Orando sem cessar
Orando sem cessar! A oração é chave para a vitória na batalha espiritual. Sem ela pensamos, de forma vã e irresponsável, que podemos vencer o Inimigo!
Chegamos à ultima lição do trimestre que tem por tema: Orando sem cessar, e vai abordar a importância da oração na batalha espiritual. Nos despedimos daquele que foi um trimestre desafiador tanto por um assunto incomum, quanto pelas dificuldades cotidianas para o entendimento da proposta do comentarista. Cremos que o esforço valeu a pena. Me confesso com excelente upgrade nos conhecimentos quanto ao assunto, imagino que professores e alunos sintam o mesmo.
Para você que é professor: Como está sua turma? Você tem um cadastro atualizado dos alunos, com nome, endereço, data de nascimento e fone? Não precisa nem ser nada informatizado ou mais elaborado, a informação atualizada é mais importante que o meio no qual a colocamos. É bom ter esses dados para poder contactar seus alunos e interagir com eles. Sei de seus afazeres, mas devemos procurar fazer o trabalho do Senhor com qualidade.
Outra coisa importante: Já orou por seus alunos e por novos alunos também? Pelas demais classes? Por sua EBD como um todo? A lição de hoje fala exatamente do valor da oração, uma ferramenta indispensável ao professor e ao aluno. Você sabia que é a oração que nos ajuda a compreender e internalizar as verdades da Palavra de Deus? Sem oração tal aprendizado não passa de informação comum.
Bom, vamos ao comentário. Como sempre, o conteúdo da lição virá em azul e nossos comentários em preto. Transcrevemos, o conteúdo da lição para que você possa focar e acompanhar com mais comodidade.
Texto Áureo
“Orai sem cessar.” (1 Ts 5.17)
Como colocar em prática esta diretriz da Palavra de Deus? Como orar em todo tempo se estamos ocupados em outras atividades? Não, a recomendação não é que vivamos sempre com os olhos fechados ou ajoelhados. Podemos orar sentados, a caminho do trabalho, durante nossas rotinas. Não precisamos orar sempre em voz alta, fazendo barulho, atrapalhando o trabalho dos demais. Podemos fazer isso com sabedoria e discrição.
Verdade Prática
O Novo Testamento nos ensina que a oração deve ser uma prática contínua dos cristãos, desde a primeira até a segunda vinda de Cristo.
Leitura Diária
Observe esta primeira referência. O comentarista nos lembra que havia horários predeterminados para a oração no Judaísmo, assim como o há no Islamismo. Essa rotina é interessante porque obriga a uma parada para reflexão. Mas há dois problemas aí: 1) Não estamos num país de uma religião estatal, uma teocracia. Então não podemos, do nada, para e orar; 2) O hábito acaba se tornando tão automático que as pessoas já não prestam atenção e se compenetram. Foi o que aconteceu ao Judaísmo no tempo de Jesus.
Então, não é quantidade de vezes que oramos, nem quanto tempo gastamos, se estamos de joelhos, em pé ou em qualquer outra posição. Em muitos casos se torna até jactância exibir quantas horas alguém por dia. O mais importante é a qualidade da nossa oração. É como nos desprendemos e expomos nossas necessidades. O pastor Ricardo Barbosa escreveu certa vez: “A melhor forma de conhecer a teologia e o caráter de uma pessoa ou de uma igreja é observar sua oração”.
Leitura Bíblica em Classe
Mateus 6.5-13
5 – E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
6 – Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
7 – E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.
8 – Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes.
9 – Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
10 – Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.
11 – O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
12 – Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
13 – E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!
Objetivo Geral
Mostrar que a oração deve ser uma prática contínua dos cristãos.
Objetivos Específicos
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I) Apresentar o conceito de oração;
II) Refletir a respeito da oração no Sermão do Monte;
III) Compreender o significado da oração modelo do Pai-Nosso.
