Pensildo é gente boa. Ele gosta de observar a rotina das igrejas. Como se canta, se ora, se adora. Cada detalhe é importante, afinal o que fazemos no templo é pra ninguém menos que Deus. Nos últimos dias passou a analisar o tema de aniversários e eventos e como os pregadores e conferencistas o desenvolvem.
É o seguinte, cada orgão de uma igreja ao aniversariar escolhe um tema. O tema também é indispensável em eventos, dos grandes aos pequenos. Algumas igrejas chamam de divisa, frase alvo, etc. Geralmente tais temas se baseiam em versículos com uma mensagem comum e objetiva, muitas vezes se usam os próprios textos bíblicos. É sempre algo chamativo e bem comunicado. Os conferencistas nem podem dizer que não sabiam, exceto aqueles muito desavisados.
Pensildo não vê problema nesta escolha, a não ser quando o tema nada tem a ver com o tipo de orgão que está aniversariando ou evento que está sendo promovido. A questão principal é outra. É que os pregadores andam fugindo do tema! Sabe como é: não se preparou, não sobrou tempo, foi escalado/convidado em cima da hora, não quis? Engrena outro versículo, outro tema, embroma, enrola e preenche o tempo, beeeem distante do tema! Pensildo imaginava que por ele ser muito crítico tinha engasgado com pouca coisa. Saiu e foi conversar com os irmãos. Conversa vai, conversa vem. Muita gente percebeu o mesmo problema.
Pensildo constatou, inclusive, que alguns pregadores fujões estão sendo preteridos em algumas congregações. Ninguém quer convidá-los ou que sejam escalados, pelo simples fato de que sua prédica é previsível e sempre enrolam. Alguns relatam que conferencistas chegaram a menosprezar os temas escolhidos, que (os temas escolhidos) eram difíceis e ninguém ia querer saber deles. Imagina!?
Tem até professor de Escola Dominical fugindo do tema da lição. Não leem, não estudam, não pesquisam. Na hora da lição enganam, falam umas línguas da carne, esquivam das perguntas do alunos ou leem longos trechos da lição para que o tempo passe. Por outro lado, há pastores ludibriando a congregação nos cultos de ensino, misturando doutrina com usos e costumes. E tome deitar falação…
Pensildo percebeu que isso é um problema sério. Foi pesquisar e descobriu que o tema é fundamental para a compreensão de uma mensagem. Que o público pode fazer a associação entre a mensagem pregada e o tema, lembrando de tópicos e sub-tópicos com mais facilidade.
Levou a ideia de forma tão radical que agora está pensando em alertar maestros sobre a importância dos temas subliminares da natureza de cada culto. É que ouviu alguns grupos cantando hinos de oração e de vitória em pleno domingo. Na Ceia ninguém falando da morte e ressurreição de Jesus e coisas do gênero. Não há um Index Prohibitorum* de hinos nas igrejas
Como Pensildo é otimista imagina um dia em que ao menos os pregadores se atenham ao tema. Vai ser uma benção.
* Index Librorum Prohibitorum é o nome que se dá à lista de livros proibidos pela Igreja Católica a partir do Papa Paulo IV em 1559. A última lista foi publicada em 1948. A prática foi abolida pelo Papa Paulo VI em 1966.