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Onde estão os milagres? Por que não os vemos hoje?

Milagre

Prezados leitores, este é um post diferente. Digo já por que! Vamos por partes.

Introdução

O que é um milagre? Socorro-me de três dicionários on-line. O Michaellis registra:

Milagre – Michaellis

Já o Pliberam (Dicionário português) e o Aurélio, definem:


São pois intervenções sobrenaturais. Praticamente todas as religiões contam com intervenções desta natureza. Isto não diminui os registros bíblicos, pelo contrário, evidenciam sua superioridade. Conta-se que determinado líder religioso, dialogando, com um pastor lhe disse: Todos os milagres que você puder apontar os temos em nossa religião. Curas, intervenções sobre a natureza, etc. O pastor respondeu: Há o milagre da salvação? O líder calou-se!

Os milagres de Jesus são maravilhosos, mas o tema deste post são aqueles operados através da Igreja. Jesus nos deu poder sobre enfermidades (Atos 19:11,12), sobre os demônios (Atos 19:14ss) e até mesmo para ressuscitar mortos (Atos 20:9ss). Tais práticas acompanham a Igreja ao longo dos séculos. Vi e ouvi Deus fazer coisas tremendas em minha curta vida e há inúmeros milagres verdadeiros relatados em livros. Mas há algo que não bate. Onde estão os milagres hoje? Ainda ouvimos falar deles, mas dado o tamanho da Igreja e sua influência na sociedade e excetuando o milagre da salvação (o maior de todos, diga-se) são poucos. Claro, claro, há a premissa da raridade, pois milagre é justamente aquilo que subverte a ordem natural e comezinha. Mas há outras que se impõem.

A premissa da necessidade

Pensemos agora: Quantos de nossos irmãos estão enfermos, muitos à beira da morte? Quantos pedidos não recebemos em nossos cultos de oração por irmãos novos e velhos? De quantas pessoas não sabemos dominados e escravizadas pelo mal? Não aquele pecado cotidiano, familiar à natureza humana, mas simplesmente, dominados?

A premissa da atração

É inegável que a Igreja crescia por atração. Gosto de pregar a Palavra de Deus, gosto de ouvir, creio que ela tem um poder inegável de atrair o pecador. Aliás, ainda engatinhamos em sua utilização. Mas, convenhamos, um milagre tem o poder de atrair multidões a ouvi-la ou não?

A premissa da limitação humana

Pegue um ateu qualquer, junte a um crítico e some a um indiferente. Coloque-os diante de um milagre verdadeiro e incontestável. Fatalmente ficarão emudecidos. Na pior das hipóteses darão de ombros diante do inexplicável! Era isso que acontecia a Jesus. Lembro do episódio em que curou o cego em João 9. Seus críticos utilizavam todo tipo de argumento, arrazoavam, ponderavam, mas não havia escapatória: um homem cego de nascença via normalmente! Para uma sociedade indiferente à mensagem do Evangelho precisamos ou não de milagres?

A premissa da igreja hospital

Estava num culto onde um demônio se manifestou. Um homem estava ouvindo o culto do lado de fora. Um irmão o viu e se aproximou, falando de Jesus. Convidou-o a entrar e ele o fez. Mas ao chegar em frente ao púlpito, como quem ia se decidir por Cristo, ele caiu possesso e começou a grunhir como um porco. Coisa terrível de se ver. Ninguém conseguiu expulsar o demônio. O dirigente do culto disse ao microfone: “Não se traz uma coisa dessa pra Igreja!” Ora, pra onde iria aquele triste homem? Se a igreja não é hospital para cuidar de doenças do corpo e da alma, onde as pessoas buscarão a cura de seus males?

Enfim…

É uma questão que me intriga há muito tempo. Sei dos falsos milagres e milagreiros. Sei dos vendilhões de milagres. Sei que milagres não implicam diretamente em salvação. Conheço pessoas desviadas que receberam milagres tremendos. Sei também como é fácil dar de ombros para alguém que precisa de um milagre e dar algumas desculpas padrão: “É Deus não quis”, “Vá pra casa e se Deus quiser Ele fará”, ” Espere o tempo de Deus”, esmagando todas as premissas acima!

Compartilhei a questão com alguns amigos do Facebook. A intenção era colher impressões as mais diversas. Fiz uma pergunta simples: “Por que não há mais milagres hoje como antes?”. Também colhi alguns dados pessoais, apenas para contrastar as percepções. Não pude contatar muita gente. Primeiro, o post ficaria enorme, segundo, não o terminaria tão cedo. Nem todos me responderam a esta altura da publicação, mas prometo publicar tão logo cheguem. Inseri na ordem de chegada da resposta. Agradeço penhoradamente àqueles que gastaram um pouco de tempo com suas respostas. Farei minhas considerações ao final:

Geremias do Couto, pastor assembleiano, jornalista, blogueiro

Creio na contemporaneidade dos dons à luz de 1ª Coríntios 12 a 14. Esse é o meu parâmetro. Quando me perguntam sobre o assunto, sempre remeto o consulente para esses capítulos e peço que os leia algumas vezes. De forma simples, qualquer manifestação pentecostal precisa enquadrar-se nos ensinos paulinos ali referidos.

Dito isto, devemos olhar os milagres no mundo contemporâneo sob alguns ângulos. Primeiro, não posso concordar com essa enxurrada de milagres midiáticos que atualmente se vê, onde sua imensa maioria não passa de farsa. São meros recursos propagandísticos que não resistem a qualquer busca de autenticidade. Segundo, a tentativa de neutralizar ou resistir à impostura, leva ao outro extremo de desacreditar em sua contemporaneidade e mesmo evitar pregar sobre o tema. Terceiro, a institucionalização também contribui para que pouco se veja nos grandes centros ou grandes igrejas milagres autênticos pela burocratização da fé. Quarto, a incredulidade acaba também sendo um fator de desestímulo para que eles aconteçam.

