Entre Ereque e Assur havia um reino. Não um reino qualquer. Guardava três tesouros. Um, aparente, mesmerizava a atenção de todos. É uma das sete maravilhas do mundo. Um grupo de jardins suspensos rodeados por leões alados de lápis lazúli. Seu construtor, o grande Nabucodonozor, já havia morrido e passado o reino a seu neto-filho: Belsazar. Este herdara toda opulência palaciana e os reis da Terra lhe prestavam tributos. Um exército numeroso e bem treinado garantia a estabilidade governamental.
Havia um outro tesouro. Não muito evidente, porém, aparecia vez ou outra. Era um sábio, que viera de muito longe, algemado e exilado dos seus, a quem Deus dera sabedoria e visões sobre o fim. A escatologia estava diante dos seus olhos e os mistérios profundos do Altíssimo. Era respeitado, tido na mais alta conta dentro do reino. Ele tinha um problema: recusava sempre quaisquer presentes e títulos. Percebia que aquela glória era passageira.
E havia ainda um último tesouro. Este totalmente escondido. Sob permissão divina o avô de Belsazar havia invadido Jerusalém, destruído o templo e o palácio. Não sem antes pilhar todos os utensílios sagrados e depositá-los em Sinear.
Belsazar resolveu causar e deu uma festa. Não uma festinha, mas coisa para milhares de talheres. Mil de seus grandes, suas esposas e seus serviçais comeram e beberam. No meio da festa o rei decidiu trazer este último tesouro para que neles seus nobres pudessem beber até se embriagar. Mas, mal havia iniciado a festança, na parede uns dedos escreveram sua sentença: Mene, mene, tequel, ufarsim! Contou, contou, pesou e dividiu!
Naquele mesmo dia Belsazar deixou de ser rei, e o destino dos outros tesouros o tempo se encarregou de levar. A areia cobriu o esplendor de Babilônia, os tesouros do templo já não mais existem e Daniel faleceu. Mas ele ouviu algo incrível: “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias (Daniel 12:13)”.