A história da estátua de Nabucodozor, no capítulo 3 de Daniel é bem conhecida. Cantada em versos e prosa. Visito mentalmente a cena em que três jovens são testados e provados. A megalomaníaca ordem do rei era clara: que todos adorassem à estátua que construíra em Dura, tão logo ouvissem os instrumentos musicais. Não sabemos se os músicos se dobraram também, não é tão fácil tocar uma gaita de foles ajoelhado…
O certo é que o desafio surgiu de repente para os jovens. E eles não fugiram à responsabilidade. Instados na presença do rei, disseram: Temos duas alternativas. Sermos queimados ou livrados pelas mãos de Deus. Ambas dependem DEle, NEle confiaremos para a vida ou para a morte. Porém, em nenhuma delas nos dobraremos à tua estátua! Foram lançados amarrados os três, mas o quarto homem os livrou de uma fornalha de alta temperatura. Ficou ao seu lado até o resgate. Quando o milagre surpreendeu sátrapas, sábios, caldeus ao próprio rei e a tantos quantos analisaram as roupas e corpos intocados dos corajosos.
Maravilho-me que aqueles jovens tenham feito uma escolha baseada em princípios. Coisa cada vez mais rara no mundo em que vivemos. O primeiro ingrediente em muitas escolhas nos arraiais evangélicos hoje em dia é conveniência e egoísmo, entre jovens, velhos, pais, mães e líderes. Assim se vai a oportunidade para os milagres acontecerem. Quando princípios são negociados Deus deixa a história à mercê das limitações humanas. Ao confiarmos NEle sua mão maravilhosa faz prodígios em nosso favor. Mesmo que zombem de nós. E aí? Qual vai ser? O escárnio para ver a glória de Deus se manifestar ou o assentimento para salvar a pele?
Os jovens estavam longe do templo, do sacerdote, dos pais, dos demais amigos da sinagoga, não obstante permaneceram firmes em seu coração. Eles estavam perto do Senhor, aonde a obediência toma um lugar eterno. Mesmo que a morte espreite certa, a alma estará atada no molho dos que vivem para Deus. Obedecer é, pois, uma questão de escolha pessoal. As circunstâncias são secundárias. Não há gesto desta natureza que passe despercebido do Criador.
Volto ao presente. E se fosse hoje? Se Nabucodonozor fosse hoje um prefeito, governador ou presidente? Quem sabe muitos líderes evangélicos condescendessem por um momento com sua mitomania, em troca de alguma benesse. Não é assim que as coisas funcionam? Às vezes, não se dobram os joelhos, mas a deslumbrada face diante das ofertas sobejas de facilidades, dos salamaleques, do jeitinho, da bajulação gratuita, denuncia o casuísmo.
São deuses em Dura, a dureza do nosso coração, erigidos para denunciar nossas fraquezas, parte de ferro, parte de barro. Porém, Nabucodonozor não pode ver milagre entre nós. Não há teste, não há provas, somente assentem as mentes grávidas de vantagens materiais. Não há o que Deus socorrer, senão a fé abalada dos crentes verdadeiros.
Os que vencerem, andarão de branco com Cristo…Apocalipse 3:4. Os demais serão lançados na fornalha de fogo que arde milhões de vezes mais que a de Nabucodonozor. Até mesmo os que disseram: Em teu nome, Senhor, eu operei milagres… Não sobrará estátua sobre estátua.