Por que congressos de jovens e adolescentes devem ter densidade intelectual?
Sem densidade intelectual os congressos jovens deixam nada mais que um rastro de fogo de palha, sem sentido, sem resultados, sem comprometimento com a Obra do Senhor. O que podemos fazer a respeito?
Já há algumas décadas os congressos e eventos para jovens e adolescentes tomaram o Brasil. É inegável sua importância para o desenvolvimento desta faixa etária. Podemos ter alguma ressalva dada a megalomania das divulgações e números apresentados, especialmente o de batismos no Espírito Santo, mas não podemos ignorar a oportunidade de interação e crescimento espiritual.
Propusemos em nossa Convenção, há alguns anos, uma escola bíblica para os jovens líderes de nossa União de Mocidade. Na época atuávamos com coordenador de jovens de uma área que abrangia dezenas de igrejas. O primeiro desses eventos foi realizado na cidade de Igarassu/PE, na congregação em Cruz de Rebouças I.
Porém, como a proposta do blog é refletir, precisamos chamar a atenção dos nossos leitores sobre o conteúdo apresentado nestes eventos. É que a parafernália tecnológica dá conta de eventos nos quais há muitos moveres e pouca Bíblia. Pregadores e cantores regiamente pagos pelas igrejas que sediam as efemérides estimulam nossos jovens a pular e saracotear, enquanto gritos ensurdecedores saem dos sistemas de som. Como se tornou praxe, aliam-se ao barulho bandas com seus louvores repetitivos em alto volume.
Antes de prosseguir, gostaria de registrar que sou pentecostal da gema, batizado no Espírito Santo, gosto de ver e ouvir as maravilhas que Deus faz, prezo por um culto animado e cheio de unção. Mas faz muito tempo que compreendi que tais pregações, sem generalizar, deixam pouco conteúdo na mente de quem as ouve. E nós precisamos nos preocupar com isso. Vão adiante alguns pontos para refletirmos:
1) Efusão espiritual não significa muita coisa, se não se fizer acompanhar da prática. Mormente, jovens “cheios” esvaziam o evangelismo pessoal. O Espírito Santo não enche sua Igreja por acaso, todo avivamento promoveu a expansão do reino através de prodígios, milagres e evangelismo pessoal. Avivamentos verdadeiros trazem mais que barulho e emoção!
2) Nossos jovens precisam conhecer a Bíblia com urgência. Imagino que bem poucos seriam capazes de conceituar cinco ou seis doutrinas. A maioria nunca leu o livro todo ou o Novo Testamento. O resultado é que são presas fáceis dos modismos e heresias de nosso tempo, bem como se desviam facilmente ao serem confrontados pelas dúvidas. Os congressos são excelentes oportunidades de aprendizado bíblico genuíno, priorizando o estudo de temas-chave. Por falar em temas, quem convida/contrata deve ser enfático ao preletor ou preletora: Não fuja do tema!
3) Congresso não é passa tempo, é local de aprendizado. Mesmo levando em conta o clima descontraído de reuniões juvenis estamos em guerra. Outro detalhe é que muitas congregações não recebem preletores tão preparados, então, é a hora de nivelar o conhecimento daquele jovem lá daquela congregaçãozinha perdida no meio do nada, com a igreja da grande metrópole. Sem essa percepção, fica complicado justificar tão altos investimentos;
4) A intelectualidade reinante no mundo contrasta com a Palavra de Deus. Como dissemos há pouco, uma vez que temos jovens e adolescentes das mais variadas classes sociais temos a oportunidade de unificar o ensino que vai de encontro à maré humanista do mundo que nos cerca. Defendo que temas bíblicos sejam tratados entre nós em tais reuniões: teologia, avivamento, música, adoração, isso é ótimo. Mas por que não aborto? Homossexualismo? Violência? Vocação? Profissão?
5) Devemos abrir espaço para falar sobre estes temas e isso deve ser feito por pessoas capacitadas. Via de regra, temos um pastor que lê ou pesquisa sobre evolução? Notemos, ele é apenas um pesquisador superficial bem informado. Por que não chamamos um cientista? Por que não um médico evangélico para falar sobre sexualidade? Um psicólogo para falar sobre vocação? Inclusive, profissionais de outras denominações. Muitas vezes perdemos a oportunidade de ouvir aquela palestra sobre pedagogia porque impregnados pelos bairrismos não convidamos um professor presbiteriano ou batista. A própria CPAD, inclusive, ao trazer preletores internacionais não distingue sua denominação, por que aqui tem que fazê-lo?
6) Para falar de alguns assuntos temos que mudar o formato. Priorizamos a prédica, onde um(a) preletor(a) assume o púlpito e os demais o ouvem. A experiência secular tem mostrado que o aprendizado é mais produtivo quando, em determinadas situações mudamos o formato. A própria TV faz isso com maestria. Os quadros dos programas como o Bem Estar, da Globo, por exemplo, procuram trazer dois ou três especialistas para debater os assuntos. Isso dinamiza os ensinamentos e faz com que opiniões diversas e/ou complementares sejam colocadas para o ouvinte. Eu já promovi até estudos bíblicos no formato de debate, com excelente aproveitamento.
Finalizo por aqui sugerindo que os princípios expostos sejam aplicados em EBOs, congressos de senhoras e diversos outros eventos de grande porte.
Leia também: Precisamos ensinar teologia a adolescentes e jovens?
Concordo pastor, também sou uma jovem e penso assim como você, muitos jovens desviados em nosso meio também por falta desse apoio.
É importante que haja compromisso com a obra, eles precisam entender que Deus não é só ali naquele momento não, um dia faz o que deseja e outro dia busca a Deus novamente.
Tá faltando muito esse apoio para os jovens.
Vemos que a força motriz das sociedades são os jovens. Devemos dedicar tempo e esforços nessa faixa etária (13-21 anos). A adolescência e a pré adolescência são fases que podem ser complicadas, se não forem bem acompanhadas. Ainda mais nos tempos atuais, onde as dúvidas, as mudanças naturais causadas pelos hormônios sobre o psicológico e emocional afetam diretamente sua visão de mundo; onde drogas, sexo fácil e bebidas são de pleno alcance.
Que Deus instrua e guarde nossos jovens, em nome de Jesus Cristo. Amém!