Chegam-me às mãos um panfleto de certo evento. Um dos temas: o respeito ao pastor! Os subtemas buscam enfatizar a estatura do pastor e a necessidade que a igreja tem de respeitá-lo e outros tópicos nesta linha de raciocínio. Evidentemente, concordo com o respeito ao pastor, tanto quanto a qualquer outra liderança, seja que cargo tenha. Como diz o ditado: “Respeito é bom e eu gosto”.
O problema detectado neste caso é a ênfase no respeito devido ao pastor, por seus liderados e pela igreja em geral. Esta preocupação em enfatizar a autoridade está bem diagnosticada nos manuais de administração, sempre com conotação negativa. Quando precisamos dizer quem mandar numa determinada organização é porque algo está errado.
Pais, por exemplo, que precisam enfatizar para os filhos constantemente que devem ser respeitados, podem ter perdido a autoridade. Lembrando que essa autoridade é construída, nunca imposta. Lembra do ditado: “Respeito não se impõe, se conquista!”? E, infelizmente, pode ser perdida do dia pra noite. Imagine, por exemplo, um caso extraconjugal numa determinada família. Dali em diante nunca mais aquele cônjuge terá a mesma confiança dos seus filhos que o tomam como referencial. Mesma coisa ocorre com mentiras frequentes, alcoolismo e uma série de outras variáveis.
Na igreja não é diferente. O respeito ao pastor, embora devido por sua posição hierárquica, por sua chamada divina e por aquilo que se convencionou chamar de funções da administração, passa pela imagem que a congregação tem de seu comportamento diário. As funções da administração são:
- Planejar
- Organizar
- Comandar
- Coordenar
- Controlar
Logo, as executando de forma adequada, cada qual a seu tempo, naturalmente o respeito virá. Outrora, uma geração de pastores arvoravam-se na chamada batida de mesa. Quando queriam que uma determinação fosse cumprida esmurravam a mesa e fuzilavam o interlocutor com o olhar. Pode até aterrorizar de imediato, mas a longo prazo não funciona. Não mais… Também não funciona o simples fato da chamada pastoral. Há tantos hoje se autodenominando chamados, que esse critério por si só já não faz muita diferença.
Claro que o pastor não pode ser um molenga, débil, indeciso, com medo da repercussão de suas decisões. Isto também depõe contra o respeito. Mas as próprias organizações mundanas estão em busca de gestores com capacidade de agregar valor à equipe, negociando prazos, estabelecendo metas, estimulando a criatividade, distribuindo tarefas e sendo referencial de liderança servidora. Fácil? Não! Possível e necessário!
Há também verdadeiro estímulo ao reconhecimento de falhas. Outrora reconhecer erros era sinal de fraqueza. Essa liderança emergente alcança respeito reconhecendo erros e até, pasmem!, pedindo perdão sincero aos ofendidos. Que é diferente de perdoar e retaliar posteriormente.
Outro aspecto da questão é que uma grande gama de pastores perdeu o posto de respeitáveis ou não se dão o respeito. Tantas e tão duvidáveis atitudes foram tomadas ao longo do tempo que sua autoridade foi erodida. Uma contradição aqui, uma mentira ali. Duas decisões diferentes para casos semelhantes. Complacência com o erro de alguém abonado amanhã. São comportamentos que vão corroendo o respeito até não restar mais nada. As redes sociais se encarregam de potencializar os erros e a erosão da autoridade ocorre muito mais rápido hoje em dia.
Por fim, é o comportamento antibíblico e casuísta que mais dano traz ao pastor. Ele pode até ser incompreendido tomando uma decisão conforme o que preconiza a Palavra de Deus e sob a direção divina, mas o tempo mostrará o acerto de sua decisão e ele obterá o respeito da congregação. Muitos hoje preferem fazer um arremedo conveniente que acaba prejudicando a todos ao final. A falta de oração, o alheamento da realidade e a indiferença aos problemas são alguns dos outros fatores que aniquilam o respeito pastoral. Não é somente que o nosso tempo tende à anarquia, é que precisamos resgatar o respeito de nossos liderados com nossas ações!