Ícone do site Pr. Daladier Lima

Por que Calvino encontra tanto espaço na AD?

Calvino

Meus vinte leitores, vamos a mais uma reflexão complicada.

Me associo à preocupação do Pr. Altair Germano, amigo de longas datas, vice-presidente da COMADALPE. Em seu blog (link ao final) ele revela desconforto com a linha de publicações da CPAD. Enquanto a editora prega em periódicos como o Mensageiro da Paz contra o Calvinismo, publica obras de calvinistas conhecidos. Sugiro que acessem o post do prezado e tirem suas conclusões. Concordo em linhas gerais com tudo que ele escreve:

Por uma questão de coerência teológica as editoras de confissão reformada/calvinista não publicam obras, nem autores de teologia arminiana ou pentecostal, enquanto nós pentecostais assembleianos insistimos no discurso por uma “identidade” que na prática é inconsistente e contraditório.
É claro que as “discussões teológicas” em torno das vertentes soteriológicas aqui citadas não estão acima de questões prioritárias, como por exemplo a pregação do evangelho, mas o mínimo que se espera é coerência consigo mesmo, com o seu sistema de crenças, que aliás, parece ainda não ter se definido em alguns pontos pelo pentecostalismo clássico brasileiro. Os órgão oficiais das instituições que o digam.

 

Porém, aqui estendemos nossas considerações a outras variáveis. De fato, tudo que está longe do raio de visão assembleiano deve nos preocupar, não para delimitar nossa cosmovisão, mas alargar nossa compreensão. Penso que limitar a venda, inibir a compra, esculachar os expositores (Atenção: não estou dizendo que ele fez isso em seu artigo!) não vai resolver o problema.

Será que a CPAD não vende tais obras porque elas encontram eco no público-alvo? Não estou defendendo o direito da editora a isto, mas a depender da teologia assembleiana nata, sobra pouco. Não houve investimento ao longo dos anos (lembram que reputávamos a teologia como obra do Diabo?), há pouquíssima produção intelectual em nossos seminários e os cultos de doutrina deixam a desejar. O resultado é uma geração ávida por conhecimento, buscando onde tem. Se não temos entre nós, paciência… Calvino agradece!

Aqui costumo dar o nome aos bois. Estamos promovendo EBOs que não se atêm ao tema. Quando se atêm não se aprofundam! Convidamos pessoas para um simpósio, mas o que temos é um monólogo cordial, sem qualquer base teológica, nem fundamental. Se nem os fundamentos podemos oferecer, o que esperar em troca!? Um professor de EBD de médio porte sabe mais teologia do que muitos de nossos obreiros! Calvino agradece, de novo!

Desafio a qualquer um dos vinte leitores (é… a audiência cresceu!) a informar quando assistiu uma doutrina com um estudo sistemático de determinado tema ou uma análise mais aprofundada de um assunto em voga na sociedade em uma de nossas igrejas? Aí fica difícil. Nossos jovens estão estudando, alguns deles possuem bibliotecas maiores do que muitos ministros e não estão brincando de aprender. Do púlpito muitas vezes sai tudo: bajulação, desabafo, carapuça, abobrinha, esperteza, domesticação, bravata, menos uma exposição de qualidade da Palavra de Deus. Há as exceções, mas não deveriam ser a regra? Comezinhas são ilhas de excelência no meio de um mar turvo e sem rumo.

Quantos dos nossos obreiros sabem efetivamente algo sobre o Calvinismo? A maioria ouviu falar… Aí não dá.

Outra coisa importante: Criticamos os calvinistas (eu já fiz isso aqui), mas estamos fazendo o quê na parte que nos cabe? Pelo quarto ano consecutivo fui à Consciência Cristã, em Campina Grande. De lá, este ano, enviei mensagens a alguns amigos ministros durante profundas reflexões bíblicas. O teor era mais ou menos o seguinte: “Se esse pessoal está nesse nível, nós que nos ufanamos do batismo no Espírito Santo, que nos capacita para fazer a obra de maneira mais operosa, devemos ou não estar num patamar mais elevado ainda!?” Penso que esta é a premissa. Não se trata de competição, cada um veja como edifica!, mas de referencial. Reconhecendo nosso enorme gap é que a solução virá.

Ou encaramos o aprendizado como algo essencial na vida da liderança e investimos maciçamente no próprio aprendizado da Igreja de forma generalizada ou vamos ter sempre mais desta situação. Claro, claro, não é uma panaceia para resolver TODOS os problemas, mas este em específico não tem outra alternativa. E, por vezes, a solução de outros depende deste aprendizado disseminado.

Link do post do Pr. Altair Germano

Sair da versão mobile