Prezados, 60 leitores, vocês sabem que a Assembleia de Deus é majoritariamente arminiana. Isto implica crer no atendimento ao chamado divino, que o homem tem o papel de lutar para permanecer firme, do contrário perderá a salvação, que por seu livre arbítrio pode escolher entre a salvação ou a perdição eterna, não existe predestinação. Só para ficar no básico…
Porém, a AD crê maciçamente na predestinação da liderança. Isto significa que uma vez líder é líder para sempre. Não à toa há tanta ênfase na vitaliciedade entre nós! Segundo os ideólogos desta vertente, Deus jamais rejeitará um escolhido como fez com Saul. E mais! Nunca rejeitará a própria denominação, não importa o que farão seus membros e congregados. Nem mesmo a História é capaz de testemunhar contra o destino manifesto da AD no Brasil! O que quebrou um pouquinho o encanto foram as inúmeras fragmentações da denominação. Mesmo assim se deu um jeito, há ADs mais genuínas e outras não!
Tempos atrás estava numa grande reunião, quando o preletor chegou a dizer que Saul nunca foi chamado por Deus. Acredito que ele chegou a essa conclusão após avaliar os grandes erros do monarca de Israel, do contrário não teria falhado. Certamente ele rasgou de sua Bíblia a história de Judas. Aliás, se um pastor selecionasse como diácono ou presbítero um publicano ou um pescador duvidoso, muitos duvidariam não apenas de sua sanidade espiritual, como da mental.
Noutra ocasião, um pastor saltou com sua verve rocambolesca: “Se meu líder for ladrão, eu confio nele, porque tem chamada”. Como assim? A chamada lava a reputação? Outro, ainda, se superou: “Se seu líder pregar a Bíblia de forma errada, confie no que Ele diz, afinal é seu líder”. Coitado de Paulo! Em Gálatas ele recomendou: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema (Gálatas 1:8)”.
Não à toa, o dito popular (NÃO ESTÁ NA BÍBLIA!): “Deus capacita os escolhidos, não chama os capacitados” tem tantos adeptos entre nós. É que se der errado, põe na conta de Deus. Esse tipo de argumento é falacioso e pressupõe que somente Deus tem responsabilidades. A liderança adora. Primeiro, porque pode fazer e acontecer e ninguém questiona. Segundo, não precisa fazer nada para chancelar a chamada de Deus, nenhum esforço, nenhum progresso. Se não der certo, credita na conta do que Deus deu. Ou seja, do que Deus não deu. Exemplo: o líder é medíocre embora chamado, pois foi nessa condição que o Senhor o chamou, então sua mediocridade deve ser tolerada, afinal… foi chamado!
Não sei que aulas perdi, mas entendo que Deus chama e dá líderes à sua Igreja. Estes líderes devem compreender as lacunas que possuem e trabalhar nelas. Naquelas que é impossível fazer alguma coisa do ponto de vista humano, nos coloquemos nas mãos de Deus para que Ele faça. Eventuais e reiteradas falhas de caráter podem nos afastar da liderança e comprometer nossa chamada, exatamente como aconteceu com Saul.
Só para registro, Saul foi sim chamado por Deus e confirmado com sinais e profecias, mas fugiu ao propósito divino. Em I Samuel 16:1, está escrito: “Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel?”. Deus só rejeita aquilo que antes aceitou!
Todo cuidado é pouco!
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