Anos atrás ouvi um raciocínio interessante e falacioso sobre o Arrebatamento da Igreja: a de que apenas metade dos crentes seria arrebatada. O texto base utilizado no raciocínio é o das dez virgens, em Mateus 25:1 (grifos nossos):
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço.
Mas outros textos foram utilizados (grifos nossos):
Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro (Mateus 24:40).
Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado (Lucas 17:34).
Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra (Mateus 24:41).
A proporção dos que ficam e dos que são arrebatados é sempre a mesma: 50%. Daí aquele expositor criou a tese e a apresentou à Igreja, num grande culto e templo. Boa parte dos presentes babavam com a explicação.
Porém, é um argumento falacioso. A intenção de Jesus ao falar de sua vinda é apenas que todos estejam preparados. A questão da proporção é irrelevante. Um casal parece estar preparado, até que Cristo arrebata a sua Igreja e descobrimos que apenas um deles estava salvo. Duas pessoas estarão no mesmo emprego e aparentemente são crentes (já que não temos mais moinho hoje, pode ser na farmácia, na padaria, no supermercado, na engenharia ou em qualquer outra atividade onde um crente trabalhe).
O argumento contrário matador, porém, é que, em momento algum, o pregador levou em consideração os salvos que já morreram. Fazendo uma conta grosseira é provável que já morreram muito mais crentes ao longo dos últimos dois mil anos do que aqueles que estão vivos. Se metade dos que morreram estão salvos em relação ao total de todos os tempos, então a quantidade de vivos é muito menor na proporção. Ou seja, a conta não fecha!