No entanto, creio que os milagres não aconteçam com a frequência que alguns desejam a ponto de transformá-los em ato vulgar. Conforme ensina Paulo, a soberania sobre eles é do Espírito Santo, não nossa. Quando ocorrem, são sinais de Deus em determinadas situações para trazer glória ao seu nome e autenticar o poder do evangelho.

Em minha experiência pessoal, que me lembre, foram três experiências que posso considerar milagrosas. Meu pai, certa vez, sem qualquer malabarismo, orou por uma irmã que estava entrevada na cama há anos e, no dia seguinte, ela apareceu andando no culto. Isso serviu de testemunho para muitos descrentes naquela época. Nisso acredito. Só acho que não precisa de espetáculo, mídia ou coisa que o valha. Mas se buscarmos no anonimato, no meio da simplicidade, em locais diferentes de todas as partes do mundo, eles estão acontecendo como sinal da proclamação do Evangelho.

Gutierres Fernandes Siqueira. 25 anos. Editor do blog Teologia Pentecostal. Graduado em Comunicação Social pela Faculdade Paulus (FAPCOM) e pós-graduado em Mercado Financeiro e de Capitais pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É membro e professor de EBD na AD Ministério Belém, São Paulo/SP.

Sou evangélico pentecostal desde 2001, mas nunca vi pessoalmente nenhum morto ressuscitar ou um cadeirante curado de sua deficiência. Entretanto, já ouvi inúmeros relatos sobre milagres extraordinários [1]. Talvez, você, caro leitor, já tenha visto algum fato fora do comum operado pelo Senhor ou, quem sabe, você tenha um forte testemunho de cura. Eu, por exemplo, ainda muito bebê tive sarampo, fortíssimo. Na ocasião o médico falou que a única esperança era sobreviver com sequelas. Graças ao bom Deus, não há nenhum resquício daquela doença. Mas, repito: nunca vi um morto ressuscitar ou um cego de nascença passando a enxergar.

Reitero aos mais desavisados que acredito em milagres e nos dons espirituais para os nossos dias. Aliás, acreditar em Deus e desacreditar de milagres é um raciocínio torto, ilógico, irracional… Bom, mas por que nos dias de hoje não vemos os milagres da primitiva igreja? Vejamos:

  1. O livro de Atos é um relato histórico. É da natureza da narrativa histórica destacar os fatos mais importantes. Seja o historiador religioso ou secular, não veremos a menção do dia comum, mesmo sendo o “não-acontecimento” a tomar o maior tempo linear. Isso não quer dizer que os “fatos mais importantes” fossem ordinários. O historiador é um jornalista tardio. Você já assistiu algum jornal noticiando que a dona Maria foi na feira e comprou duas melancias? É claro que não. A notícia é sobre o acontecimento fora do comum. A história, da mesma forma, trata sobre os principais fatos. Portanto, devemos tomar o cuidado de não ler um fato histórico como o corriqueiro, o trivial. Portanto, não é porque você leu vários milagres em Atos que tais sinais fossem diários.
  2. O milagre é, em si, extraordinário. O milagre é raro, pois se acontecesse todos os dias deixaria de ser milagre. É uma questão de lógica. Sim, você pode estranhar o fato de uma comunidade dita cristã vivendo em torno do milagre, pois a fé cristã tem milagres, mas não vive em torno dele. Devemos entender que o milagre é exceção e não a regra, o comum, o dia a dia. Paulo, o apóstolo, pergunta os coríntios: “Porventura são… todos operadores de milagres?” [1 Co 12.29]. Evidente que a resposta é negativa.
  3. O milagre era a reafirmação da mensagem apostólica. Embora o dom de “poder para operar milagres” [cf. 1Co 12.10 NVI] seja acessível a qualquer cristão em qualquer época, também, é necessário entender que a natureza dos milagres através dos apóstolos visava a confirmação de sua mensagem [cf. At 2.43 comp. Mc 16.20 e At 14.3]. A Igreja Cristã é universal (católica, em grego) e apostólica, pois está baseada na “doutrina dos apóstolos” [At 2.42]. A Igreja está firmada sobre o “fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular” [cf. Ef 2.20 NVI]. O milagre, portanto, serviu como um selo de autenticidade da mensagem apostólica. Logo, se concluiu que a diminuição dos milagres no presente momento histórico se dá pelo fato de não estarmos a construir uma nova revelação escriturística. Nós, hoje, não temos a autoridade dos profetas e apóstolos do passado e, assim, a necessidade dessa confirmação sobrenatural é diminuída.
  4. Embora Cristo seja o mesmo, a sua operação não necessariamente repete o passado. É muito comum no meio pentecostal citar Hebreus 13.8 para insinuar que o milagre do passado precisa repetir-se nos dias de hoje. O autor aos hebreus quis dizer que a natureza, o poder e o caráter de Cristo nunca mudam, mas não que Ele repete a sua forma de agir. O próprio livro começa informando que a forma de Deus se comunicar não é a mesma, mas passou por mudanças na pessoa de Cristo [cf. 1. 1-2]. Mortos ressuscitaram? Sim, é verdade. Mas na própria Bíblia depois vemos a ênfase sobre a esperança da última ressurreição. Horton escreveu: “Mas como Donald Gee informa (…) há, apenas, dois registros de ressurreição de mortos (Atos 9.40, 20.10). Nos outros casos, foi-lhes indicado o consolo da ressurreição e da volta do nosso Senhor (I Tessalonicenses 4.13-18)”.
  5. Milagre não produz conversão, logo, devemos nos preocupar mais com a falta da pregação evangélica. Blaise Pascal escreveu:

Se eu tivesse visto um milagre, dizem eles, eu me converteria. Como garantem que fariam o que ignoram? Imaginam que essa conversão consiste numa adoração que se faz de Deus como um comércio e uma conversão tal como a representam para si. A conversão verdadeira consiste em aniquilar-se diante desse ser universal a quem se irritou tantas vezes e que pode legitimamente pôr-vos a perder a qualquer momento, em reconhecer que nada se pode sem ele e que nada se mereceu dele, afora estar em desgraça. Ela consiste em conhecer que existe uma oposição invencível entre Deus e nós, e que, sem um mediador, não pode haver comércio [2].

