Introdução
Etapas para a elaboração de um vaso na olaria:
1) Escolher o barro
Normalmente o barro apropriado para a olaria está nas margens dos rios, em locais conhecidos como barreiros. É um trabalho pesado e difícil, requer o transporte de grandes porções do material;
2) Preparar o barro
Envolve duas atividades distintas e complementares:
– Bater o barro, para livrá-lo das pedras e outras impurezas;
– Amassar o barro, para eliminar eventuais bolhas de ar.
Tanto uma como outra atividade visam que o vaso possa suportar o calor. As bolhas poderão fazer com que a peça exploda dentro do forno, durante a queima, como também podem provocar rachaduras em peças que estejam secando.
3) Modelar o vaso
Para modelar um vaso o oleiro, que é o profissional que trabalha na fabricação de peças torneadas, utiliza a roda de oleiro. É uma bancada de madeira, antes movimentada pelos pés do trabalhador através de correias. Hoje em dia o torno utiliza um motor acionado de maneira semelhante às máquinas de costura motorizadas. A roda de oleiro foi inventada na Mesopotâmia, por volta de 4.000 a.C. A atividade de um oleiro requer muita dedicação e prática. O caminho que conduz à perfeição é muito longo. Sua tarefa principal é dar forma a uma porção de barro com as mãos e umas poucas ferramentas, como as que estão ao lado. A argila é colocada no centro de um prato giratório e com os dedos posicionados, externa e internamente, levantam-se as paredes da peça na forma e altura desejada. Simples é descrever o processo, mas só quem é bastante habilidoso e dedicado é que consegue executar eficientemente o trabalho. Notemos que as peças, apesar da habilidade do oleiro, não são iguais, são apenas semelhantes, em grande parte porque o trabalho é manual.
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Vamos ao texto
Jeremias 18:2-6 Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. 3 E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas, 4 Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. 5 Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 6 Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
Destaques
- O desvio de Israel – Jeremias profetizou numa etapa conturbada da história de Israel. Um tempo em que o povo estava desviado do Senhor, indo atrás de deuses falsos. Mas a idolatria sempre anda acompanhada de corrupção moral, distorção doutrinária, indiferença religiosa, prostituição e toda a sorte de pecados que afastam o homem de Deus. Não devemos pensar que acontece diferente em nossos dias;
- A restauração de Deus para seu povo – O chamado de Deus a Jeremias para que descesse à casa do oleiro, tinha o efeito prático de mostrar como o Senhor restaura o povo desviado. O único requisito é se o vaso está ao alcance do oleiro (Jr 18:4). A Bíblia afirma que há situações em que já não há solução para o vaso (Pv 6:14,15; 29:1);
- O barro é básico – Quem dá a dimensão de grandeza é aquele que orna o vaso. O oleiro pega um vaso aleatoriamente e o orna mais do que os outros. É o mesmo barro a demonstrar que Deus não precisa de nada especial para fazer algo belo. Enquanto a beleza do mundo é plastificada e precisa ser reinventada a divina se baseia na simplicidade. Simplicidade interior (caráter) e exterior. O oleiro tem tanto orgulho da simplicidade de seu produto que muitos o assinam ainda mole, para após a queima ficar a marca indelével de propriedade. Assim o Senhor se orgulha de termos seu Santo Espírito (Jo 14:16,17);
- O oleiro (Deus) não é barro (povo) – São elementos diferentes de um mesmo processo espiritual (Is 29:16). Um dos grandes problemas que está destruindo espiritual e materialmente os vasos é a pretensão de dominar a história. Vasos há que não se submetem à vontade do oleiro, querem até mesmo tomar o seu lugar. Paulo afirma categórico: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós (II Co 4:7), donde concluímos que o homem jamais será Deus;
- Cada vaso é diferente – Vimos como através de um processo idêntico vasos são criados conforme o desejo do artífice, mas cada um deles possui uma forma particular e será utilizado de maneira diversa. Paulo afirma aos Romanos: Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? (Rm 9:21). Ainda que sua afirmativa seja em relação àqueles que Deus em sua soberania permite que se percam, podemos aplicar o conceito desta mesma soberania para o fato de que Deus nos criou para propósitos distintos. Esta mesma abordagem se aplica à vida, à profissão, ao casamento, à cargos na igreja e à toda nossa vida. Não deve haver rancor em nós porque isto é assim (Is 45:9). O sábio se alegra naquilo que Deus fez!
- O barro implica em fragilidade – Devemos estar conscientes de nossas fraquezas. Há cinco características no barro:
Cor – De acordo com a sua composição, a argila apresenta-se com cores variáveis (branco, alaranjado ou cinzento). A argila mais pura, bastante mais clara designa-se por caulino. Brancura na Bíblia é santidade (Ap 3:5);
Plasticidade – A argila tem a capacidade de adquirir e manter diferentes formas ao ser trabalhada. Mesmo depois de seca e antes de ser cozida, pode ser novamente trabalhada se lhe adicionarmos água. Devemos ser pessoas maleáveis e flexíveis, mantendo nossos valores inalterados. Não importa que formato tenha a argila, ela não negocia seus princípios (Dn 1:8);
Resistência – É a propriedade que a peça tem de manter a forma dada após secagem e de se tornar mais resistente após a cozedura (II Co 10:18). Quanta satisfação não tem o oleiro após tirar o vaso do fogo?
Impermeabilidade – Depois de cozida e vidrada a peça deixa de absorver líquidos. Que possamos aprender com as garças, que andando na lama para recolher seu sustento, não se suja com ela. Sejamos impermeáveis ao pecado que nos rodeia tão de perto (Hb 12:1);
Sonoridade – Propriedade que a argila tem de emitir sons, através de pequenos batimentos, após a cozedura. Antes do cozimento o som da argila é fofo e quase inaudível. Existem artesãos que fazem desde flautas a berimbaus e bumbos de barro. Há um outro tipo de sonoridade que o cristão deve ter: a do silêncio ensurdecedor do exemplo (II Co 3:3).
Aplicação devocional do texto
Levanta-te – Não podemos entender o contexto desta palavra, senão relembrando como começamos. Jeremias levantou-se dentre a idolatria e outros pecados de seu povo. Ele não se acomodou com o tradicional: É assim mesmo…(Ef 5:14)
Desce à casa do oleiro – A casa do oleiro tem solução para os nossos problemas, mas somente se lá descermos. Quantos já não querem orar? Não querem gastar tempo sendo moldados pelo Senhor?
Deus não desiste de trabalhar por nós e em nós – O Senhor não cansa de trabalhar em nossas vidas (Is 64:4)
Falarei contigo – É a promessa do Senhor para aqueles que o buscam (Jr 29:13). Sua Palavra nos sustenta (Lc 4:4)
Conclusão