma senhora devota travou o seguinte diálogo comigo:
– Por que vocês não gostam de Maria?
– Quem lhe disse isso?
– Vocês não veneram ela, então é porque não gostam…
– A senhora gosta de sua mãe?
– Sim.
– Mas venera?
– Não, claro que não.
– Então, gostamos de Maria, mas não a adoramos.
– Hum… não gostar da mãe do Salvador, a mãe de Deus!
– Quem veio a existir primeiro: Jesus ou Maria?
– Claro que foi Maria, ela não é a mãe?
– Então, vamos ler em sua própria Bíblia Católica. Comecemos por Hebreus 1:1, Colossenses 1:17… – depois de lidas as passagens na própria Bíblia dela, retrucou:
– Ah! Vocês gostam é de confundir.
E ainda tem o vergonhoso sincretismo. Diversas igrejas católicas catalisam a adoração aos inúmeros deuses das religiões afro harmonizando com personagens bíblicos. Um acinte sob todos aspectos. Uma coisa é um determinado orixá, outra um personagem da Bíblia.
Por fim, por que tantos então se beneficiam com milagres se os santos católicos nada podem fazer do lado de cá? A explicação está em Mateus 5:45.
[1] Tillich, Paul, Teologia Sistemática, Editora Sinodal