O dia 4 de novembro de 1922 ficará marcado na História para sempre. Nesse dia o arqueólogo e egiptólogo inglês Howard Carter descobriu a tumba de Tutancâmon (em egípcio: Tut-Anj-Amón), na região do Vale dos Reis, em Luxor, no Egito, margem oeste do Rio Nilo. Esta foi a tumba faraônica mais bem conservada e intacta já encontrada no Vale dos Reis. Porém, só foi aberta no dia 16 de fevereiro de 1923.
A tumba, pequena para o padrão dos faraós e que por isso dificultou sua descoberta, continha além dos restos mortais, inúmeras joias, entre elas um trono e uma coroa dourados e vários baús com preciosidades, como, também, quatro bigas. Somente a máscara mortuária, de ouro e lápis lazúli é um tesouro imensurável. Tutancâmon, que pertence à XVIII dinastia (1336-1325 a.C.), assumiu o trono com apenas 9 anos.
Os egiptólogos não deixaram de notar as sandálias do faraó, nas quais estavam desenhados seus inimigos, para que pudessem passar por cima e pisá-los. Há também textos sagrados antigos em meio aos artefatos. Todos os cerca de 700 objetos só foram retirados da tumba após oito anos de escavações e transportes para o Museu do Cairo, no Egito.
Mas o que Tutancâmon tem a ver com Jó?
Quando o patriarca é abatido pelas vicissitudes de seu sofrimento e perde todos os seus bens num só dia, ele rasga suas roupas, rapa a cabeça e exclama: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor (Jó 1:21)”. Jó reconhecia ali que nada trazemos a este mundo e nada levaremos daqui. Podemos até ser sepultados como Tutancâmon, cercados de riqueza e adornados com ouro e outros metais preciosos, mas isto de nada nos servirá.
A descoberta também serve para que reflitamos sobre a perenidade da vida. Tut, como também é chamado, morreu muito jovem, aos 19 anos especula-se. O Egito de então era a nação mais poderosa do mundo, mas quando o dia chega, morre tanto o rei quanto o plebeu.
Uma última reflexão vai para a impossibilidade humana de mudar a eternidade. Os gregos difundiram a lenda de Caronte, que era o barqueiro que recebia o corpo e o transportava para o outro lado da vida. Por isso, tinham o costume de colocar uma moeda na boca do defunto. O resultado é que o faraó levava muito mais que uma moeda, levava um tesouro. Entretanto, foi achado em seus ossos. Sua alma e seu espírito não encontraram Caronte, nem ninguém que pudesse ajudá-lo, pois depois da morte segue-se o juízo.
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