Quatro razões por que jovens abandonam a Igreja
The Barna Group – traduzido por Áquila Mazzinghy
Muitos pais e líderes de igreja se perguntam como podem cultivar uma fé duradoura na vida de jovens de uma forma mais eficiente e duradoura. Um projeto de pesquisa de 5 anos do “Barna Group” explorou as oportunidades e os desafios do desenvolvimento da fé entre adolescentes e jovens adultos cristãos dentro de uma cultura que muda rapidamente.
O projeto de pesquisa foi composto de oito estudos nacionais nos EUA, incluindo entrevistas com adolescentes, jovens, pais, pastores de jovens e pastores seniors. O estudo de jovens adultos foi voltado para aqueles que eram frequentadores regulares de igreja durante sua adolescência e explorou as suas razões para a desconexão da igreja depois dos 15 anos de idade.
Nenhum motivo foi o determinante para o rompimento entre a igreja e os jovens adultos. Em vez disso, uma variedade de razões emergiu. No geral, a pesquisa descobriu alguns temas importantes que fazem os jovens desconectarem-se da igreja permanentemente ou por um período prolongado de tempo de suas vidas. Aqui, citamos quatro:
1 – As igrejas tem a tendência de ser superprotetoras.
Algumas das características que definem os adolescentes e os jovens adultos de hoje são o seu acesso sem precedentes às ideias e visões de mundo, bem como o seu consumo extraordinário da cultura popular. Como cristãos, eles expressam o desejo de sua fé em Cristo para se conectar ao mundo em que vivem. No entanto, muito de sua experiência no cristianismo é sufocante, baseada no medo e na aversão ao risco. Um quarto dos jovens de 18 a 29 anos disse: “cristãos demonizam tudo o que está fora da igreja” (23% indicaram que essa descrição descreve “completamente” ou “principalmente” a sua experiência). Outras percepções nesta categoria incluem “a igreja ignora os problemas do mundo real” (22%) e “minha igreja está muito preocupada que filmes, músicas e jogos de vídeo-game sejam prejudiciais” (18%).
2 – A experiência acerca do cristianismo de adolescentes e jovens é superficial.
A segunda razão que contribui para o abandono dos jovens da igreja é que falta profundidade em suas experiências com a igreja. Um terço disse que “a igreja é chata” (31%). Um quarto desses jovens adultos disse que “a fé não é relevante para a sua carreira ou interesses” (24%) ou que “a Bíblia não é ensinada de maneira clara ou com bastante frequência” (23%). Infelizmente, um quinto destes jovens adultos que participaram de uma igreja enquanto adolescente, disse que “Deus parece ausente da sua experiência de igreja” (20%).
3 – As igrejas parecem ser antagônicas à ciência.
Uma das razões por que jovens se sentem desconectados da igreja ou da fé é a tensão que sentem entre o cristianismo e a ciência. A mais comum das percepções nesta esfera é a de que “os cristãos são tão confiantes que acham que sabem todas as respostas” (35%). Três em cada dez jovens adultos com uma formação cristã sentem que “as igrejas estão fora de sintonia com o mundo científico em que vivemos” (29%). Outro um quarto abraçam a percepção de que “o cristianismo é anti-ciência” (25%). E quase a mesma proporção (23%) disse ter “sido silenciada pelo debate criação versus evolução.” Além disso, a pesquisa mostra que muitos jovens cientistas cristãos estão lutando arduamente para encontrar maneiras de ficarem fieis na fé bíblica e também na sua vocação profissional em indústrias relacionadas com a ciência.
4 – A Igreja é hostil com aqueles que manifestam dúvidas
Jovens adultos com experiência cristã dizem que a igreja não é um lugar que lhes permite expressar dúvidas. Eles não se sentem seguros em admitir que, algumas vezes, o cristianismo não faz sentido. Além disso, muitos acham que a resposta da Igreja às duvidas é trivial. Algumas das percepções a este respeito incluem “não poder indagar minhas perguntas de vida mais vitais e essenciais na igreja” (36%) e ter “dúvidas intelectuais significativas sobre a minha fé” (23%). Em um tema relacionado de como igrejas lutam para ajudar os jovens adultos que se sentem marginalizados, cerca de um em cada seis com uma formação cristã disse que sua fé “não ajuda com a depressão ou outros problemas emocionais” que experimentam (18%).
A pesquisa aponta para duas respostas opostas, mas igualmente perigosas para líderes religiosos e pais: a minimização ou a “super-correção”. O estudo sugere que alguns líderes ignoram as preocupações e as questões de adolescentes e jovens adultos porque eles acreditam que a “desconexão” acabará quando estiverem um pouco mais velhos e tiverem seus próprios filhos. No entanto, esta resposta perde para as dramáticas mudanças tecnológicas, sociais e espirituais que ocorreram ao longo dos últimos 25 anos e ignora os significativos desafios atuais que os jovens estão enfrentando.
Outras igrejas tomam medidas corretivas pelo lado oposto (a super-correção), usando todos os meios possíveis para fazer seu apelo congregacional para adolescentes e jovens. No entanto, colocar o foco exclusivamente em adolescentes e jovens faz com que a igreja comece a excluir os crentes mais velhos e “constrói uma igreja sobre as preferências dos jovens e não na busca de Deus”, disse Kinnaman.
Kinnaman, autor da pesquisa, observou que muitas igrejas aproximam gerações de uma maneira hierárquica, de cima para baixo, ao invés de vez de implantar uma verdadeira equipe de crentes de todas as idades. “Cultivar relações intergeracionais é uma das maneiras mais importantes em que comunidades de fé eficazes estão em desenvolvimento florescente da fé evangélica em jovens e velhos. Em muitas igrejas, isso significa mudar a metáfora de simplesmente passar o bastão para a próxima geração para uma imagem mais funcional, para uma imagem bíblica de um corpo – ou seja, toda a comunidade de fé, ao longo de toda a vida, trabalhando em conjunto para cumprir os propósitos de Deus.”
Nota: Publicado originalmente no site cristaosnaciencia.org.br
Embora não queira abandonar a igreja, muito menos a fé, fico chateado com a separação extrema entre “igreja” e “mundo”. Certo que a santidade deve ser ensinada e buscada, mas a maioria das vezes que esse tema é abordado, é sob a hipocrisia dos podes e não-podes, uma santidade superficial, que só alcança as aparências e nunca o interior.