  1. Falta fé. “E estes sinais seguirão aos que crerem “ [Mc 16.17]. Este tópico foi colocado por último propositadamente. Embora ache que as explicações já dadas mostrem bem que não devemos nos preocupar com essa pergunta, por outro lado, é inegável que precisamos ter mais fé no Deus no impossível. Sim, muitos milagres não acontecem porque simplesmente oramos mal ou agimos com ceticismo.

Referências Bibliográficas:

[1] HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD 1993. p 299.

[2] PASCAL, Blaise. Pensamentos. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p 143.

Ana Lúcia Duarte, esposa do Pr. Gilberto Duarte, coordenadora da área de Itaquitinga/PE

Deus age de formas específicas em cada época, visando objetivos proveitosos para aquela época e para as subsequentes. Não quer dizer que porque Ele abriu o Mar Vermelho vai ficar abrindo os mares todos os dias. A fé das pessoas está fundamentada em coisas, é por isso que nada acontece. Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente.

Pr. Adejarlan Ramos. Bacharel em Teologia, licenciado em Letras e Pedagogia. Pastor auxiliar na AD em Barreiras/BA

Os milagres sempre foram uma confirmação de que a mensagem do Evangelho era genuína e que o Reino de Deus tinha chegado com poder. Não há mais milagres como antes não porque Cristo tenha falhado no cumprimento das suas promessas, mas a falta está nos seguidores de Jesus (Mt. 17.17). Creio que faltam fé e ambiente de oração.

Bacharel em Teologia e Gestão Pública e Pós, graduado em Docência no Ensino Superior

Penso que a pergunta seja: por que não vemos tantos milagres hoje? Uma vez que milagre sempre existiu e sempre existira, enquanto a Igreja estiver militando na terra, conforme nos indica Mc. 16:17-18. Estes sinais acompanharão os que crerem… Enquanto existirem pessoas crendo, os sinais estarão presentes. É evidente que não na proporção do primeiro século, onde a Igreja precisava se firmar de forma mais incisiva. O lenço “curava”, A sombra “curava”, entre outros.

Hoje, os milagres são mais pontuais. Pontuais por conta do nosso comodismo religioso, por estarmos mais voltados para nós do que para o reino de Deus. Mas com certeza acontecem. Como o relato recente de um missionário na Etiópia de uma menina cega que passou a enxergar. Entre outros que poderíamos citar.
Observemos o que o apostolo Paulo nos ensina.

1Co. 12: 8-10: Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de cura, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres,…
A palavra milagre aqui é dynamis, feitos de origem e caráter sobrenaturais. Se eu creio que é contemporânea a palavra da sabedoria, também devo crer no operar milagres.

Vejamos ainda o que nos ensina Jesus em Mt. 7:22: Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres (dynamis)? Claro que aqui estão inclusos todos os charlatões, enganadores que vivem iludindo os indoutos na fé. Porém, estão também aqueles que por algum motivo realizam milagres.

Cicero José Ramos da Silva, Rio de Janeiro, casado, três filhos adultos, AD em Joinville/SC, Bacharel em Teologia. Obreiro auxiliar, atuando tanto como professor de EBD, como em um curso de Teologia.

Ainda hoje o Senhor Deus opera milagres? Essa é uma pergunta difícil de responder. Visto que, se disser que não há mais milagres hoje como nos tempos bíblicos, estarei de mãos dadas com os céticos de plantão. Por outro lado, se disser que pululam aqui e ali milagres contínuos e extraordinários, também não estarei sendo correto em minha opinião visto que é evidente que não se operam tantos milagres como naqueles tempos. Não que Deus tenha mudado, visto ser Ele imutável (Ml 3.6; Hb 13.8). Mas os homens sim, mudam e continuam a mudar. Como deveríamos, sendo crentes em Jesus Cristo, nos posicionar diante de tal pergunta crucial?

Certamente que para aqueles que conhecem ao Deus das Escrituras, é perfeitamente aceitável o fato de que o Senhor opera quando, como e onde quiser. Mas os incrédulos neste Deus Trino, Poderoso, Onipotente, Criador dos céus e da terra continuarão a olhar e não crer. Porém, o pior é quando aqueles que se dizem seguidores de Jesus Cristo, negam o agir de Deus na história da Igreja e ousam afirmar a cessação dos milagres após o período apostólico.

John C. Whitcomb, professor de Teologia e Antigo Testamento no Seminário Teológico Grace em Winona Lake, Indiana, EUA, escreveu um pequeno livreto de 16 páginas sob o título “Deseja Deus que os Crentes Operem Milagres Hoje?”  para tentar refutar a operacionalidade dos milagres divinos atualmente. No último parágrafo ele escreve:

“Portanto, a história da Igreja confirma as evidentes inferências das Escrituras, que os sinais de milagres, de todos os tipos, cessaram com a morte dos apóstolos.”

Entretanto, Jack Deere, professor do Seminário Teológico de Dallas, Texas, também nos Estados Unidos, publicou um livro intitulado “Surpreendido Pelo Poder do Espírito” (CPAD) em que argumenta de forma categórica a sustentabilidade do operar de Deus no decorrer da história. Ele declara que foi um cético antes de passar a crer no agir sobrenatural de Deus ainda hoje:

“Eu lia os evangelhos e o livro de Atos através das lentes da hermenêutica anti-sobrenatural, e, cada vez que chegava a uma história de milagre, elas me permitiam enxergar sua veracidade, mas filtravam qualquer aplicação que tivessem para os dias atuais. Como justificar a hermenêutica anti-sobrenatural? Onde, nas Escrituras, somos informados de que devemos ler a Bíblia dessa maneira? Onde, nas Escrituras, somos orientados a copiar os elementos não-miraculosos e a descartar a atualidade dos milagres?” (p.114).

