Solucionando conflitos pessoais – o modelo de Jesus
O missionário Ronaldo Lidório nos lembra como Jesus resolvia conflitos pessoais. É um post excelente para relembrar conceitos perdidos em meio à tanta cacofonia.
Relações partidas e conflitos pessoais se apresentam como um dos grandes desafios humanos. Saber como agir e reagir em tais cenários requer graça, perdão, humildade e força. E tudo vem do Senhor.
Diversas reações se desenham em meio aos conflitos pessoais, sobretudo quando desembocam em críticas e promovem decepção. Alguns, quando ofendidos, retribuem na mesma ou maior proporção, pagando o mal com o mal. As vezes o fazem de forma beligerante e explícita, outras vezes encoberta ou até mesmo torneada por palavras espirituais. No fundo do coração o intento é que o outro, o ofensor, em alguma medida, sofra. Há também aqueles que se afastam o máximo possível do ofensor e, mesmo quando obrigados à indesejada convivência, mantém um claro distanciamento afetivo. Esses não traduzem a mágoa em ódio, mas em indiferença, matando o outro no coração. Em casos assim, a mente humana repassa periodicamente os erros do ofensor, construindo uma amargura embutida que promulga a convivência sem perdão. Outros, ainda, partem para o confronto aberto, seja direta ou indiretamente, expondo o coração e expressando toda a tristeza e decepção que sentem. Buscam o alívio por meio de um implacável desabafo que visa a tornar o próprio coração mais leve, o que, para a decepção geral, frequentemente não acontece.
Eu o convido a refletir no modelo de Jesus após ser traído pelo amigo-discípulo Pedro, em um intrigante encontro nas areias de uma praia.
O relato se encontra em João 21. Jesus havia morrido e ressuscitado. Havia aparecido para seus amigos e discípulos e a Palavra nos diz que “tornou Jesus a manifestar-se aos discípulos” (v. 1). Algumas coisas deviam ser feitas antes de subir para o Pai e enviar o Espírito Santo. Uma delas era tratar com Pedro, que o negara publicamente três vezes. Justamente ele, o discípulo valente, parte do círculo menor de amigos, destaque de liderança espiritual, aquele que havia sido pessoalmente alertado sobre os desafios da lealdade e respondeu afirmando que jamais trairia o Mestre.
Pedro e amigos foram pescar quando Jesus apareceu, instruindo-os a lançar a rede à direita do barco. Obedecendo, pescaram grande quantidade de peixe. Um dos discípulos reconheceu que é Jesus quem lhes falava e, assim, Pedro rapidamente se lançou ao mar para encontra-lo. Jesus os aguardava na praia preparando o fogo para assar o peixe e terem uma boa refeição com peixe e pão. O convite foi simples e claro: “vinde, comei” (v. 12).
Jesus se encontrou com Pedro em um ambiente acolhedor, em uma roda de amigos e em meio a uma gostosa refeição. Era o momento ideal para tratar do conflito que se abateu entre o discípulo e seu Mestre, entre o pecador e o Messias, entre dois amigos. Pedro havia negado a Cristo três vezes de forma decepcionante.
Após terem comido, Jesus iniciou a conversa sem centraliza-la nas ações de Pedro, mas em seu coração. Talvez Pedro esperasse um confronto direto: “você pode me explicar o que aconteceu naquele dia?”. Ou uma dura admoestação: “eu não havia lhe alertado sobre o perigo do pecado?”. Ou ainda uma temida palavra pessoal: “pensei que éramos amigos – esperava mais de você”. Surpreendentemente a pergunta de Jesus foi outra: “Tu me amas?”. E Jesus a repete três vezes (v. 15-17).
“Tu me amas?” é uma pergunta pessoal, relacional e pastoral. Pessoal, pois é lançada sobre Pedro. Não trata genericamente dos discípulos, amigos ou igreja, mas de uma pessoa, Pedro. Não se refere aos movimentos do Reino ou desdobramentos públicos da atitude do discípulo. “Tu me amas?” simplesmente o trás para um círculo íntimo e pessoal de diálogo, pois quer tratar do seu coração. A pergunta é também relacional, pois não se trata somente de Pedro, mas da relação de Pedro com Jesus. E o impele a sondar seu coração sobre suas motivações e convicções mais profundas nesse relacionamento. O assunto não gira em torno das habilidades, posição ou influência de Pedro, mas da natureza de um relacionamento pessoal. Por fim, é também pastoral, pois tem uma clara finalidade de edificação. Jesus não intenta apenas passar a limpo sua relação com Pedro ou simplesmente encerrar um conflito. Ele deseja ver Pedro crescer em sua fé, sua vida e seu trabalho.
Sim, Jesus já havia ensinado que o crescimento espiritual se dá por meio da relação com o Pai, não pela religiosidade; da convicção pessoal, não do mero entendimento; do amor e não da lei. E aqui, entre a mensagem da ressurreição (Eu sou o Cristo!) e a grande comissão (anunciem o meu nome entre todas as nações!) Jesus faz a pergunta que define nossas vidas: “Tu me amas?”.
Perante a resposta positiva de Pedro (“Tu sabes que o amo”), Jesus o instrui: apascenta as minhas ovelhas. Nessa rápida e desconcertante conversa o Messias trata da identidade e vocação de Pedro, realinhando esses dois fundamentos da vida cristã: quem somos e o que ele nos chamou a fazer. Nossa identidade está fundamentada em um relacionamento (amar a Jesus), não em nossos acertos, erros ou reputação. É pura graça. E nossa vocação se define pelo compromisso em cumprir a sua vontade (cuidar daqueles a quem ele ama), não pela nossa habilidade, personalidade, posição ou influência.
