Qual a diferença entre laicismo e laicidade?
Por Gutierres Fernandes Siqueira
Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. [Jesus Cristo segundo o Evangelho de Mateus 22.21]
Todos nós, protestantes, desejamos um Estado laico. Rejeitamos qualquer tipo de Estado teocrático, mesmo que esse seja cristão, e igualmente temos ojeriza por qualquer teologia teonomista que confunde o atual modelo estatal com o antigo Israel. O Estado não deve abraçar ou privilegiar uma religião em detrimento de outra. Sim, o ideal democrático demanda a pluralidade no Estado: abrigados nele devem estar os religiosos e os não-religiosos, os crentes e os ateus, os crédulos e os agnósticos, os homens místicos e os homens da ciência (e até místicos científicos), a religião milenar e a seita pós-moderna etc. O Estado não deve militar por uma religião e nem pelo esmagamento do sagrado. Portanto, somos laicos, ou melhor, abraçamos a laicidade.
O laicismo, diferente da laicidade, como muito bem definiu Karol Wojtyla, é “uma ideologia que leva gradualmente, de forma mais ou menos consciente, à restrição da liberdade religiosa, até promover o desprezo ou a ignorância de tudo o que seja religioso, relegando a fé à esfera do privado e opondo-se à sua expressão pública”. O laicismo é a ideologia vigente na esquerda brasileira, em parte considerável da imprensa e, infelizmente, até mesmo no poder judiciário. Eles supostamente levantam a bandeira do Estado laico, mas na verdade estão apenas levantando o mastro de um Estado antirreligioso.
Vejamos as diferenças entre o laicismo e a laicidade nesse quadro:
Laicismo
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Laicidade
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Espaço Público
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O homem religioso deve ser excluído do espaço público.
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O homem religioso tem o mesmo direito ao espaço público que um homem não-religioso.
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Espaço Privado
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O homem religioso só pode manifestar sua cosmovisão no espaço privado e com o devido cuidado para que tal visão de mundo não ultrapasse as portas da sua casa ou igreja.
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O homem religioso pode viver no espaço público a mesma crença que vive no espaço privado. Da mesma forma o homem não religioso pode ser no espaço privado o que é no espaço público. O homem é um ser integral.
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Tolerância
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Tolerância é entendida como o abraçar a opinião politicamente correta dominante.
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Tolerância é entendida como o direito de discordar veementemente do outro o respeitando e com harmonia.
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Diálogo Interreligioso
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Unificação das religiões como uma grande mensagem moralista.
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Diálogo para estabelecer pontos em comum na defesa dos direitos humanos e da liberdade religiosa, mas respeitando o direito de cada um ao seu credo e ao exercício da evangelização.
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Evangelização
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A evangelização é tida como proselitismo e, portanto, deve ser coibida. É, na visão estrita do laicismo, uma afronta à fé alheia.
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A evangelização é vista como meio legítimo de comunicação de crença onde cada um tem o direito de abraçar outra fé. É o direito à apostasia.
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Estado
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O Estado tem um papel regulador fortíssimo.
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O Estado evita ao máximo as intervenções na vida religiosa dos seus cidadãos.
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Não há como confundir. No fundo o laicismo é uma espécie de autoritarismo, o autoritarismo do secularismo.
Pescado no blog Teologia Pentecostal
Excelente artigo!
Só uma pergunta: É considerado Laicismo, quando o estado é junto com apenas uma religião? Por exemplo, nos locais que o Islamismo é predominante.