E no capítulo seguinte de seu precioso livro, Deere apresenta algumas razões pelas quais Ele curava no passado e continua a curar em nossos dias visto que a Igreja pode ter mudado, mas o Senhor Deus continua o mesmo (Ml 3.6; Hb 13.8):

1) Deus cura movido pela compaixão e pela misericórdia;

2) Deus cura para glorificar a Si mesmo e a Seu Filho;

3) Deus cura em resposta à fé;

4) Deus cura em resposta às Suas próprias promessas (pp. 120-130).

Não há razão para argumentarmos de que o Senhor não opere mais milagres hoje. Isto está fora de questão. Precisamos argumentar em direção ao fato de que a compaixão do Senhor Jesus Cristo conforme demonstrada nos evangelhos, continua hoje tão válida quanto aqueles dias. Seu caráter bem como sua compaixão são perenes. Por isso escreveu o autor da Epístola aos Hebreus: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (13.8).  Como bem argumentou Jack Deere:

“Nenhuma dessas razões está alicerçada sobre as circunstâncias históricas que caracterizaram a Igreja do primeiro século de nossa era. Elas encontram-se arraigadas ao caráter e aos propósitos eternos de Deus. Se o Senhor curava no primeiro século da era cristã por estar motivado pela sua compaixão e misericórdia pelos que sofriam, por que retiraria Ele essa compaixão pelo simples fato de os apóstolos não se encontrarem mais entre nós? Não sente Ele mais compaixão pelos leprosos? Será que não se comove diante de um aidético? Se Jesus e os apóstolos curaram no primeiro século a fim de trazer glória a Deus, por que não iria permitir hoje que seu Filho fosse glorificado através do ministério da cura? Os propósitos bíblicos para a cura continuam válidos até hoje, À medida que nos alinhamos a eles, passamos a comprovar que, realmente, Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Ele continua a curar” (p. 131).

Assim diante das assertivas de Deere, firmo minha posição crendo no poder de Deus operante ainda hoje. Embora a igreja hodierna não seja como a igreja primitiva, sendo mais secularizada e por isso mais refratária a esperar grandes coisas de Deus, sem generalizações todavia, isso não significa que o Senhor não continue a operar milagres e curas das mais variadas enfermidades. Creio firmemente na operação de maravilhas da parte do Senhor. Creio que Ele pode operar o milagre da restauração de cegos e paralíticos de nascença bem como no poder dEle em ressuscitar mortos se assim Lhe aprouver. Creio pessoalmente que Deus opera milagres ainda hoje. Aparentemente pode parecer, diante de minha finitude, que não sejam operados em profusão. Mas pela extensão da miséria que o pecado produziu e têm produzido nos seres humanos e pelo fato incontestável do caráter do Senhor do Universo, temos de aceitar que, certamente, Ele está ativo no mundo de hoje, operando prodigiosamente quando e como quiser.

Os títulos de dois dos livros mais famosos de um grande pensador cristão como foi Francis Schaeffer não nos deixam esquecer disto: O Deus Que Intervém (no original em inglês “The God Who Is There”) e O Deus Que Se Revela (“He Is There and He Is Not Silent”). Deus Pai foi glorificado por meio da obra consumada na cruz por Seu Filho amado, o Senhor Jesus Cristo e continua a ser glorificado hoje através de milagres que pode e efetivamente têm operado (principalmente a conversão de pecadores empedernidos), visando o bem-estar dos homens, mas acima de tudo, para ser glorificado por todos que nEle creem. Pense nisso…!

Eliseu Antonio Gomes. Membro da AD em Pirituba, setor 62, Ministério Belenzinho, São Paulo/SP (Pr. Heber Sousa)

Eu acredito que a pergunta deveria ser mais aprofundada: “Por que não há mais milagres na Assembleia de Deus hoje?” Os milagres não cessaram na Igreja do Senhor, deixaram de acontecer em determinados meios evangélicos.

Recentemente, eu conversei com meu pastor exatamente sobre este assunto. Eu disse-lhe sobre o meu sentimento de tristeza pela falta de ensinamento sobre o poder que há no nome de Jesus e o costume de os crentes assembleianos repreenderem os males evocando o sangue da expiação de pecados  na frase “o sangue de Jesus tem poder”, sem que haja por parte da liderança o esclarecimento ideal sobre isso.  Creio que a falta de milagres na seara assembleiana ocorre por não ser ensinado sobre esta questão da base bíblica para repreensão de males.

Nos idos da década de 1970, eu crescia numa congregação da Assembleia de Deus na zona oeste da cidade de São Paulo, onde meu pai foi um daqueles fundadores anônimos. Ali, aos finais de semana, ele trabalhou como pedreiro, colocou as mãos na massa de cimento desde os alicerces do templo até o acabamento final, junto com muitos outros membros valentes. Obra da alvenaria pronta, meu pai trabalhou como músico, foi fundador do coral e banda, deu aulas de música aos componentes dos conjuntos e colaborou doando instrumentos à igreja. Ele também evangelizava em praças, fazia visita aos enfermos internados nos hospitais e oprimidos em suas residências. Vi durante seu tempo de vigor físico pessoas se converter ao pregar e ser curadas ao orar.

Eu me converti apenas aos 18 anos, só nesta idade tive um encontro real com Jesus Cristo e pude entender e mensurar toda a dedicação de meu pai, que hoje é presbítero, está em idade bastante avançada, passando os seus dias descansando em sua casa.

