Leio no UOL:
A Newsweek, segunda revista semanal de informação mais importante dos Estados Unidos, vai deixar de ser impressa. O último exemplar será o de 31 de dezembro. Depois disso, a revista, que completa 80 anos em 2013, vai circular apenas na forma digital. A notícia foi dada nesta manhã no site da revista, num texto assinado pela editora chefe Tina Brown e pelo CEO Baba Shetty.
O que isso tem a ver conosco? Muita coisa, sob muitos aspectos. Primeiro, se estreita a margem do livro impresso, das revistas e dos periódicos, também. Eles vão sobreviver algum tempo, mas o cheirinho do livro está com os dias contados. Editoras como a CPAD já estão se mexendo, ainda que timidamente, para digitalizar seu conteúdo. As lições bíblicas foram ofertadas em formato digital, porém, temos que instalar um software. Algo contraproducente em termos de tecnologia digital hoje. No máximo, se instala um plugin como o Flash, e o conteúdo é todo visualizado nele dentro do navegador. Acho difícil o formato vingar, apesar da boa qualidade do material. Noto, porém, a timidez da iniciativa. O ideal era que o Mensageiro da Paz e tantos outros periódicos já tivessem sua versão digital há muito tempo. Além do mais os dispositivos portáteis entraram com tudo no mercado.
Segundo, com a massificação digital, observada pela proprietária da Newsweek, é preciso apressar os passos. Ao mesmo tempo que se lançam livros, em formato convencional, as grandes editoras lançam e-books. Mais fáceis de ler, mais adaptáveis aos gadgets móveis. Só não deslancharam pra valer por que as tecnologias anti-pirataria ainda engatinham e seu custo unitário é alto. É uma questão de tempo. Com a produção e venda massificada os custos baixarão. A pá de cal veio com a isenção de impostos, tal qual o livro físico, para os e-books. As livrarias vão sentir o baque, seguindo um processo semelhante às locadoras. As que puderem diversificar o mix…
Terceiro, a margem dos e-books é melhor e sua produção mais rápida que o livro comum. O usuário pode ler trechos e, se gostar, compra. Melhor faz o download. Nada de calhamaços de papel, estantes grandes, coisas do gênero. A diagramação é mais simples, o conteúdo mais diversificado. Até hoje não se inventou um livro de papel que exibisse um vídeo, por exemplo. A Enciclopédia Britânica já entendeu o recado. Após 244 anos, em março, passou a ser uma enciclopédia on-line. A médio prazo não há escapatória.
Quarto, os autores não estão mais presos às regras do mercado. Em tese, ao menos, as editoras priorizam os textos mais palatáveis e populares. Chamativos, mesmo. Aí se forma um time no qual ninguém entra, até conhecer o diretor de redação, o responsável geral, ou ter uma edição de teste que bombou numa editora pequena. Isso é bom porque a margem de lucro aumenta, mas deixa de lado as pessoas que não são da confraria. Participamos de um livro crítico sobre a história evangélica, lançado pela Vida Nova (imagem acima ao lado direito). Tentei fazer uma tarde autógrafos numa livraria evangélica em que tinha um amigo gerente e ouvi: Rapaz, infelizmente, este tipo de texto não é muito palatável… Com o e-book os textos são lançados e quem se interessar compra, sem passar pelo crivo das grandes editoras, atentas somente ao lucro. Já existem inúmeras iniciativas de publicação nesta linha de raciocínio.
Quinto, os blogs e redes sociais se antecipam à informação. Foi isso que tínhamos em mente quando sugerimos ao Pr. Roberto José a criação do portal da COMADALPE. Por sua anuência criamos e estamos implementando o projeto. É, para todos efeitos, um periódico diário noticiando eventos, atualizando informações, interagindo com os leitores, e o custo é infinitamente menor que um jornal ou revista, nenhuma mídia se compara. O público alvo, imensurável. E ainda nem lambemos o miolo do projeto! A blogosfera está aí, falta somente depurar a qualidade. O JN é de noite e agora já tem informação nova rodando o mundo! Até os telejornais terão de se adaptar. Não é à toa que se diz que o Fantástico investiu R$ 6 milhões pra ter o Ronaldo em um dos seus quadros. Estava perdendo audiência porque a maioria das matérias já havia passado.
Assim como falamos aqui sobre a extinção das rádios como as conhecíamos em prol das rádios virtuais, registramos mais esta tendência entre outras. Os programas televisivos evangélicos tendem a desaparecer, seu custo não compensa. Já informei aqui que nenhum programa evangélico dá o retorno do investimento. A maioria é mantida com a pólvora alheia. Dar tiro assim… Eu sei que há casos como a Central Gospel cujas vendas alardeadas aumentam a cada dia. Mas o portfólio da editora se concentra no chamariz ministerial de seu proprietário. Quando falecer (e desejo vida longa a ele), a curva cai. Não há dúvidas disso. Aliás, boa parte das vendas da CPAD consiste no seu vínculo com a denominação. Mas aí é reserva de mercado e não competência. Ainda que eu reconheça que a CPAD tem se profissionalizado, com investimentos de grande porte na infraestrutura e a qualidade de suas lições, por exemplo, é excelente. Basta visitar uma livraria para constatar as mudanças, tentando se desvincular para não morrer na praia. Dia desses encontrei até livro de Cabala na filial Recife (pra ninguém dizer que é mentira tirei uma foto do livro na prateleira)!
Um modelo bastante aplicado Brasil afora é empurrar livros, revistas e jornais para os obreiros nas igrejas ou nas ruas, como fazem as Testemunhas de Jeová. Sob pressão as vendas aumentam, mas o material é cada vez menos lido. As pessoas preferem ler num computador! Seja ele um notebook, netbook, desktop ou tablet. As metas podem até ser alcançadas, já ler…
O futuro está dado. Não se trata de capricho, querer, ter algo pra chamar de seu, temos que olhar para onde o vento está soprando. E ajustar as velas.