1) Que não devemos falar na tentação, mas nas tentações, que Jesus enfrentou.
Jesus não foi tentado uma vez, nem duas, nem três, foram várias oportunidades em que foi colocado à prova, tanto pelo Diabo em pessoa, quanto por instrumentos dele ou por seus demônios. Do nascimento à morte houve uma orquestração para acabar com Jesus, tanto quanto acabar com sua família. Ele, porém, venceu a todas! É verdade que a primeira grande tentação foi no deserto como contam os três evangelhos sinóticos, mas o que dizer do Getsemâne (Mateus 26:39)? Da dissimulação de Pedro (Marcos 8:33)? Do desafio na cruz (Mateus 27:40)?
2) Que o evangelho de João não fala da tentação de Cristo no deserto.
Os demais evangelistas abordam o assunto, mas João não (Mateus 4:1ss, Marcos 1:12,13 e Lucas 4:1ss). Curiosamente, é somente nos sinóticos (assim chamados os três primeiros livros do Novo Testamento) que tal episódio se registra. Outro detalhe: no evangelho de Marcos não há detalhes sobre quais foram as tentações! E mais um detalhe: A sequência de Mateus difere da de Lucas!
3) Que o próprio Espírito Santo impeliu Jesus ao deserto.
Quando chegou o momento que ele se revelaria ao mundo, logo após encontrar-se com João Batista e ser batizado por ele, o Espírito Santo impeliu Jesus ao deserto. Mateus diz que o Espírito o conduziu, usa anagô, sair rapidamente, como em Atos 18:21; levar até. Já Marcos utiliza o verbo ekballô, jogar com força, expulsar. Lucas por sua vez usa agô, guiar, conduzir. De qualquer forma, foi o lapidador por excelência do trabalho do Senhor quem se encarregou de fazer com que Jesus passasse por mais esta prova decisiva.
4) Que o ministério de Jesus começa com sua tentação.
Ao contrário de alguns líderes modernos, tudo começou para Jesus num deserto. Após ser cheio no batismo ele não participa de nenhum ato profético, nada bombástico. Vai ser peneirado como o grão para estar apto a fazer o trabalho que estava na presciência divina. Trabalhos vitoriosos sempre começam com penar e grandes dificuldades.
5) Que o deserto ao qual Jesus se dirigiu foi o deserto da Judeia.
Situado bem próximo de Jerusalém. É cheio de contrastes, além da poeira, do clima árido de dia e gélido à noite, o local guarda surpresas. O deserto em toda sua largura e extensão é cortado por vários rios que criam canais de até 500 metros de profundidade. Alguns deles formam oásis como Nahal Arugot, Nahal Prat e Nahal David.
Neste deserto diversas batalhas se desenrolaram depois que o Cristianismo nasceu, tais como a batalha de Massada, a última fortaleza do povo judeu durante a invasão romana, em 73 d.C. Também lá foram encontradas verdadeiras relíquias da arqueologia: os Pergaminhos do Mar Morto, em 1947.
6) Que a tentação de Jesus se deu em três frentes.
Na primeira ocasião, Jesus estava com fome. Sabemos que a capacidade de raciocínio fica comprometida pela necessidade. Disse o Diabo: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães” (Lucas 4:3). Ele tinha poder para fazer isso, era lógico e razoável. Mas, primeiro, iria obedecer à um estímulo maligno, mesmo que o saciasse de imediato. Segundo, estaria tentando resolver as coisas de forma gananciosa, sem pensar nas consequências. Terceiro, abandonaria a confiança naquele que tudo provê. Jesus replica: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Lucas 4:4).
Na segunda ocasião, a tentação afeta a experiência sensorial: “Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Lucas 4:5-6). Se Jesus confiava em Deus, teste se Ele o ajudará! É a mesma tentação que surgiria na cruz: Confiou em Deus, livre-o agora se o ama (Mateus 27:43). Jesus replica: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (4:7). A confiança verdadeira se entrega a Deus e confia em sua vontade. Temos significativa participação nas ações de Deus, são nossas ações que traçam nosso destino.
Na terceira ocasião aconteceu o seguinte: “Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou- lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Lucas 4:8-9). Detalhe: Todos aqueles reinos seriam, um dia, do Senhor Jesus. O Diabo queria antecipar, fora da hora, tempo e lugar. Era um atalho que não passava pelo sofrimento. Jesus replica: “Retira-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto” (Lucas 4:10). Era um gesto ínfimo para uma grande vantagem. Mas Jesus percebeu o ardil. Fatalmente, após adorá-lo perderia tudo que lhe estava reservado. Inclusive os reinos do mundo!
7) Que a tentação foi vencida com a Palavra de Deus e que o Diabo também usou a Palavra
Vemos em uma das proposições malignas a utilização da Palavra de Deus. Isto ocorreu pela distorção do sentido de um texto inequívoco. De fato, os anjos de Deus acampam ao nosso redor e nos livram (Salmos 91:11), porém, esta promessa deve guardar seu contexto. O inimigo não hesitará em utilizar a própria Palavra de Deus como argumento para nos tentar. Se nós não estivermos alertas, seremos presas fáceis. Por outro lado, em todas as ocasiões Jesus usou a Palavra de Deus. É imperioso perceber que ela nos dará a saída, transmitirá confiança e nos fará triunfantes. Após a tentação anjos enviados por Deus o confortaram. Detalhe: Somente Mateus e Marcos registram este episódio angelical!
Clique aqui para MAIS sete coisas que você pode NÃO saber sobre a tentação de Jesus.