Introdução
A oração do Pai Nosso, conhecida também como a Oração Dominical, do latim Dominus, “Senhor”, portanto Oração do Senhor, é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. Pessoas de todas as idades e dos diversos ramos do cristianismo conhecem pelo menos as primeiras palavras dessa oração. Muitos livros, poesias e hinos sobre o tema já foram produzidos ao longo da história. Lutero escreveu um comentário sobre o “Pai Nosso”, juntamente com os Dez Mandamentos e o Credo do Apóstolo, no seu Catecismo Menor em 1529. Isso, por si só, mostra a importância dessa oração no cristianismo.
I – A oração
A oração é a alma do cristianismo e expressa a nossa total dependência de Deus. Ela é tão antiga quanto à humanidade, e o próprio Jesus se dedicava à oração particular e secreta. Sendo Ele Deus, vivia em oração contínua. Que exemplo! O que não diremos nós, com respeito à oração?
Orar é falar com Deus. É um diálogo prazeroso com o Criador. Também é uma via de mão dupla na qual você pode falar e Deus vai te ouvir. E se estiver adequadamente sintonizado, poderá ouvir Deus lhe falar. O problema da oração é que nos acostumamos a listar problemas de joelhos, fazendo de Deus um Papai Noel. Tiago adverte que não recebemos porque pedimos mal (Tg 4:3).
1. Definição. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define oração como “o ato consciente, pelo qual a pessoa dirige-se a Deus para se comunicar com Ele e buscar a sua ajuda por meio de palavra ou pensamento”. A oração é central para a vida cristã. A fé cristã não prescreve local, dia da semana, horário ou postura de pé, sentado ou ajoelhado para fazer orações. O ensino cristão é: “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). Não há problema para quem deseja orar em pé (1 Sm 1.9,10), prostrado em terra (Ne 8.6), de joelhos (1 Rs 8.54). A postura física não importa; o importante é a posição espiritual diante de Deus, é orar com sinceridade e estar em comunhão com o Senhor Jesus.
Há vários tipos de oração na Bíblia. O apóstolo Paulo nos ensina: “Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças em favor de todas as pessoas” (I Tm 2:1). Podemos então relacionar, sem prejuízo de outros tipos e sem gradação de importância:
a) Ações de Graças – É a oração de agradecimento pela vida, pelo conhecimento de Deus, pela salvação, pela família, pelas bençãos, pelas vitórias. A Bíblia ensina: “Em tudo dai graças (I Ts 5:18) e “sedes agradecidos” (Cl 3:15).
b) Louvor – São as orações nas quais Deus é exaltado. É frequente nos Salmos (Sl. 18; 19; 75; 81; 84). É a expressão de uma alma que reconhece a grandeza e a soberania de Deus. Não era incomum entre nós encontrar alguém que entrelace sua oração com um hino de louvor a Deus e outrora eram ouvidos entre os pentecostais cânticos espirituais em oração.
c) Súplica – É o tipo de oração mais usada, a mais comum. É quando derramamos a nossa alma como Ana (I Sm 1:10,12,13) ou como Jesus no Getsêmane (Mt 26:39). A súplica é o grito da necessidade!
d) Intercessão – É tomar o lugar do outro, orar por ele. Jesus fez isso várias vezes pelos seus discípulos (Jo 17.9). É uma arma muito eficaz na batalha espiritual, porque muitas vezes a pessoa que é objeto de nossas orações estão tão debilitado espiritualmente que não percebe os laços do Inimigo ao seu redor.
Não queremos hermetificar o termo. Há momentos em que numa oração só suplicamos, intercedemos, louvamos e agradecemos a Deus. Um ingrediente indispensável na oração é a espontaneidade. Do contrário voltamos às rezas católicas, onde as palavras estão predeterminadas e o fiel tem pouco a acrescentar.
