O voto evangélico em Pernambuco
Analise comigo os dados do voto evangélico em Pernambuco. Surpreenda-se com a quantidade e a migração de membros para outras igrejas! Vem comigo!
Meus prezados 300 leitores, vocês sabem que política é assunto explosivo. Este blog já se ocupou muitas vezes do tema. Ao contrário do que se pensa não sou apolítico, nem passo à margem do processo político. Aliás, se analisarem minha timeline no Facebook verão inúmeras repercussões de problemas políticos de nossa região e do Brasil. Mas esse post não é campanha política! Sou, sim, filiado a um partido político. O Novo!
Moderno, viés liberal na economia, conservador nos costumes. Prega a privatização de todas as estatais, especialmente daquelas que prestam um mau serviço, desvirtuam a função do Estado e são antros de corrupção, em virtude de haverem se tornado moeda de troca no jogo político. Foca em segurança, saúde e educação, que são os três princípios constitucionais de amparo ao cidadão. Abriu mão do fundo partidário, vive de contribuições e mensalidades dos seus filiados (que, por sinal é um valor simbólico de menos de R$ 30,00 mensais).
Exerce a verdadeira democracia para a escolha dos seus candidatos. Cada indicação precisa ser referendada pelos demais membros, exige Ficha Limpa, é gerido profissionalmente, etc. Terá poucas chances no plano nacional dominado por caciques. Não é o melhor partido do mundo, nem está isento de falhas, mas seu funcionamento até agora me empolga. No dia em que houver um erro, vou apontar sem problemas. Aliás, se a igreja institucional tem tantos desvios éticos, imagina os partidos?
Concordo que os evangélicos estejam na política, embora reconheça que há pouquíssimas exceções dentre aqueles que não se enlamearam com os corredores do poder. A maioria vai justamente por outro caminho. E mantenho firme a posição de 12 anos (faremos em junho!) do blog: a igreja na política nos termos de hoje em dia é parte do problema e não da solução. Mas não é sobre isso que desejamos falar…
Vocês sabem que há dois grandes ministérios assembleianos em Pernambuco, diversos outros ministérios estaduais, além de inúmeras denominações: presbiterianos, batistas, congregacionais, quadrangulares e suas ramificações. Há também dezenas de ministérios assembleianos de outros Estados atuando ou apoiando igrejas por aqui. Já falamos sobre isso também. De sorte que há: 1.788.973 de evangélicos pernambucanos, 18,88% da população de 9.473.266 habitantes[1]. Traduzindo em miúdos 1 em cada 5 pernambucanos é evangélico. É um excelente número para se repensar as estratégias evangelísticas. Há muito por fazer!
Já os assembleianos são, conforme Censo de 2010, 802.047 pessoas. Esse número pode ter variado de lá pra cá, mas o percentual é muito pequeno mesmo se levarmos em conta que todos os dias alguém se converte em nossas igrejas. Temos, por exemplo, algumas cidades que sofreram drásticas reduções de suas populações em virtude da retração econômica. É o caso de Ipojuca e redondezas e muitas cidades do interior, onde a população foi obrigada a migrar por causa da seca. E há os que faleceram ao longo destes anos. Com boa vontade de sobra não passamos de 900.000 pessoas.
Fizemos um apanhado das cidades da RMR, onde a densidade populacional foi contrastada com a quantidade de evangélicos. Os dados das colunas 3 e 5 se referem às eleições de 2016. A última coluna se refere aos eleitores inscritos em cada cidade retratada, aptos a votar em 2018[1]. Deem uma boa olhada e vamos continuar em seguida (Clique para expandir ou exiba em outra aba):
Logo de saída temos que não existem mais que meio milhão de assembleianos na Região Metropolitana o que enseja uma reavaliação nos números divulgados aos quatro ventos. Eles não correspondem à realidade. Logo que achei esse número comparei com a coluna de evangélicos em geral e percebi um dado colateral importantíssimo: está mudando o perfil denominacional no Estado! Já não temos hegemonia em Paulista, Olinda, Recife, Jaboatão e Ipojuca. A grande exceção é Itaquitinga, mas como a população é pequena a proporção se dilui. Ou seja, uma miríade de igrejas evangélicas tem absorvido os outrora assembleianos! Todos os dias ouço de amigos, obreiros inclusos, que se tornaram presbiterianos ou batistas. Só o tempo dirá se há um desencanto…
Em seguida temos uma média de 69,91% de eleitores sobre os habitantes. Porém, temos uma abstenção de 71,72%. Isso quer dizer: 1) Que nem todos habitantes são eleitores, o que é óbvio (crianças e jovens menores de 16 que o digam); 2) Nem todos eleitores aptos tem interesse em votar. Quase 1 em cada 3 não foi às urnas. A tendência esse ano é que o quadro se complique porque a população está revoltada com a corja de políticos corruptos que temos. Os que se salvam são poucos. Não é raro encontrarmos alguém dizendo que vai anular seu voto. Inclusive, esperemos terra arrasada dos partidos citados nas delações premiadas. Mas, voltemos…
A penúltima coluna traz a projeção de votos sobre os assembleianos, os que votam e os votos válidos. Ou seja, pego o número de assembleianos, multiplico pelo % de eleitores daquela cidade, em seguida, pela % da quantidade de votos válidos. Total: 236.539 prováveis votos entre os assembleianos. De toda RMR!
