Subsídio para 11ª Lição – Não dirás falso testemunho – 15/03/2015

O falso testemunho originalmente significava a mentira contra o próximo, trazendo-lhe prejuízos, por vezes, irreparáveis, num tribunal. Era a falsa acusação tipificada no artigo 342 de nosso Código Penal.

Falso testemunho

Falso testemunho

É interessante frisar como se exerciam as demandas judiciais em Israel. Geralmente, tais reuniões se davam à porta das cidades, na presença dos anciãos e de, no mínimo, duas testemunhas. As testemunhas lançavam a primeira pedra, quando o criminoso era condenado à morte. Importante ressaltar que não apenas a acusação como a sentença, tramitavam de modo oral. Ora, os orientais davam muito valor à palavra de uma pessoa. William Barclay[1] conta a seguinte história:

Em uma ocasião em que Sir George Adam Smith viajava pelo deserto asiático, um grupo de maometanos lhe deram as costumeiras boas-vindas: “A paz seja contigo” (Salam Aleiku). No momento não perceberam que era um cristão; mas quando descobriram que haviam proferido uma bênção a um infiel, apressaram-se a voltar pedindo que a devolvesse. A palavra era como uma coisa que se podia enviar para fazer coisas e a ela se podia trazer de volta.

O problema principal que o mandamento previa era induzir tais juízes ao erro, através do falso testemunho. Assim evitava-se não apenas uma injustiça, mas toda a cadeia que poderia emanar daí. Com a complexidade da vida cotidiana o mandamento passou a abranger a mentira, a falsidade ideológica, a fofoca e uma série de pecados correlatos.

O hebraico anah, significa testificar; replicar, dar a entender, responder, concordar, corresponder[2]. Eliminando todas as conotações (uma vez precedido da negativa ) da palavra como arma contra o próximo. Enganar alguém ou testemunhar contra esta pessoa era algo deplorável para a uma nação que aprendeu o valor da verdade. Ainda que casos mencionados na lição como o de Nabote e de Jesus tenham acontecido.

A tradução exata do original hebraico é: Não darás falso testemunho contra teu próximo. Ensina-nos a professora Betty Bacon, que próximo em Levítico 19:18, era o povo de Israel, mas 19:34 inclui o estrangeiro que convivesse em Israel[3]. No senso ético do povo de Deus o próximo é colocado como o objeto de nossa atitude. Aliás, como informa a lição é a primeira vez que o termo rea, próximo, é mencionado. Não dizer falso testemunho, nem compactuar com ele, é, sobretudo, uma atitude de empatia humana. Coloque-se no lugar do próximo antes de dizer isso ou aquilo. A vida seria menos traumática assim. Não é?

Infelizmente, outras implicações do mandamento como a fofoca e a mentira são marcas cotidianas da Igreja do Senhor Jesus. E, como registra o comentarista, infelizmente não há pessoas disciplinadas por falso testemunho, falsidade ideológica, mentira ou fofoca. Pelo contrário, temos uma florescente rádio patrão, em cada igreja sempre disposta a disseminar mentiras e enganos. Com as redes sociais a coisa chegou a níveis alarmantes. Qualquer um de posse de um teclado, faz um estrago terrível na vida de alguém, dando um tristimunho da Igreja.

Por fim, gostaria de chamar sua atenção para um debate interessante sobre a verdade e a mentira, em última análise os atores deste cenário. A palavra para verdade em hebraico é, emet:

Emet

Verdade em hebraico

 

Já mentira é sheqer:

Mentira

Mentira em hebraico

Os rabinos dizem que assim como a mentira parece uma verdade, as duas palavras possuem os mesmos sinais massoréticos (o álef leva um shva composto de sêgol, por ser uma gutural) e a mesma quantidade de letras. Porém, as três letras para mentira possuem apenas uma perna, ao contrário da verdade. Então, como ninguém consegue se manter de pé, apoiado em somente uma perna por muito tempo, a mentira acaba revelando seu disfarce.

Boa aula!

[1] Barclay, William. Comentarios al Nuevo Testamiento. CLIE.

[2] Kisrt, Nelson e outros. Dicionário Hebraico-Português. Vozes. 2ª Edição, 1989

[3] Bacon, Betty. Estudos na Bíblia Hebraica. Vida Nova. 1ª Edição, 1991.

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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1 Comentário

  1. ROBERTO CASTRO disse:

    MUITO BOM,BEM EXPLICADO. DAR PARA O PROFESSOR DÁ UMA BOA AULA, NOSSO PROBLEMA É QUE MUITOS PROFESSORES HOJE EM DIA TEM ATÉ PREGUIÇA DE LER A LIÇAO QUE DE LA ESTUDAR A MESMA, COM UM SUBSIDIO DESSE OS ALUNOS FICARIAM BEM ENTENDIDO DO ASSUNTO EU DAÍ DESSE SUBSIDIO TERIA MUITAS PERGUNTAS A FAZER A CLASSE.