Na primeira década do ano 2000, minha mãe sofreu com uma doença grave, classificada como Púrpura Trombocitopênica Trombótica (mal que transforma o sangue em água). Ela ficou em coma por cerca de duas semanas e foi desenganada pela equipe médica após inúmeras transfusões de sangue – um dos doutores disse para uma de minhas irmãs que ela morreria no curto espaço de dois dias. Diante desta situação, eu me lembrei do Evangelho de Cristo em duas passagens contendo promessas: Jesus afirmando que os sinais acompanharão/seguirão aos que crerem e que se duas pessoas concordarem na terra sobre qualquer coisa o Pai Celestial realizará o que pedirem (Marcos 16.17; Mateus 18.19). Então, senti enorme vontade de visitar minha mãe acompanhado de um irmão para orar pedindo a reversão do quadro de saúde em que ela vivia naqueles dias. Não encontrei companhia entre os crentes assembleianos para ir ao hospital orar comigo, mas, sim, entre os neopentecostais da Igreja Internacional da Graça de Deus. Estivemos no quarto de minha mãe em uma tarde, peguei em sua mão direita, disse-lhe em seu ouvido que oraria em seu favor e orei. Em nome de Jesus repreendi aquilo que lhe mantinha desacordada, expulsei da vida dela a doença usando a autoridade do nome de Cristo, então, ela que se mantinha imóvel por muitos dias, começou a se mexer na cama, apertando a minha mão e movendo as pernas, alguns aparelhos de monitoração ligados a ela apitaram e uma enfermeira correu para chamar o médico de plantão. Dois dias depois minha mãe recebia alta, e após isso viveu mais 12 anos. Seu falecimento não está relacionado ao caso exposto aqui.

Não sei dizer se por influência desta experiência, minha filha mais velha, casada e beirando os 30 anos, que frequentou na infância os bancos da EBD das ADs, faz parte do corpo de membros da Igreja da Graça. Naquela denominação ela é atuante, e recebo depoimentos de pessoas dizendo ter recebido bênção de milagres por sua atuação de imposição de mãos com oração em nome de Jesus.

Sei que alguns poderão alegar que os milagres desapareceram por falta de consagração dos crentes assembleianos. Porém, em Marcos 16.17 encontramos a afirmação que o sumiço de sinais ocorre pela falta da fé. Isto precisa ser ponderado com seriedade. Por favor, não estou afirmando que os doentes não têm a salvação em Cristo, não interpretem errado, eu entendo que o texto bíblico em apreço está nos dizendo que os sinais acompanham aos que crerem que Deus realiza os sinais – em suas vidas e vidas de terceiros – através de suas orações, quando usam o nome de Jesus para repreender doenças, demônios e suas operações.

Diz a Bíblia que a fé vem por ouvir a Palavra, logo, então, está faltando o ensino específico sobre os sinais. Quando ressurgirem nos púlpitos das Assembleias de Deus pregações focando este tema, revistas de Escola Dominical abordando o assunto, com toda certeza posso afirmar que os milagres novamente serão parte das ocorrências do dia a dia do povo que se chama pentecostal assembleiano.

Enfim, nos dias atuais não vejo e nem ouço testemunho de milagres com a mesma frequência do passado dentro das Assembleias de Deus. Quando acontece a intervenção sobrenatural da parte do Espírito, pelos dons e oração, os crentes se alegram à beira da histeria, como se os sinais não fossem fatos naturais dentro cenário pentecostal. É motivo de lamento que hoje seja assim.

 

Silvio Araújo, maestro, AD Recife/PE.
Por que não há mais milagres hoje como antes?”
FALTA DE FÉ
Acredito que a principal razão para não vermos tantos milagres nos dias de hoje é a falta de fé. A falta de fé impediu Jesus de efetuar milagres em Nazaré (Mt 15.38). “A uma geração incrédula não será dado nenhum sinal.”  Lc 9.41. Dela derivam tantos outros motivos que tentarei sintetizar:
ESFRIAMENTO ESPIRITUAL E MUNDANISMO
A falta de fé leva tem levado os cristãos a buscarem (e se contentarem) com soluções humanas, terrenas. Já desprezamos a oração como primeiro socorro nos momentos de enfermidades no lar, já não pedimos batismos com Espírito Santo nos cultos de oração, já nos conformamos quando ouvimos que um amigo, parente ou irmão está com câncer ou outra terrível enfermidade. Aguardamos a notícia da morte quase que naturalmente. Nós mesmos desanimamos diante das dificuldades imensas e nos falta fé para receber o milagre. Estamos muito ocupados com nossa vida terreal, conforto e bens, que podem ser adquiridos com dinheiro e trabalho. Quando pedimos ou esperamos milagres, parece que só esperamos os financeiros. Vivemos os dias de Noé.
Nossos cultos já perderam muito do tripé: “Jesus Cristo, salva, cura e batiza com Espírito Santo”. Temos mais mensagens de auto estima, esperança, estímulo a buscar sucesso nas áreas sociais, culturais etc. Os poucos e pequenos milagres que experimentamos são do tamanho de nossa pouca fé. Paradoxalmente, grandes milagres estão acontecendo em países ateus, fechados ao Evangelho, mas com crentes de fé ardente, perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
At 14.9 Havia fé naquele homem para ser curado e Paulo percebeu isto!
Mc 2.5  Jesus viu a fé daqueles quatro amigos que levaram o paralítico sobre a casa.
Hb 11.35 Mulheres receberam de volta seus mortos ressuscitados pela fé
Mc 16.15 diz: “aos que crerem”. Os sinais não seguem os incrédulos.
Mt 21.22 Se não cremos, não pedimos. Nada acontece.
SINAL DA VINDA DE CRISTO
A ausência de milagres, em meu entendimento, também é um sinal da proximidade da vinda de Cristo. A fé genuína está esfriando há algumas décadas e acelera-se a cada dia. Mesmo depois do arrebatamento, continuará a minguar. Achará fé na terra o Filho do Homem quando retornar? (Lc 18.8)
FINALMENTE, O FATOR “SOBERANIA DE DEUS”
Dr. Paulo Wayller, pastor batista ultrafundamentalista, repetia sempre nas salas de aula do Seminário Teológico Batista do Norte, lá no início dos anos 1990, uma máxima filosófica que dizia: “na magia, o adorador manipula a divindade. Na religião, o adorador se submete à divindade”. Não manipulamos Deus, não fazemos chover milagres. Se eles acontecem quando pedimos, também o é porque no pedido há a vontade de Deus (Jo 15.7).
Precisamos entender que Deus é soberano e opera milagres quando quer. Quando os realiza, sempre vemos alguns propósitos tais como a glorificação de seu Nome (João 2:11), sua revelação específica, o fortalecimento da propagação do Evangelho (Mc 16.20), dentre outros.
Hb 11.1 – Sem fé é impossível agradar a Deus
Dn 6.27 – Deus é quem opera sinais nos céus e na terra
Sl 72.18 – Nosso Deus é o único que faz maravilhas.
At 4.30 – Os discípulos entendiam que Deus é quem realizava os sinais em Nome de Jesus. Criam nisto e pediram ao Pai.

