Num mesmo mar, velho conhecido do pescador, conviviam os mitos e a dúvida, até que a fé chegou. Os mitos povoavam a cabeça dos que lançavam as redes. Ora era a natureza embravecida com sua rotineira exploração. Noutra um castigo localizado. Noutra um peixe imenso capaz de submergir um barco. Um fantasma habitava aquelas águas, diziam. A dúvida era amiga dos mitos. Impedia o lançamento das redes. Será que vem peixe? Hoje vai ser melhor que antes?
Uma cálida madrugada se tornou um pesadelo. A dor na consciência, por deixar Jesus sozinho do outro lado, fez com que enxergassem a criatura mítica que iria selar-lhes o destino. O mar carregava seus temores, ecoava suas exclamações, quando um brado se fez ouvir: “Sou eu!” Mas como? As leis da física conspiram contra pessoas andando sobre águas. É impossível!
Pedro, sempre mais açodado que os demais, interpela: “Se és tu, manda-me ao teu encontro?” O Mestre lhe respondeu de imediato: “Vem!” Ele pôs os pés sobre aquele mar ao qual estava acostumado, mas o mar era outro, cheio de possibilidades. Ele podia andar sobre aquelas águas! Mal andara um pouco tirou os olhos de Jesus e percebeu o vento. O mítico vento que trazia os fantasmas… E começou a afundar. Sempre atento o Mestre estendeu-lhe a mão e o livrou do afogamento, enquanto dizia: “Homem de pequena fé, por que você duvidou?”. A seguir entrou no barco e fez-se uma grande bonança.
Com quem você ficará hoje? Com os mitos, a dúvida ou a fé num Cristo que anda sobre as águas e nos chama para possibilidades infinitas? Será que você ficará com aqueles que não ousam? Um tipo de dúvida muito particular! Ou entre aqueles que, mesmo temendo, dizem-lhe: “Deixa-me ir ao teu encontro?” Não quero ser o mesmo Pedro!