Com a posse dos novos e reeleitos prefeitos do Brasil esta semana, fomos surpreendidos com as notícias de alguns deles (Guanambi/BA e Alto Paraído/RO) entregando, por decreto, as chaves da cidade nas mãos de Deus. Ora, ora, sabemos que nada acontece por decreto no Brasil. Já teve até presidente que tentou colocar o país no Primeiro Mundo por decreto. Vou lhes dizer o que penso a respeito.
É de uma tremenda babaquice tais atitudes, ainda que visem a proteção divina e coisas do gênero. Primeiro, não existe mais teocracia. As cidades são governadas democraticamente. Até mesmo em Israel. Em segundo lugar, a entrega de uma cidade a Deus por decreto não tem efeito prático nenhum. A Bíblia afirma (grifos meus): “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra (II Crônicas 7:14)”. Note a gradação: 1) ter intimidade a ponto de se chamar por seu nome; 2) se humilhar; 3) orar; 4) buscar a minha face e 5) se converter dos maus caminhos, então Deus agirá pela cidade.
Antioquia já foi uma cidade celeiro de missionários, onde havia uma igreja vibrante, cheia de mestres, onde hoje é a Turquia. Noventa e nove por cento de seus habitantes modernos são muçulmanos. Essa história de consagrar cidades se parece muito mais com a Confissão Positiva do que qualquer outra coisa. Lembram daquele pessoal que urinava nos quatro cantos das cidades para que a urina do leão impedisse-a de ser tomada por espíritos malignos?
A única cidade na Bíblia que é de Deus é Jerusalém (Salmos 122:6). Mas isto é um propósito divino e tem um significado escatológico. Esse tipo de comportamento registrado na mídia secular só traz inimizades. Como ficam, por exemplo, ateus e adeptos de religiões que creem em outro Deus que não o do prefeito? Se converterão automaticamente? Ou serão convidados a sair da cidade?
Como o segredo de aborrecer é dizer tudo, como diz o Reinaldo Azevedo, essas decisões são iguais à criação de dias específicos para lembrar datas eclesiásticas como o Dia da Consciência Evangélica, Dia da Reforma Protestante, Dia do Evangélico e assemelhados. Muitas cidades do Brasil as possuem. Aqui em Abreu e Lima/PE temos até feriado no dia 31/10. Entretanto, não se faz uma programação à altura do evento. A razão principal é a desunião entre as diversas denominações. Ou seja, temos a data e muitas igrejas não se juntam às comemorações por puro diletantismo. E em muitas não é sequer lembrado. Então, é puro diversionismo! Inclusive, me admira que até pastores tenham se alegrado com tais notícias.
Se os prefeitos de tais cidades não praticarem corrupção, forem éticos e probos, agirem como bons administradores e governarem para todos já está de bom tamanho, Deus será louvado.
Notícia de Alto Paraíso/RO
Notícia de Guanambi/BA