Vicente Vinicius de Andrade Leão. Bacharel em teologia na ETEADALPE. Mora em Rio Doce – Olinda/PE. É líder de jovens na AD Janga/Rio Doce 1.

Esta é uma questão importante, na qual poucos de dedicam a refletir a achar a verdade em relação a sua resposta. Os milagres no Novo Testamento são sinais e prodígios manifestos em missão, são evidencias que fundamentam as verdades do evangelho de Jesus Cristo e a manifestação da glória de Deus, mas todo milagre tem um propósito evangelístico. Em Atos, nos capítulos 3 e 4, podemos ver relatos que nos dão a ideia deste propósito, quando o paralitico da Porta Formosa é curado, os apóstolos aproveitam para evangelizar e, em consequência do que aconteceu, e do que as pessoas ouviram mais milhares se convertem a Jesus Cristo. A igreja hoje não entende os reais propósitos dos milagres, por conta disso vivem buscando não para promover a glória de Deus, mas para ostentar uma espiritualidade fora dos padrões bíblicos.

Enquanto não houver um real entendimento em relação a utilidade dos milagres na missão evangelística da igreja, continuaremos na escassez dos mesmos. Muitos vivem a expectativa de abrir o mar, mas nós temos que entender que quando o mar se abriu para Moisés, ele estava libertando escravos, se nos disponibilizarmos a libertar escravos do pecado os prodígios nos seguirão.

Pr. Juber Donizete Gonçalves, possui formação acadêmica em geografia e contabilidade. É casado com Ana Cristina, e tem três filhos Lucas, Ana Júlia e Maria Luiza. Pastor auxiliar na AD Missão aos Povos em Uberlândia/MG.

Algumas das indagações que ouvimos por aí são: “O que está acontecendo hoje em dia, que não vemos mais milagres nos nossos cultos?”. Depois, com ar nostálgico, continuam dizendo: “Por que será que os paralíticos não andam, os surdos não ouvem, cegos não vêem, não há mais endemoniados sendo libertos?”, “Por que há tantos crentes morrendo de câncer?”.

Depois vem as “explicações” do tipo: “Isso é porque o povo não ora, nem jejuam mais, como antigamente”, “está faltando fé”, ou ainda uma explicação mais legalista: “Isso é porque o mundo entrou dentro da igreja, alterando os marcos antigos, mudando os nossos bons usos e costumes”.

A queixa de que agora há menos milagres do que em outros tempos, foi feita também no livro de Salmos: “Já não vemos os nossos sinais, já não há profeta, nem há entre nós alguém que saiba até quando isto durará” Salmos 74:9. Houve momentos na história bíblica em que houve mais operação de milagres do que em outros. No ministério de Moisés, tanto na saída do povo de Israel do Egito, quanto durante os 40 anos que passaram no deserto, havia milagres diários, com respeito a provisão de alimentos, água, saúde, e até mesmo na preservação das roupas e calçados que os israelitas usavam. Nos dias de Josué, no ministério de Elias e Eliseu mais milagres.

Já com os profetas canônicos, parecia que a tecla “pause” de milagres havia sido apertada. Havia, mas a quantidade parecia que estava diminuindo, a ênfase agora era mais no poder da palavra profética. Depois 400 anos de silêncio profético canônico, surge João Batista que não efetuou milagres (João 10:41). Então, vem Jesus Cristo fazendo muitos sinais e milagres. Na Igreja Primitiva também havia muitos milagres conforme o livro de Atos.

Nesses 2.000 anos de história da igreja, também ocorreram momentos de maior operação de milagres do que outros. Nos últimos 100 anos, com o movimento pentecostal no Brasil e no mundo, os relatos de milagres foram muitos, alguns testemunhados como legítimos outros foram denunciados como falsos. Na Igreja Católica, para o Vaticano considerar algo como milagre, tem que passar por um processo burocrático. No meio evangélico protestante, o questionamento é menor, quando não inexistente.

Como não sou cessacionista, acredito que os milagres não cessaram com o fim da era apostólica. Creio que existem muitos milagres acontecendo hoje em várias partes do mundo. O problema é que achamos que milagres tem que ocorrer dentro dos nossos templos. Diz o apóstolo Tiago que “toda boa dádiva e todo dom perfeito, vêm do alto, do Pai das Luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. Deus não anda conforme as nossas lógicas. Ele ama a todos. Portanto, ser curado é algo que pode acontecer mesmo quando a gente não tem consciência disso. O Deus que ama não precisa de formulas para intervir. Ele intervém quando quer e como quer. Na realidade todos nós somos curados milhares de vezes nesta vida e nem ficamos sabendo. Sem falar que há uma quantidade enorme de “livramentos” que recebemos de Deus, em relação a coisas que nos atingiriam, e nem ficamos sabendo. Aceite o milagre com toda gratidão!