2. Exemplos bíblicos. A Bíblia mostra a oração desde que Sete, filho de Adão e Eva, nasceu: “Então, se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gn 4.26). Essa prática continuou na vida dos patriarcas do Gênesis, Abraão, Isaque e Jacó (Gn 20.17; 25.21; 32.9-12). A oração estava presente na vida de Moisés, dos profetas Samuel e Elias, entre outros, e dos reis piedosos como Ezequias (Êx 8.30; 1 Sm 8.6; 1 Rs 17.19-22; 2 Rs 19.15).
3. Jesus e a prática da oração. Os Evangelhos relatam que Jesus orava em secreto continuamente e chegam a registrar algumas orações, como aquela feita no jardim de Getsêmani e também aquela em favor dos discípulos em João 17. Todos os Evangelhos mostram a oração individual do Senhor (Mt 14.23; Mc 1.35; Lc 6.12). Mesmo sendo Deus, Jesus estava também na condição humana e, como tal, buscava a dependência do Pai. Jesus é o maior exemplo de oração para os cristãos.
Um questionamento pertinente aqui é: Se Deus sabe o que precisamos por que orar? O fato de que Jesus orou em várias ocasiões contém a resposta. Se Ele sendo Deus e estando em perfeita sintonia com o Pai se sentia nessa obrigação, que diremos nós?
II – A oração no Sermão do Monte
O Senhor Jesus falou sobre o assunto no Sermão do Monte para corrigir as distorções existentes na época sobre a oração. É necessário reconhecer, nas palavras dos vv. 5-8, o que Jesus estava ensinando, qual prática tinha a aprovação de Deus e o que era reprovado.
1. Oração nas praças e nas sinagogas (v.5). Jesus não estava proibindo orar nas ruas, praças ou nas sinagogas. É que líderes religiosos da época procuravam as esquinas e os locais movimentados, onde levantavam as mãos para cima na presença das pessoas, para mostrar a elas uma imagem de alguém piedoso e temente a Deus. Eram exibições para serem elogiadas pelo público; por isso, Jesus disse: “Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (v.5b). São essas práticas exibicionistas que Jesus proibiu aos seus discípulos, e não as orações em público ou nas igrejas. Ele mesmo ensinava, pregava e curava nas sinagogas (Mt 4.23). Estava orando quando o Espírito Santo desceu sobre Ele no batismo: “Sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu” (Lc 3.21). Ele também orou em público por ocasião da ressurreição de Lázaro (Jo 11.41-44).
2. Oração em secreto (v.6). Jesus proíbe a ostentação e a hipocrisia. Não há como alguém se mostrar estando no próprio aposento, sozinho em oração, onde ninguém está vendo. Isso, no entanto, não significa que a oração só pode ser aceita se for secreta. Mas significa que Deus, que é onisciente e onipresente e conhece o nosso coração, nos recompensa. Ou seja, as nossas petições e súplicas são atendidas (Fp 4.6). A oração num lugar secreto em uma das dependências da residência, sem a comunhão com Deus, tampouco tem a aprovação do Senhor.
3. As vãs repetições (v.7). Jesus nos instrui com essas palavras: “Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos”. Isso dá a entender que havia judeus que oravam como os gentios, ou seja, os pagãos (cf. 1 Rs 18.26; At 19.34). Há religiosos que levam horas orando e repetindo palavras sagradas, pois acreditam que isso aumenta o seu crédito no céu. O termo grego usado para “vãs repetições” é battalogéo, “repetir palavras sem sentido”. A eficácia da oração não está na sua extensão nem nas repetições das palavras, pois oração é também comunhão com Deus.
4. Entendendo o ensino de Jesus. O Mestre não está condenando a oração longa ou repetitiva, mas as “vãs repetições”. O próprio Jesus, no Getsêmani, repetiu as mesmas palavras três vezes na oração (Mt 26.39,44). Jesus passou a noite orando no monte para escolher os doze apóstolos; com certeza, essa oração não foi curta (Lc 6.12). Além disso, Ele nos ensina a orar sem nunca desanimar (Lc 18.1). A oração do Pai Nosso é usada na adoração coletiva desde muito cedo na história e continua ainda hoje em muitas igrejas nos diversos ramos do cristianismo.
