Em agosto haverá a comemoração do Centenário da Assembleia de Deus nos EUA. Como sabemos dez entre dez luminares da denominação no Brasil comeram nas mãos americanas em algum momento da vida. Seja através da tradução de livros e materiais da CPAD ou no aprendizado de conceitos chave criados pelos irmãos da outra América, como ficou chique dizer em conferências e palestras. Aliás, 80% ou mais do cast de escritores da editora assembleiana é americano.
Ok. Então, está posto que são nossa inspiração. Nosso elo ancestral com o conhecimento. Nossos seminários estão impregnados de seus conceitos. Acho que ninguém duvida disso. Ocorre que naquele encontro, do qual participarão muitos expoentes brasileiros, na grade de programação tem algumas pessoas interessantes.
Temos Raegan Glugosh, pastora ordenada pela Assembleia de Deus americana*. Enfermeira, atua com bebês abandonados e mantém uma missão na Romênia. Temos a Ann Marrie, missionária na Eurásia, tão enviada como qualquer outra pastora da missão. Ao contrário daqui. Temos também Elizabeth Mittelstaedt que é missionária em vários países da Europa, aonde lançou uma revista feminina chamada Lídia. Ela ministra eventos sobre liderança evangélica feminina. E temos a Mary Mahon, Ph.D. em Educação Intercultural (quem imaginava que as mulheres iam aprimorar o crochê nos seminários…?), missionária e dedicada a missões na Costa Rica.
As cinco mulheres trarão muito conhecimento e quebrarão, certamente, a regra ortodoxo brasileira segundo a qual mulheres devem estar caladas na Igreja. Como eu gosto de chamar as coisas pelo nome e até, eventualmente, algumas pessoas se indispõem comigo por causa disso, farei duas colocações:
1) Nenhum participante brasileiro deixará de participar do evento por causa disso. Ao contrário, certamente as ouvirão com avidez, Se eu tivesse dinheiro iria, para, entre outras coisas, fotografar o semblante embevecido dos participantes brasileiros e publicar aqui;
2) Na programação não são distintas como ocorria por aqui. Quando uma mulher participava, dissimulava-se tal fato colocando palestrante, enquanto os homens eram chamados de preletores. A regra perdeu para a lógica, como mostra este link;
O mais incrível é ainda ter quem acredite na dissimulação. E ainda outro assunto interessante no âmbito deste evento, mas deixa para outra hora. Esses americanos fazem milagres…
*A AD americana ordena mulheres desde 1918.
Meu amigo, Judson Canto, relembra que o ano de 1908 está errado para o início da consagração de mulheres ao pastorado nas AD americanas, uma vez que foi fundada em 1914. O ano correto, pois, é 1918. De qualquer modo, é um bom tempo e um excelente argumento contra os que apontam a tendência como ecos do feminismo. Este último movimento que só surgiria como o conhecemos a partir de 1960.
Site do evento aqui. Aqui o link do que a AD americana pensa da ordenação de mulheres ao pastorado.