Carlos Roberto, casado, 34 anos, presbítero da AD em Capinópolis/MG, bacharelando em teologia.

O assunto cura divina perneia o pensamento cristão desde os tempos da igreja de Cristo em seu pós-nascedouro. Os milagres e a contemporaneidade dos mesmos é um assunto que a meu ver, dentro da minha visão de pentecostal clássico ocorrem ainda. Não quero neste comentário entrar no assunto teológico sobre cessacionismo, ou coisas do tipo, mas dar a minha opinião sobre o porque de não ocorrer muitos milagres atualmente como ocorria antes.

Deus é o mesmo? Claro! E a atuação do seu Espírito continua à disposição dos crentes, dos fiéis, e daqueles que estão inseridos no corpo de Cristo. O agravante no que tange a responder as perguntas do artigo do irmão Daladier: Onde estão os milagres? Por que não os vemos hoje? Se dá na condição de vida de muitos crentes de nossa atualidade, que simplesmente não tem compromisso com o dono da benção, só querem os milagres, só querem a cura, não querem ter um relacionamento sério com Cristo.

Outra coisa, o antropocentrismo tem permeado e muito a cristandade atual, por isso a meu ver não ocorrem muitos milagres e curas. Bom, essa é a minha opinião sobre o assunto. Portanto, o cristianismo atual, só terá uma perspectiva de milagres divinos, e carismáticos, quando os cristãos tiverem mais seriedade em sua comunhão e espiritualidade com Cristo, e quando os mesmos se livrarem do seu ego, e se renderem realmente a Deus no momento da cura e na oração, e não usar isso como um destaque para aplausos humanos.

Marcelo José da Silva, evangelista da AD em Abreu e Lima/PE, atua na Congregação Alameda Paulista – Paulista/PE. Bacharel em Teologia (ETEADALPE). Bacharelando em Ciências Sociais (UFRPE)

A paz do Senhor Jesus, pastor. Sobre a pergunta “Onde estão os milagres? Por que não os vemos hoje?” é o que tenho a dizer.

Em primeiro lugar “Onde estão os milagres”. Eu acredito que eles estão onde há fé e o único propósito seja  a glória Deus. E milagre aqui seria qualquer evento sobrenatural que, atuando, manifeste o poder e a glória de Deus; porque é dessa forma que descrevemos toda ação do Espírito em nossas reuniões espirituais.

Em segundo lugar “Por que não os vemos hoje?”. Justamente, por que não vemos não significa dizer que eles não estejam acontecendo.

Os escritores das Sagradas Escrituras fazem registro do viram e, outros, do que puderam apurar nas suas investigações e acreditaram piamente no que ouviram.

Eu creio na intervenção de Deus nas vidas humanas para curar e manifestar o seu poder, para glória do seu nome. Porque se creio na Sua existência devo também acreditar no que ele pode fazer. Todos nós já fomos alvo de um milagre, mas a questão, muitas vezes, é saber da dimensão que esse milagre tem. Para muitos, um milagre somente pode ser legítimo se for dentro de uma grandeza paradigmática, ou seja, dentro de um padrão pessoalmente estabelecido e aceitável. Se nos debruçarmos  numa pesquisa séria também iremos encontrar muitos milagres semelhantes àqueles registrados nas Escrituras. E se os mesmos milagres na mesma dimensão pudessem ser vistos por nós, o que isso mudaria na igreja (local) que estamos construindo, o que isso iria mudar no “exercício da nossa salvação”? Eu creio no Deus que cura. Eu oro por cura. Eu espero na vontade do Pai.

Zwinglio Rodrigues, palestrante, mestrando em Educação – PPGED, UESB

Por que milagres não acontecem com freqüência hoje?

E estão acontecendo milagres com alguma frequência hoje? Não sei. Como se pode dizer que milagres não ocorrem com frequência hoje? Todos os casos alegados foram averiguados em todos os lugares para se definir com exatidão o que se pretende com o vocábulo “frequência”? A respeito das alegações da ocorrência dos milagres sei que elas existem, mas responder a pergunta proposta é muito difícil. São questões que me ocorrem agora.

A seguir, escreverei um parágrafo dizendo por que creio na possibilidade de milagres ocorrerem, e, depois, noutros parágrafos, indicarei duas razões que podem ser obstáculos à ocorrência de milagres. Não levarei em conta aqui o milagre do novo nascimento, mas falarei sobre milagres sempre pensando em ressurreição de mortos, cura de cegos de nascença, paralíticos deixando cadeiras de rodas, amputados tendo de volta o membro arrancado, etc.

Um milagre é a ação de Deus sobre a natureza, a qual ele não viola, pois a natureza é obra de Suas mãos conforme entende o teísmo. Deus, o Criador de todas as coisas, tem autoridade sobre toda criação e pode agir miraculosamente no Universo. Esse Deus ressuscita os mortos, cura os cegos, faz os paralíticos andarem e devolve o membro ao amputado. É isso que ensina a Bíblia. Por tudo isso é que creio em milagres. Qualquer coisa diferente disso pertence aos argumentos deístas e ateístas.