“Embora seja Deus, enquanto esteve aqui na Terra Jesus não era somente Deus — era o Deus-Homem. Na posição de Deus, Ele não precisava orar (exceto para manter aquela comunhão e companheirismo próprio da Deidade). Mas, na qualidade de homem, estando revestido de um corpo humano, sendo descendente legítimo de Abraão, a oração era tão essencial a Ele como o fora a Abraão e seus descendentes.
A oração destacou-se em cada aspecto e fase de sua vida e ministério. A Bíblia cita numerosos exemplos de oração durante o curto período de três anos e meio do ministério de Jesus. Há evidências de que a oração era a própria respiração da vida de Jesus, tal como acontecia com Moisés. Jesus vivia uma vida disciplinada. Os Evangelhos registraram determinados hábitos que Ele fazia questão de cultivar. Um deles era frequentar regularmente a sinagoga aos sábados, o que, naturalmente, incluía um período de oração (Mt 21.13). Não é errado pensar que Jesus tinha ido diariamente à sinagoga ou ao Templo — dependendo do lugar onde Ele estivesse — para dedicar-se à oração” (BRANDT, Robert L. Teologia Bíblica da Oração:O Espírito nos Ajuda a Orar. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp. 166,167).
III – O Pai Nosso
Jesus repetia os seus ensinos em ocasiões e locais diferentes. Esses discursos são registrados, às vezes, por mais de um evangelista, e assim surgem algumas modificações. Um exemplo disso é a oração do Pai Nosso, em Mateus e em Lucas. São duas situações e locais diferentes. Sua importância está no fato de ser uma oração modelo. Podemos dividi-la em três partes: sobre o Deus que adoramos, sobre as nossas necessidades e sobre os nossos perigos.
Breve análise
Pai nosso, que estás nos céus (sublimidade)
Aqui reconhecemos:
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- Que Deus é nosso Pai, não um provedor rico e distante. Lhe devemos respeito, reverência e gratidão;
- Que Deus está no Céu, não num lugar inatingível, mas num referencial mais elevado e sublime;
- Que Deus é nosso pai e, consequentemente, de todos os homens. Perante Ele somos todos iguais.
Santificado seja o teu nome (santidade)
Aqui entendemos que o nome de Deus é santo. E não o é porque depende do nosso reconhecimento, mas por si mesmo. O nome entre os orientais, por outro lado, era parte do caráter de uma pessoa, lhe estando intimamente associado de tal forma que em certos ramos do Judaísmo quando uma pessoa adoecia lhe mudavam o nome, para que, supostamente, com mais letras fortes pudesse recobrar a saúde.
Venha o teu Reino (domínio)
O reino tem três dimensões. No passado Deus colocou seu povo na Terra Prometida. E ali estava seu reino em desenvolvimento. Nos tempos de Jesus ele disse: “O reino de Deus está entre vós!” (Lc 17:21) e depois falou em seu reino vindouro (At 1:6). Então, devemos celebrar as ações de Deus em seu reino no passado, perceber que está em desenvolvimento neste exato momento e aguardar a redenção final, quando Deus será tudo em todos (I Co 15:28). Isso mostra que Deus não perdeu, perde ou perderá o controle de nada!
Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu (soberania)
Há ao menos três conotações importantes aqui:
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- Achamos que a vontade de Deus é boa até que estejamos em situações limítrofes da nossa existência. A perda de um ente querido, uma doença grave ou incurável, acidentes inesperados, provas e lutas nos prostram facilmente e somos levados a duvidar de sua vontade. Ou do quão boa ela é. Precisamos compreender que a soberania divina é sábia e sempre faz o melhor, ainda que não compreendamos naquele momento
- Queremos sempre impor nossa vontade a Deus. Muitas orações são listas de presentes para o Papai Noel celeste. Pedimos e não dialogamos, não choramos, não nos quebrantamos. E ainda reclamamos quando não atendidos. Como falamos acima, Tiago diz que nós não recebemos porque pedimos mal (Tg 4:3). Quando damos preferência à vontade de Deus abrimos mão de nossa própria vontade. É o melhor a fazer
- Devemos fazer sua vontade na Terra como já é feita no Céu! Não existe entre os poderosos anjos, arcanjos e querubins, alguns dos questionamentos que fazemos. Eles não se importam se Deus os coloca em funções, digamos, subalternas, como cuidar de reles e imperfeitos mortais. Tudo que interessa aos anjos que estão diante da presença de Deus é agradá-lo.
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje (provisão)
Até agora estivemos falando de Deus ou de prioridades espirituais. Nossa oração não deve ser diferente. Buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça é o lema do cristão (Mt 6:33). Agora nos debruçamos sobre nossas necessidades. Precisamos confiar que Deus é nosso provedor. Não devemos segui-lo apenas pelos bens materiais, mas este reconhecimento é indispensável. Note que não há preocupação com o amanhã, basta a cada dia o seu mal (Mt 6:34) e o seu bem!
Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (proporção)
Barclay ensina que há cinco termos gregos para pecado na Bíblia:
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- ἁμαρτία (lê-se rramartía). Significa errar o alvo. É o pecado de não alcançar o que por obrigação deveríamos
- παράβασις (lê-se, parábassis) e é traduzida como transgressão. É cruzar uma certa linha imaginária
- παράπτωμα (lê-se, paráptoma) também traduzida como transgressão, tem o sentido de escorregar e cair
- ἀνομία (lê-se anomía) significa sem lei, sem regras. Pessoa que conhece as normas e, deliberadamente, as transgride
- ὀφείλημα (lê-se, ofeílêma) se refere a dívida, deixar de pagar ou quitar um débito, uma obrigação. É justamente esta a palavra utilizada neste trecho da oração do Pai Nosso. Não podemos deixar de observar que essa oração é comprometedora. Estamos dizendo para Deus o seguinte: “Perdoa-nos na mesma proporção em que perdoamos àqueles que nos deve!”
E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal (livramento)
Este é um trecho que interessa diretamente ao tema da lição. Viemos falando de tentação e batalha o tempo todo. Mas em oração reconhecemos:
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- Que podemos ser tentados, não somos melhor do que ninguém
- Que nossas forças são insuficientes, precisamos do auxílio e livramento do Senhor
- Que Ele pode nos livrar do mal!
Durante todo o trimestre uma das teclas que mais batemos aqui foi: “Precisamos nos entregar ao Senhor, se quisermos ser guardados!” Não há outra saída, somente Ele pode nos livrar do laço do passarinheiro, da peste perniciosa, da seta que voa de dia, dos temores noturnos e de diversas outras artimanhas contra as quais nosso conhecimento ou qualquer outra característica seria vã!
Porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém! (reconhecimento)
Na última parte da oração nos despedimos de nosso interlocutor. Mas não com tristeza, mas com reconhecimento de sua grandeza. Aqui deixamos claro que precisamos deixar tudo em suas mãos, porque já é dele!
Aqui cabem duas questões importantes sobre a oração:
- Só podemos orar com as palavras do Pai nosso? Não. A oração do Pai Nosso é um molde, um arcabouço para nossas orações. O próprio Jesus só a utilizou com estas palavras uma vez em todo seu ministério. E orava frequentemente.
- Qual a diferença entre rezar e orar? A Igreja Católica ensina seus fieis a rezar. Há rezas para todas as ocasiões, especialmente aquelas dedicadas a determinados santos e santas. Tal comportamento acaba por produzir orações padronizadas, como se as pessoas não pudessem ou soubessem exprimir suas necessidades por conta própria. Rezar é repetir uma oração que alguém fez em algum momento. Orar é sábia e espontaneamente exprimir suas colocações diante de Deus.
