O brilhante economista norte-americano Canice Prendergast lançou, em 1993, um artigo intitulado A Theory of Yes Men. É um estudo sobre a importância da discordância numa organização. A discussão básica do livro se dá em torno do diagrama abaixo:
Em todas organizações as pessoas dizem sim com medo de perder seu emprego, seu cargo, sua posição hierárquica, amizades, networking. Por vezes, é exatamente sim o que querem ouvir gerentes e líderes. É o que lhes infla o ego e os faz pensar que estão no rumo certo. Mas esta tendência tem se mostrado danosa para a estratégia organizacional. Um líder eficaz compreende que é humano e suas decisões são limitadas. Ouvindo não ele será obrigado a repensar suas escolhas e evitar erros mais rapidamente do que aqueles que só aceitam submissão.
Os homens sim acabam sacrificando um precioso aliado da organização: a comunicação. A verdade tomba no terreno da mediocridade. A mentira se instaura e prejudica o relacionamento entre as pessoas com seus sinais trocados. Quando a gerência descobre o problema já é tarde demais.
Há uma analogia que se conta, na qual a liderança só enxerga a copa das árvores, os liderados conhecem o terreno, as raízes, ou seja, as dificuldades efetivas para alcançar determinado objetivo. Evidentemente, não é um caso de cegueira, mas de perspectiva. O Royal Bank of Scotland (RBS) enfrentou perdas bilionárias entre 2008 e 2009, mas nas reuniões seus altos executivos sempre aprovavam as decisões e omitiam os riscos potenciais. É esse o padrão de grandes falências do mundo corporativo.
Nas igrejas não é diferente. Afinal, toda igreja é uma organização. Quem discorda, mesmo que respeitosamente, é taxado como irresponsável, provocador, semeador de contendas. Isso pra dizer o básico. Porque não raro é associado ao próprio Diabo. Quem nunca ouviu de alguém que foi comparado a Datã, Coré e Abirão, os famosos dissidentes do povo de Israel? As pessoas não compreendem que pastores e líderes podem falhar, mesmo sendo escolhidos por Deus e tendo a melhor intenção possível. Somente alguns milhares de reais jogados no lixo ou pessoas chateadas adiante é que se percebe que o alerta de outrora era pertinente.
Por outro lado, os homens não devem se especializar na oferta de alternativas. Dizer não, não resolve o problema! Há pessoas que se especializam na discordância. Discordam por discordar e não se preocupam em pensar na solução. São tão negativas que bloqueiam a criatividade.
Nelson Rodrigues, nosso melhor frasista, dizia que toda unanimidade é burra. Redobre o alerta quando todos dizem sim. E seja humilde para compreender a discordância!
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