Recentemente, me envolvi numa pequena polêmica em determinado grupo que participo sobre a EBD. Sempre que posso dou uma olhada nas postagens sobre o assunto da lição, nos vídeos linkados, etc. Evidentemente, não posso ver tudo, nem tenho tempo para tal.
Estivera preocupado com algumas postagens contrárias ao Calvinismo de outros participantes do mesmo grupo. Não necessariamente as críticas por si mesmas, admitidas num ambiente de aprendizado, mas o tom que revelava falta de conhecimento histórico ou sistemático do assunto. Aqui no blog há vários posts com essas temática. O problema é que para criticar é preciso estar, minimamente, por dentro do assunto.
A postagem que fiz na ocasião foi essa:
Esperava que os que a lessem seguissem o raciocínio de que para criticar uma determinada ideia é preciso estar familiarizado com seus pressupostos básicos. Acreditem, há até pastores que nunca ouviram falar do assunto, mas esbravejam contra o Calvinismo. Essa é a questão. Não é que o Calvinismo não é criticável, é que para fazer as críticas precisamos saber do que se trata.
Normalmente, postagens desse tipo reacendem os ânimos de ambos os lados. Calvinistas e arminianos aproveitam para lançar suas pérolas. É natural num ambiente público e democrático como a internet. Mas o que me chamou a atenção e é sobre isso que quero escrever são comentários nessa linha:
Nem Calvino, nem Armínio, sou de Cristo. Jesus é mais importante.
ou:
Ao invés de falarem da Bíblia, ficam falando de dois homens que já morreram.
ou, ainda:
Irmãos, melhor fugir da polêmica. Esse debate nada acrescenta…
Via de regra, o que esses últimos tem em comum? Aversão ao conhecimento, especialmente, aquele que fuja do âmbito bíblico! Um dos comentaristas disse até que sairia do grupo, que aquele não era assunto para se tratar ali (a lição da semana fala sobre predestinação), que seu pastor de trocentos anos sempre foi um homem humilde, mas cheio de Deus, que nunca precisou entrar nesses assuntos, etc e tal.
É lamentável que em pleno século XXI professores de EBD, que deveriam estar um passo além do membro comum, resistam tão veementemente ao conhecimento dessa forma. Na ótica de boa parte dos crentes, assuntos que não estejam diretamente na Bíblia não devem ser objeto de nossa atenção. Não seria surpresa, aliás, se alguns desses críticos fossem os mesmos contrários ao ensino teológico nas igrejas.
Quem não lembra da fase em que se dizia, com um esgar jactancioso: “Joelhologia é melhor que teologia!”. Já não temos, infelizmente, em muitos lugares nem uma coisa, nem outra. Foi essa ignorância, no sentido estrito do termo, que fez florescer uma geração sem qualquer base doutrinária, facilmente levados de uma parte a outra por ventos distorcidos. O Brasil é um terreno fértil para o crescimento de heresias no meio evangélico por conta dessa superficialidade.
Professores, por favor, abram suas mentes para o conhecimento! Para debater um determinado assunto, pesquisem o mínimo possível sobre ele. A Bíblia é o texto que portamos, mas a sistematização de seu estudo não prescinde de outras matérias. Por incrível que pareça algumas delas supostamente alheias às páginas bíblicas são, na verdade, fundamentais para sua compreensão.
Da história à geografia, da química à biologia, da filosofia à sociologia, tudo é importante. O que não deve acontecer é serem colocadas acima da autoridade e inspiração da Bíblia! E não só isso, podemos e devemos debater tais assuntos entre nós ou outras pessoas que conosco falarem sobre elas, de modo respeitoso e equilibrado. O que diz I Pedro 3:15? Que devemos estar sempre preparados para responder a qualquer questionamento sobre nossa fé. Inclusive, a palavra preparados neste texto (ἕτοιμος, rretoimos) é a mesma da parábola das virgens em Mateus 25:10.
Um dado muito importante nesta equação é que nossa Igreja tem mudado radicalmente. Com todo respeito a todas as profissões, já não somos uma igreja de pedreiros, ajudantes e donas de casa. Temos inúmeros jovens com mestrado, com nível superior nas mais diversas áreas e as mais diversas profissões. Ou acabamos com esse ranço contra o conhecimento ou vamos perder a oportunidade de falar com qualidade para essas pessoas. Aliás, esta é uma das razões do absenteísmo na EBD.
Aproveitando a oportunidade, o conhecimento sobre a TULIP e suas premissas é importante para poder debater sobre Calvinismo. E se puder conhecer a história do Sínodo de Dort, remonstrantes, etc. Tanto melhor. A realidade infeliz é que há muitos entre nós que sequer conhece o Arminianismo. Ambos são sistemas que se baseiam na Bíblia cada um a seu modo. Quem for arminiano, como eu, que defenda as premissas esposadas pela Assembleia de Deus.
Sempre orando por pleno conhecimento para a Igreja do Senhor Jesus!