Os personagens de Gênesis nem sempre souberam ou não conseguiram controlar o ímpeto sexual. Alguns deles foram muito ousados em matéria de sexo. Houve muita coisa feia, como abuso sexual, estupro, prostituição e adultério. Esses desvios foram cometidos por iniciativa de homens e mulheres, de jovens e adultos, por pessoas que tinham compromissos religiosos e por pessoas desligadas da fé.
A mulher que sugeriu ao marido que se deitasse com outra mulher
Em duas ocasiões, para proteger a sua vida, Abraão portou-se de modo muito estranho ao esconder que Sara era sua esposa. Por causa disso, tanto o rei do Egito (Gn 12.10-20) como Abimeleque, rei de Gerar (Gn 20.1-18), tomaram-na como mais uma concubina. É bem provável que o primeiro tenha chegado a coabitar com a mulher de Abraão, o que não aconteceu com Abimeleque (Gn 20.4). No caso do Egito, Abraão era um recém-chegado de Ur e sua fé estava em seu estágio inicial.
Outra coisa que demonstra a influência da cultura da época é a proposta que Sara fez ao marido: “Já que o Senhor não me deixa ter filhos, tenha relações com minha escrava; talvez assim, por meio dela, eu possa ter filhos” (Gn 16.2). O texto diz que “Abraão concordou com o plano de Sara”. Além da ingenuidade de ambos, pesa sobre eles o pecado grave da falta de confiança na promessa de Deus de que teriam um filho, que de fato nasceu quinze anos depois do nascimento de Ismael. Esse sério desvio de rota traçada por Deus trouxe muitos problemas para todos.
As moças que se deitaram com o próprio pai
As duas moças solteiras tinham acabado de escapar com vida de uma catástrofe natural que destruiu por completo Sodoma e Gomorra e outras localidades por perto. Entre os mortos estavam os noivos delas e a própria mãe. Elas e o pai foram morar numa caverna numa região montanhosa. É difícil imaginar a situação emocional de Ló e suas filhas, sozinhos no mundo, depois de perder tudo e ainda enlutados. O que mais preocupava as meninas era a aparente dificuldade de conseguir maridos e gerarem filhos.
Diante do problema, elas optaram por uma solução imediatista, que exigia um procedimento de ética duvidosa. A mais velha propôs à mais nova: “Vamos embebedar nosso pai com vinho e nos deitar com ele. Ele poderia nos dar filhos. É a única chance de manter nossa família viva” (Gn 19.32, AM).
Naturalmente, a clássica permissividade sexual de Sodoma abriu caminho para o incesto (união sexual ilícita entre parentes consanguíneos). Ambas as sobrinhas-netas de Abraão estavam no período fértil, e o pai, inconsciente por causa do álcool, as engravidou. Nove meses depois, Ló era pai e avô de duas crianças que deram origem a dois povos – os moabitas e os amonitas.
O que aconteceu não deixa de ser um crime de abuso sexual.
O príncipe que se deitou com uma jovem de outro país
A jovem foi visitar suas amigas numa localidade próxima. Um rapaz, chamado Siquém, filho do chefe local, “pegou-a e a forçou a ter relações com ele” (Gn 34.2). O nome desse crime é estupro. A moça se chamava Diná e era filha de Jacó e Lia, sua primeira esposa. Esse acontecimento teve sérias repercussões: dois irmãos da moça violentada, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, forjaram um plano de vingança que acabou com a vida de Siquém, seu pai e todos os outros homens da cidade.
O rapaz que se deitou com a mulher do pai
O outro escândalo sexual envolvendo a família de Jacó foi ainda pior. Rúben, o filho mais velho, teve a ousadia de invadir a privacidade do pai e teve relações com Bila, a quarta esposa de Jacó (Gn 35.22). O pai de Rúben nunca se esqueceu da loucura cometida pelo rapaz. Poucos anos antes de morrer, aos 147 anos, morando no Egito, Jacó reuniu os doze filhos para se despedir deles e abençoá-los um por um. Por ordem de idade, o primeiro foi Rúben. Ao colocar suas mãos sobre a cabeça dele, o velho patriarca disse o seguinte (na presença de todos):
“Rúben, meu primogênito, minha força, primeira prova da virilidade, maior em honra, maior em poder. Mas, como água que se derrama de um balde, você não será mais o maior, pois subiu ao leito nupcial de seu pai, você subiu à minha cama e a profanou” (Gn 49.3-4, AM).
O viúvo que se deitou com a nora
Judá era irmão de Rúben (aquele que abusou de uma das mulheres do pai), de Diná (a moça abusada por Siquém) e de Simeão e Levi (a dupla que covardemente assassinou a população masculina da cidade de Siquém) e sogro de Tamar. Com a morte do primeiro marido, Tamar casou-se com o cunhado, que também morreu. O sogro prometeu dar a ela o terceiro filho, mas não cumpriu a palavra. Indignada com o sogro, Tamar bolou um plano para vingar-se dele. Ela ocultou a sua identidade e trocou as vestes de luto pelas vestes de prostituta. Ao passar por ela e sem saber que era a sua própria nora, Judá a abordou e disse: “Você quer ir para a cama comigo?” (Gn 38.16). A essa altura, Judá já tinha perdido a sua esposa. Com a promessa de que lhe enviaria um cabrito como pagamento da relação, os dois viúvos foram para a cama. Por estar no período fértil, Tamar engravidou do sogro. Por vê-la grávida, o povo começou a fofocar. Quando a notícia chegou a Judá, ele determinou que ela fosse queimada viva. Antes, porém, ela revelou e provou que o pai da criança era o próprio sogro (até então Tamar não sabia que estava esperando gêmeos). Quando Perez e Zerá nasceram, Judá tornou-se pai e avô deles, o mesmo que aconteceu com Ló. Depois do escândalo, Judá reconheceu humildemente: “Ela tem mais razão que eu; pois prometi casá-la com meu filho Selá, mas não cumpri a promessa” (Gn 38.26).
A mulher casada que tentou dormir com um jovem solteiro
A última imoralidade mencionada em Gênesis diz respeito à mulher de Potifar, alto oficial do exército egípcio e um homem muito rico, em cuja casa trabalhava José, filho de Jacó e Raquel. Ela convidou insistentemente José para se deitar com ela. Mas o rapaz não era igual aos seus irmãos Rúben e Judá e resistiu à tentação.
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