Não concordo com tudo que diz João, aliás, não tenho procuração dele para dizer isso ou aquilo sobre a música que canta. Porém, gosto de sua abordagem musical e já tive oportunidade de ouvir pessoalmente várias vezes. O que quero enfatizar, usando um vídeo seu, é que precisamos diversificar nosso repertório e nosso instrumental.
O que dizer, por exemplo, daquela cansativa repetição dos mesmos hinos. Você vai a uma Ceia no Templo Sede e ouve: vamos ouvir o DEJE x, aí o grupo canta Vencendo de pé, a comissão Y, canta o mesmo hino. Como assim? O mesmo hino!? Por aí vai, o script se repete. Devemos ter uns 500.000 hinos lançados, mas quando a turma encasqueta com um… E se dessemos uma olhada no repertório dos grupos presentes os demais teriam o mesmo hino entre os três ou quatro que cantam no momento. Ou seja, é muito desperdício de criatividade. Se o primeiro não tivesse cantado aquele hino, muitos outros o fariam.
Nos conjuntos o mantra é: guitarra, baixo, teclado e violão. No vídeo o percussionista faz som com tudo quanto é útil! Mas todo mundo quer fazer a mesma coisa. Desculpem o desabafo, meus amigos músicos, mas vocês são muito mais competentes que essa mediocridade reinante em nossos templos.
Dedico estas últimas linhas a dois problemas graves. Primeiro, a tendência da individualização de microfones. Um grupo de senhoras de 300, 400 vozes se vê confinado num solo infindável, em que somente uma pessoa canta e as demais só ouvem. No fim, fazem um ô, ô, ô, qualquer e o hino termina. O maestro esquece de informar ao solista que se afaste do microfone ou o solista se arroga a representação do grupo como um todo ou é a escolha do hino que está prejudicada. É um comportamento absurdo e reprovável. Na área que trabalhamos suprimimos este costume, ou ao menos temos tentado. Só quando é a hora do solo, uma pessoa fica ao microfone. Do contrário, eu dou oportunidade a ela sozinha e não ao grupo.
Por último, há uns maestros fazendo recitais, cantatas e apresentações do gênero. São uns hinos chatos, perdendo para os cantos gregorianos. Escutem as apresentações do Prisma, Projetart, Vento Livre, Milad. São grupos sacros e vivos. Deste mesmo mal estão padecendo algumas orquestras, ótimas em qualificação musical, instrumentos, etc, mas que só fazem a plateia dormir. No máximo, esforçam as cordas vocais dos solistas.
Meus críticos dizem que não tenho alma, mas a menção honrosa vai para o Coral Vozes de Sião, excelente qualidade, que fez uma participação surpreendente na última Santa Ceia junto com uma orquestra de cordas. Viram que quando é bom eu elogio!? Não me peçam para concordar com essa unanimidade burra que grassa em nossos grupos musicais. Podemos fazer muito mais, e não me venham dizer que é porque não tem um instrumento caro. Já vi um tocador fazer um sax, no qual tocou grandes sucessos da MPB, com folhas sobrepostas de coco.
Em tempo: não sou músico, não sei tocar nenhum instrumento, sequer tenho uma boa voz. Também não sou pedreiro, mas se vir uma parede torta sei dizer no mesmo instante!