1. O nosso Deus. O Pai Nosso é uma oração modelo, e isso pode ser visto na linguagem usada por Jesus: “Vós orareis assim” (v.9), e não o que devemos orar. Ele continua: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”. Essa forma de se dirigir a Deus é peculiar ao Novo Testamento, pois os justos do Antigo Testamento nunca a usaram. Deus, o Criador, é o nosso Pai. A liberdade que temos de nos aproximar dEle e chamá-lo de “Pai” ou, de maneira mais íntima, de “Aba, Pai”, expressão aramaica que significa “papai”, é um dos grandes privilégios dos cristãos (Rm 8.15; Gl 4.4-6). Essa bênção foi mediada por Jesus. Santificar o nome não significa tornar seu nome santo, pois ele já é santo em sua essência e natureza, mas é o nosso dever reconhecê-lo como tal.
2. As nossas necessidades. O termo “pão” em “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11) inclui tudo aquilo de que o nosso corpo necessita. Mas só hoje? E o futuro? Jesus nos ensina a sermos moderados em nossos desejos e pedidos (Pv 30.8,9). Isso remete também à confiança na provisão de Deus para a nossa vida (Mt 6.25-34). O perdão é outro ponto importante: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (v.12). Já não fomos perdoados e já não somos filhos de Deus? É verdade, mas estamos sempre expostos ao pecado (1 Jo 1.8,9). Todavia, precisamos também perdoar aos que nos fazem o mal (Mt 18.32-35).
3. O livramento dos perigos. Essa petição no Pai Nosso: “Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (v.13) se refere aos perigos diários a que estamos expostos num mundo sedutor e corrompido (Fp 2.15). É verdade que Deus não tenta as criaturas humanas (Tg 1.13), mas devemos pedir a Deus que não permita que voluntariamente venhamos a nos deparar com a tentação. A oração termina com a doxologia: “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre” (v.13b), para ser um resumo de um trecho da oração de Davi (1 Cr 29.11-13). A expressão reflete o espírito das Escrituras Sagradas.
Conclusão
Diante do exposto, concluímos que a oração deve ser uma prática contínua, e não ser recebida como um mandamento, mas como uma necessidade que temos da dependência de Deus. Note que Jesus não está mandando ninguém orar no discurso do Sermão do Monte. Ele disse: “quando orares” (v. 5); isso revela que a oração já era hábito do povo israelita, costume preservado desde o Antigo Testamento (Sl 55.17; Dn 6.10). Jesus estava corrigindo as distorções existentes.
Precisamos orar e orar muito. Vivemos na chamada geração self&fast. Aplicamos o conceito radicalmente ainda que não percebamos. Passamos a crer que nossa oração tem de ser respondida de imediato (fast) porque é a mais importante (self). Isto se traduz em pouco tempo de oração, pouca qualidade, visto que temos sido interesseiros, pouca intimidade (não dialogamos com Deus, apenas despejamos nossos pedidos). Muitas de nossas orações, se anotadas e analisadas, seriam mero egocentrismo.
Acesse os comentários das lições anteriores:
Lição 12 – Vivendo em constante vigilância
Licão 11 – Discernimento de Espíritos – Um dom imprescindível
Lição 10 – Poder do alto contra as hostes espirituais da maldade
Lição 09 – Conhecendo a armadura de Deus
Lição 08 – Nossa luta não é contra carne e sangue
Lição 07 – Tentação – A batalha por nossas escolhas e atitudes
LLição 06 – Quem domina a sua mente?
Lição 05 – Um Inimigo que precisa ser resistido
Lição 04 – Possessão Demoníaca e a autoridade do nome de Jesus
Lição 03 – A natureza dos demônios – Agentes espirituais da maldade
Lição 02 – A natureza dos anjos – A beleza do mundo espiritual
Lição 01 – Batalha espiritual – A realidade não pode ser subestimada
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