Stress pastoral: uma realidade inquietante!
O stress pastoral é um assunto muito sério para ser ignorado ou abordado apenas em grandes eventos. Ele deve estar na ordem do dia e as igrejas e ministérios devem estar preparados para seu enfrentamento.
Diversas igrejas se veem às voltas com o stress de seus pastores. E, embora outras não se deem conta, seus efeitos são sentidos por toda parte. Não há estatísticas seguras, mas conversas do dia a dia revelam quadros de hipertensão, gastrite, úlceras, esgotamento físico e mental sem uma explicação aparente, e diversos outros sintomas. Precisamos pensar sobre este importante assunto.
Em primeiro lugar, a idealização pastoral tem ofuscado a lide de pastores verdadeiros. Moro num lugar simples, numa casa simples, não tenho ostentação. Com alguma frequência as pessoas acham que ganho muito dinheiro (na verdade, assim como muitos amigos pastores como eu, não sou remunerado), que tenho um carro melhor, que moro numa casa melhor, ou deveria ser assim, pelo simples fato de ser pastor. Infelizmente, a internet e a TV estão cheios de pastores triunfalistas, para os quais o ter é medida para o ser. Você precisa ostentar para demonstrar ser um pastor abençoado. Do contrário, é amaldiçoado… ou não é pastor!
Em segundo lugar, o trabalho pastoral é desgastante. Se o foco for assistência e visita há sempre alguém necessitado. Um doente, um aniversário, um casamento, um funeral, alegrias e tristezas se alternam num carrossel sem fim, onde a presença pastoral se impõe. Se for a pregação e o ensino é preciso desvelo, abrir mão do próprio lazer e do convívio para a preparação de material de qualidade para levar à ovelhas. Se é que elas receberão de bom grado a Palavra. Em tempos cibernéticos boa parte irá contestar, outros irão dar de ombros, outros farão comparações.
Em terceiro lugar, o pastor não tem lazer. Se for remunerado e tirar férias está relaxado. Se pirar é descartado. Ele não pode nem constatar que está doente e precisa de tratamento. Pedir ajuda ou aconselhamento é sinal de fraqueza. Um simples afastamento médico para tratamento já é um Deus nos acuda. As cobranças internas e externas se acumulam. O pastor é alvo de críticas da comunidade que interage no meio ambiente da Igreja e o é da própria comunidade que dirige. Somos, como disse Paulo, em tudo atribulados.
Em quarto lugar, verdadeiros pastores não tem descanso, estão sempre preocupados com o lobo. É existe ainda o lobo, buscando qual ovelha mais fraca, mais desatenta tragar. E cada uma que se perde é um pedaço do pastor que se vai e ele se sente culpado por não ter feito o suficiente. Esta palavra suficiente persegue o pastor. Suficiente aconselhador, suficiente doutrinador, suficiente atento, eventos suficientes para atender às demandas, liturgia suficiente para um público cada vez mais exigente, suficiente prestação de contas aos superiores. E por aí vai…
Em quinto lugar, o pastor é confrontado com dilemas éticos constantes que irão impactar a vida de diversas pessoas. Certas decisões o tornarão responsáveis pelo resto da vida. A filha de um casal foi estuprada. Fazer um aborto? Um doente terminal quer tirar a própria vida. O que fazer? Há um surto de violência na comunidade. Os cultos terminarão mais cedo? Aquele instrumentista capaz foi para outra igreja? O orgão para? Uma nova igreja, com uma proposta mais agressiva para os jovens se instalou na comunidade. Como reagir? Um boato está opondo dois grupos, como proceder? Houve uma tentativa de suicídio, como tratar a questão? São decisões que impõem na ordem do dia pastoral.
Em sexto lugar, grande parte do problema é que nos pensamos poderosos o suficiente para mudar a situação das pessoas e até elas mesmas. Quando o mundo desaba a sensação de impotência esgota nossas energias. Por vezes, pastores querem ser protagonistas e esquecem que Deus, por vezes, nos prostra para aprendermos a depender dele. Uma situação muito comum é pensar que uma solução que funcionou em determinado caso se aplica aos demais. Infelizmente, não há manual para o pastorado. E cada situação exige uma nova abordagem. Via de regra pastores não pedem perdão por erros. Se fecham quando questionados, por medo de parecerem fracos. E isso os afeta emocionalmente de forma terrível.
Porém, o pior problema é encarar que o stress existe e que seus efeitos nos desgastam. Até bem pouco tempo reconhecer-se estressado era sinal de fraqueza e até de indefinição ministerial. Recentemente, li um artigo sobre o burnout pastoral. A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. Dentre suas características principais está o estado de tensão emocional e estresse crônicos constantes provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes e se manifesta especialmente em pessoas cujas atividades exigem envolvimento interpessoal direto e intenso. Não é uma síndrome recente, desde 2011 o Instituto Jetro aborda o tema. O que tem mudado é a consciência do problema.
Não há saídas fáceis ou mágicas. Para o bem ou para o mal somos humanos e o corpo e a mente cobram um preço caro pelo desgaste. Dizer que não nos afeta ou fingir isso só adiará a solução. Precisamos encarar o problema, provendo equipes de apoio e oração, uma excelente via de escape, e tratar os problemas diretos e mais críticos de esgotamento pastoral clinicamente. Conversar sobre o problema com pessoas de confiança, estar rodeado de equipes conscientes e que deem apoio efetivo é uma excelente providência.
Não somos super-heróis, mas há esperança para o pastorado!
Muito enriquecedor.
Elohai continue te ajudando
Que possamos orar ainda mais pelos nossos pastores, com nosso Deus no comando tudo se resolve da melhor forma possível.
Muita gente não sabe o que é ser Pastor, muitas das vezes até quem tem esse cargo lhe confiado não sabe disso, só pensam na nomenclatura, o verdadeiro Pastor tem vara, cajado, pastor verdejante, acompanhamentos nos Desertos da vida e caráter!