Tal cenário aponta para algumas lições que, creio, podem ser aplicadas na solução de conflitos, quando somos ofendidos ou nos encontramos decepcionados.
- Jesus toma a iniciativa em buscar o seu ofensor.
É Jesus quem provê o momento, busca o reencontro e prepara o cenário necessário.
Quando ofendidos, as vezes assumimos a postura do distanciamento justificado. Afinal, o ofensor é quem deve nos procurar, retratar-se, buscar o perdão. Não é isto que Jesus fez. Ele tomou a iniciativa de forma amorosa.
- Jesus cria um ambiente acolhedor para se encontrarem.
Cristo convida o discípulo pescador para um encontro na beira-mar, ao redor do fogo e em meio a uma gostosa refeição com peixe e pão.
Quando ofendidos, as vezes criamos um cenário intimidador ou que, ao menos, nos assegura alguma vantagem. Jesus fez o oposto, chamando Pedro a uma conversa entre amigos, em um ambiente informal, não propício ao simples confronto, mas ao profundo quebrantamento. Cristo não o lançou ao tribunal da censura, antes o convidou à roda da amizade.
- Jesus tem um intento que vai além do perdão.
A agenda de Jesus vai além do perdão, pois deseja ver Pedro amadurecido na fé e restaurado no ministério.
Quando ofendidos, visamos a seguir até o limite do perdão, que já é, por natureza, um difícil limite. Jesus vai além, pois deseja que Pedro cresça, amadureça, não erre mais. E também que frutifique.
- Jesus o lembra de sua identidade e vocação.
O interesse de Cristo é Pedro, não apenas o que Pedro pode fazer.
Dois marcantes lembretes de Jesus a Pedro: que ele é chamado a um relacionamento de amor e que, amando e seguindo o Mestre, é também convidado a trabalhar em seu Reino. “Tu me amas?” aponta para a identidade cristã, enquanto “Apascenta as minhas ovelhas” atesta nosso chamado à missão.
Revisemos o roteiro: Jesus toma a iniciativa buscando quem o ofendeu, cria um ambiente acolhedor para se encontrarem, tem um alvo de edificação que vai além do perdão e encoraja o ofensor à fé e à missão.
Que esse modelo de Cristo se reflita em nossas vidas, relacionamentos e busca por solução de conflitos, pois disse Jesus: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13: 34,35).
Ronaldo Lidório
Pescado no Blog do Misisonário
De fato, se Jesus olhasse para nossas falhas jamais valeríamos a pena! Sou grato a Deus por ter enviado Seu filho Jesus Cristo para nos salvar e nos conduzir para a Sua perfeita e santa vontade!
Somos pó, que possamos dizer todos os dias ao Senhor que ele cresça em nossas vidas.
Para que possamos ser melhor a cada dia.
Não somos merecedores, mas sua graça nos alcançou. Glória a Deus.
Palavra difícil de se ouvir. Buscar o ofensor para oferecer perdão requer extrema humildade, sabedoria e, acima de tudo, amor. Cristo nos dê graça para que possamos imitá-lo!
Devemos sempre tomar como exemplo que Jesus passou, o perdão é a melhor forma de esquecer as aflições que passamos aqui.
Os relacionamentos hojem em dia principalmente pelas redes sociais, que oferece um conforto e coragem pra quem é tímido falar aquilo que não tem coragem pessoalmente, são facilmente desfeitos por assuntos polêmicos, porque estamos acostumados a se deparar com polêmicas só nas “Webs”, mas pessoalmente somos mais propensos a falar de assuntos mais produtivos, se bem que com sabedoria, um assunto polêmico bem debatido se torna produtivo, depende de quem fala, contudo, a maioria não tem, e por fim relacionamentos são desfeitos e a indiferença toma o lugar da relação, por motivos que as vezes um dos lados tem razão em se magoar, pelo fato de haver “Xingamentos” e palavras debochadas, não se magoar é impossível nessas horas e a chave para a porta do perdão é jogada no “Mato”.
Notoriamente, a bíblia na pessoa de Jesus nos manda perdoar, no entanto, há muitos que demostram ser o perdão, seu monopólio e não sentem nenhuma obrigação em partilha-lho com seu próximo. Lembro-me de certa irmã que ouvir dizer a cerca alguém conhecido: “uma pessoa dessas merece meu perdão?”. Fiquei me perguntando na hora com se ela sentia o perdão de Deus sobre sua vida, pois quem sente, também perdoa sabendo do seu valor inestimável.
seguir o exemplo de cristo deve ser sempre um prazer na vida do crsitão.
Jesus é a maior inspiração para as nossas vidas. Não se faz necessário nenhuma outra referência para que sejamos impulsionados a trilhar, cada dia com mais intensidade, os caminhos do Senhor.
Quão difícil é amar verdadeiramente e liberar o perdão genuíno após uma decepção, mas Jesus mostrou que não há nada que seja impraticável quando há misericórdia e amor.
Quizás colocássemos em pauta no nosso caminhar o modelo de Jesus, o amor além do que se resume ao sentimento, um amor que perpassa pela atitude ação. Isto é, uma preocupação com o que é intrínseco ao sujeito, a alma, as feridas profundas. Belíssima postagem, prática e objetiva.