Eis o mapa do voto evangélico. O quantitativo é importante, mas não tanto quanto se alardeia. Ouço falar de votos prometidos a mão cheias, mas a realidade não é boa para a política em geral, muito menos para os apoios políticos eclesiásticos e a disputa promete ser acirrada. Infelizmente, confirmaremos mais uma vez que pouco ou nada a igreja espiritual irá ganhar com as eleições que se aproximam.
A conferir!
[1] IBGE e TRE/PE
Atualizado em 11/01/2018 com os dados de Camaragibe
Eu tb amo demais a política,e acho lindo quando um politico desempenha bem sua função! agora se tratando de evangélico, sou terminantemente contra a pastor se candidatar a um cargo político! Essa relação não casa, e pastor não foi chamado para isto! Quer ser candidato? Entregue a credencial de pastor e não faça campanha usando o nome pastor! Sei que em nossas igrejas existem membros vocacionados e preparados para representar bem a igreja e fazer a diferença na política, coisa que não vem acontecendo com a maioria dos pastores políticos, e que o mesmos tem nos envergonhados, não é mesmo Feliciano?
Muito bom Pr Daladier gostei da elaboração da pesquisa! Eu mesmo com quase 30 anos de Assembléia de Deus tenho mim identificado muito mais com as igrejas históricas! Vejo no seu modelo organizacional transparência e maior compromisso com a ética e a moral do que a denominação que pertenço onde a política é o conluiu com toda espécie de político ganha tratamento especial!
Paz! Nobre Pastor.
Embora estejamos decepcionados com os políticos, a politica é necessária para a sobrevivência humana. Penso que a Igreja institucional perdeu-se num caminho sem volta(A IGREJA ESPIRITUAL CONTINUA MACHANDO RUMO AOS CÉUS!). Analisando o que foi colocado pelo nobre amigo, acredito que haverá uma grande abstenção no rol evangélico no próximo pleito. Então, aprouve Deus que os Eleitos ao menos tenham temor a Ele. Senão, só nos resta dizer MARANATA!
Análise muito lúcida e detalhada.
Depreendo duas coisas, após a leitura do texto.
A primeira é que a tal jurisdição eclesiástica trouxe muito atraso à Evangelização, pois alguém reclamava o direito sobre uma área, mas não dava conta de alcançar a todos (Pernambuco está abaixo da média nacional de evangélicos).
A segunda constatação é que os “líderes” evangélicos não tem toda essa influência que propagam sobre o voto dos fiéis. Costumam passar a ideia de que o povo, em massa, segue suas indicações políticas, mas os números apresentados dizem que não é bem assim. Parece que o povo está se cansando desse modelo de “candidatos oficiais e ungidos” pelo “ministério” (leia – se pelo pastor – presidente).
Prezado Eli, os número parecem confirmar sua tese. Na cidade do Recife, por exemplo, a candidata oficial a vereador, em 2016, recebeu 14.338 votos. Só que a capital tem 134.124 assembleianos, fora os demais evangélicos e simpatizantes!
Abração!
Eu apoio a bíblia nos mostra que Daniel e José servia a Deus e eram políticos também, e foram fiéis ao Senhor em seu governo. Então porque um pastor não pode ser um político! Se quiserem me bota no partido para sair como veriador es-mi aqui.
Sei que muitos políticos sendo evangélicos ou não contam com os votos da igreja, cabe a igreja ter sabedoria para voltar ou não neste camarada.