Cumprindo a pauta do lobby gay e das religiões afro, sempre daqueles abrigados nos ditos movimentos sociais, a mídia começa a escarafunchar a vida do Pr. Marcos Feliciano. Não sossegarão enquanto não o derrubarem da presidência da Comissão de Direitos Humanos. Aliás, parece que deputado só se elege pra Comissão, são tantas, não é? Produção que é bom… O mais interessante é que os 200 mil votos que teve daria participantes para mais de dez desses movimentos. Não importa a razão pela qual votaram nele. A legitimidade dos votos no que tange às escolhas de seus eleitores não pode ser questionada numa democracia.
Aí aparece o caso seguinte (somente um resumo, que aqui não é agência de notícias):
1) Marcos Feliciano agendou apresentação num show gospel no RS;
2) A produtora do evento depositou o cachê, pagou a hospedagem e a viagem, etc;
3) No dia ele não apareceu, alegando, motivos de força maior;
4) A produção foi vaiada e, claro, conteve a ira dos que pagaram para ver a estrela pregar;
5) Descobriu-se que os produtores de outro evento no RJ pagaram o dobro do cachê para que ele ficasse mais um dia;
6) Sentindo-se enganada a produtora do RS processou o cantor e pregador. A ação está no STF, porque o deputado tem foro privilegiado.
Claro, claro, há as idas e vindas de um caso desta natureza. E há também as lições. Nós já falamos aqui sobre o assunto. Nada contra os itinerantes, sejam cantores ou pregadores, tenho amigos que se dedicam a tal. Mas a coisa tomou proporções épicas. Até para os padrões das EBOs Brasil afora. Ouço coisas nada abonadoras para o Evangelho sobre, por exemplo, exigências bizarras de acomodações, de valores, disso e daquilo, que fariam um astro do rock internacional corar. Tornou-se um negócio, um grande e lucrativo negócio.
Minha zanga principal com os itinerantes tem algumas razões:
1) Via de regra, despejam conceitos e vão embora. Como se a igreja fosse uma receita de bolo. Um kilo de trigo, uma lata de fermento, cinco ovos, meia xícara de açúcar, uma colher de chá de sal… Não funciona. Digo sempre que igreja é como casamento, você lê mil livros sobre relacionamentos e ainda falta muita coisa que se aplica a um casal e não a outro. Podemos capturar experiências e adaptá-las às necessidades? Não vejo problema. Mas, espremendo, com boa vontade, o que se ensina nesses eventos sobra pouca coisa prática;
2) As igrejas sacrificam seus suados dízimos e ofertas para satisfazer exigências descabidas. Livros, CDs, DVDs em grande quantidade. Impõem-se, alhures, cotas para os obreiros já sobrecarregados com as responsabilidades do dia-a-dia. E ai de quem não se esforçar o suficiente…
3) As igrejas passam a ser reféns de um jogo de vaidades. Quem é o cantor da hora? E o pregador da hora? E o vaso da hora? Pior. Passam a ser pressionadas para trazer este ou aquele pregador, porque seus membros o querem ouvir. As estrelas brigam entre si, escolhem os melhores destinos, aumentam arbitrariamente os cachês de acordo com o humor ou zangas pessoais, falam cobras e lagartos quando não são atendidos. Já ouvi de cantores bêbados em cultos e até de prostitutas em quartos de hotel! Mas se era o que a igreja quer ouvir, os pastores dão de ombros e ignoram…
4) Entre eles mesmos, os itinerantes, a fogueira é indigna do nome de crentes. Ufanam-se de aonde foram, se os convites foram internacionais, se pregaram em grandes igrejas e convenções. Durante os cultos incensam quem os convidou. Omitem críticas para satisfazer aos mesmos. Pavoneiam-se como artistas de TV. A diversão de muitos itinerantes é criticar roupas baratas e índoles desinteressadas dos outros. Gostam de saber segredos financeiros pastorais, para justificar próximas cobranças e pressionar colegas de profissão. Não colocam em primeiro lugar o reino de Deus. Querem a vantagem aqui e agora.
Mas a crítica principal é que as igrejas se obrigam a promover eventos para trazê-los. É o chamado eventismo. Uma praga que se espalhou Brasil afora, especialmente agora que todas igrejas estão na mídia e precisam produzir eventos para mostrar quem tem mais público ou quem faz melhor. Essa onda foi massificada pela Universal & Cia, depois irradiou-se pelo mundão gospel. É engraçado como criticamos Edir Macedo e suas práticas, mas as colocamos em funcionamento no dia-a-dia. Ontem, por exemplo, encontrei uma caminhonete com o seguinte cartaz:
Meus dez leitores saberão que não generalizo. Há itinerantes sérios, há cantores sérios. São material raro, mas há. A maioria não hesitaria em ser o Guracy, com direito a carruagem de fogo, cartaz de fogo, voz de trovão e tudo o mais! E a dizer as grandes besteiras que o itinerante Marcos Feliciano já disse e muito, muito mais.
O caso classificado como estelionato do deputado Feliciano está aqui.