É certo que nas Escrituras por vezes Jesus realizou milagres sem a manifestação da fé de pessoas abençoadas com milagres. No entanto, me parece que esse não é, digamos, o expediente preferido pelo Senhor para realizar milagres. A manifestação da fé é um ato de perfeito louvor a Deus e o ser humano foi criado para isso. A incredulidade expulsa o Senhor do coração do homem e da igreja. Penso que a incredulidade é o maior dos obstáculos à operação de maravilhas.
Mas a igreja é incrédula? Bom, do modo como a tenho enxergado, sim. Uma igreja dada ao pragmatismo, secularismo, hedonismo, ufanismo, etc., pode ser uma igreja de fé? Penso que não, pois essas coisas são ofensas terríveis ao Senhor da igreja. Sem fé é impossível agradar a Deus. Em uma igreja com esses adornos o poder do céu entra em curto-circuito.

Outro obstáculo é o pecado. O pecado é um entrave à manifestação do poder de Deus no tocante às operações de maravilhas. Ele faz com que os crentes despenquem das elevações espirituais e dos labores prodigiosos. Onde há pecado cultivado não acontecem milagres. Jesus disse a igreja de Éfeso que caso não houvesse a experiência da metanoia o poder divino se manifestaria apenas para a “remoção do candeeiro” (Ap. 2:5), o que significa a extinção da comunidade local. É sabido que o testemunho cristão em Éfeso foi desaparecendo aos poucos até extinguir-se, ressurgindo séculos depois. Portanto, repito: no pecado e sem arrependimento o poder de Deus só se manifesta para juízo e não para realizações miraculosas. Mas a igreja está em pecado? Lembremo-nos dos “ismos” citados acima em encontremos a resposta para esta pergunta.
Em linhas gerais, é isso que tenho a dizer na tentativa de satisfazer, ou não, à pergunta razão da escrita dessas linhas.

Victor Leonardo Barbosa, graduando em Teologia pela Faculdade Teológica Batista Equatorial, mora em Belém/PA

Por que não há tantos milagres hoje em dia? Há várias respostas possíveis. Eu particularmente não adoto uma visão limitadora dos milagres na era apostólica, nem tampouco chego a afirmar que a era apostólica, pelo fato de ter aspectos singulares, necessariamente proveria mais milagres hoje em dia[1]. O fato de Lucas terminar Atos de forma abrupta nos dá uma boa indicação até mesmo para a história eclesiástica; Ainda estamos na era da igreja, ou caso se aceite este termo, dentro da mesma “dispensação” de Atos. Não temos mais os apóstolos com o “A”, haja vista estes terem sido escolhidos para serem as colunas da igreja, porém a era do Espírito em Pentecostes não cessou com os apóstolos, pelo menos, não há nenhuma indicação disto em Atos nem nas epístolas.

Então, por que não experimentamos uma linha frequentes de milagres ou sinais hoje? Certamente devemos ponderar alguns fatores importantes: Mesmo nas epístolas paulinas, vemos que as igrejas nem sempre tinham a mesma rotina de Corinto. No caso dos Tessalonicenses havia inclusive um certo menosprezo pela profecia (1 Ts 5.19-20). Na carta aos Efésios Paulo os insta a serem cheios do Espírito (Ef 5.18-19) , mas não há ênfase aos dons de cura como visto em Coríntios, mas aos dons ministeriais e à guerra espiritual. Deve se levar em conta dois aspectos: A cura divina e o dom da cura (ou “dons de cura”, cf 1 Co 12.28) são dados de acordo com a vontade de Deus e para a edificação da igreja, logo a segunda razão pode ser vista como uma derivação lógica da primeira. Há igrejas que possuem outras necessidades espirituais e acabam por exercer outros dons do Espírito ( 1 Co 12.29). Por isso, o fato de uma igreja local não apresentar determinado dom não implica falta de fé ou espiritualidade, mas sim pela mesma apresentar outra necessidade particular (o que obviamente não anula a busca do crente pelos dons espirituais, nem tampouco a igreja estar aberta à intervenção sobrenatural do Espírito).

Há, porém outros fatores, como também vistos no decorrer da igreja: esfriamento espiritual, incredulidade e um conformismo não bíblico. Tais elementos foram crescendo de tal forma no século III, que até mesmo o pai da igreja, Tertuliano, se juntou ao Montanismo, em busca de certo vigor espiritual (ainda que, no dizer de Van Campenhausen, ele nunca deixou de ser o que sempre foi[2]). Isso, por vezes, é perceptível em púlpitos ao redor do Brasil. Antes a cura era afirmada como algo real, sendo que não se ignorava a realidade da doença. Porém hoje o crente pode “decretar” sua “saúde perfeita”, antes mesmo de ficar doente! A preocupação com o sucesso financeiro sufoca a busca pelo dom da sabedoria, ou dos dons miraculosos como línguas e outros sobrenaturais como o discernimento de espíritos. Não se pode esperara a manifestação do Espírito quando uma igreja se afasta para milhares de quilômetros para longe.

Resumindo, porque não vemos tantos milagres hoje: a resposta pode ser dividida em três aspectos[3]: A soberania de Deus em operar como lhe apraz, as necessidades espirituais da igreja local, ou o afastamento da igreja em geral da vida cristã no Espírito, desassociada da palavra. Qual dos dois últimos fatores está pesando mais na atualidade? Cabe ao leitor refletir.

[1]     Uma excelente discussão acerca desse tópico se encontra no livro Cessaram os dons espirituais? (Vida, 2003), editado por Wayne Grudem e conta com a participação de Sam Storms (continuísta) e Douglas Oss, da Assembleia de Deus nos Estados Unidos.

[2]     CAMPENHAUSEN, Hans Von. Pais da Igreja. Rio de janeiro: CPAD, 2011. p. 200

[3]     Por certo, tais aspectos não são os únicos, outros poderiam ser citados, porém considero estes os mais relevantes.

Conclusão

Os missivistas acima concordam em duas coisas:

1) De fato, há a percepção da necessidade de milagres hoje em dia;

2) A Igreja precisa atentar para o assunto.

Se é assim, que os busquemos!

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