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Marcelo Rezende: a morte venceu a fé?

A fé que a morte não vence

Faleceu hoje um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro: Marcelo Rezende. Nascido a 12 de novembro de 1951, em São Paulo, foi o protagonista de grandes furos de reportagem. Quando se sabe que não era jornalista por formação, nos apercebemos mais ainda de suas qualidades profissionais, uma vez que esteve nas editorias de grandes veículos brasileiros.

Confesso que não o acompanhava, especialmente em suas participações em programas sensacionalistas nos últimos anos, aliás, não acompanho nenhum do gênero. Não é esta a questão, este post não discute esteticamente os programas televisivos.

Marcelo Rezende luta contra o câncer com fé

Nos últimos meses, já sabendo da doença e procurando amenizar o choque do tratamento, Marcelo Rezende mudou. Dava prioridade a medicamentos fitoterápicos e terapias alternativas. Nas diversas entrevistas sempre salientava ser um homem de fé. Alguns dos interlocutores mal disfarçavam o incômodo com essa posição. E não poucos tentaram demovê-lo. O mundo vive tão carente de demonstrações de fé, que quando elas acontecem as pessoas vão da vibração à descrença.

Por outro lado, ouço sempre como a dor de um diagnóstico pode embotar alguns sentidos. Não raro a pessoa tende a procurar pecados, justificativas. Passada a fase inicial, vem a negação. Num dia em que o doente acorda melhor já acha que foi curado, quer abandonar o tratamento. No outro vem a recaída e o desespero. E a vida vai seguindo até que chega ao fim. Como chegou para o Marcelo Rezende.

Corta para o mundo evangélico!

Não é raro encontrar em nossas igrejas muitas pessoas que abandonam o tratamento convencional ou porque oraram e, genuinamente, receberam uma direção de Deus neste sentido, outras ouviram uma profetada, outras atribuíram a si mesmas a profecia que era para outra pessoa. Outro grupo maior está agora decepcionado, porque dava como certa a cura e ela não chegou. E seu(s) ente(s) querido(s) se foi(ram).

Já lutamos em família com pessoas doentes que foram tragadas assim. Gente boa que a morte foi levando um pouquinho a cada dia e nossa oração parecia não fazer efeito algum, a não ser apaziguar a dor e criar um clima de amizade e quebrantamento. O mesmo aconteceu a vários amigos e amigas, cuja lembrança se resumiu a uma lápide ou às fotos e brincadeiras na memória.

Em casos como o de Marcelo Rezende a morte venceu? A fé não vale nada? O que faltou para a cura?

Não vou adentrar nas razões que levaram o jornalista a abandonar a terapia convencional, nem julgarei sua decisão. Como pastor nossa intenção é refletir sobre este assunto tão sério. Não o poderíamos fazer distantes do livro sagrado.

A Bíblia é maravilhosa porque retrata tão bem algumas situações, mesmo quando não as queremos enxergar. Um dos casos emblemáticos é o de Jacó. Ele vivia como aproveitador barato, quando encontrou um anjo. Temeroso de seu destino estaria prestes a perder a vida para seu irmão Esaú, a quem enganara anos antes. Numa luta com o anjo foi agraciado com um toque no tendão da coxa que o deixou mancando pelo resto da vida (Gênesis 32). O que dizer de Paulo, que a muitos curou em suas andanças missionárias, mas viveu doente até sua morte (II Coríntios 12:7ss)?

Muito bem, o senhor está divagando… Deus cura ou não?

Claro! Jesus cura e tem poder para isso. A Bíblia conta que Ele tomou sobre si as nossas enfermidades (Isaías 53:4). Mas não na medida que pensamos. Mas… não esqueça da outra assertiva bíblica, aquela que está em Mateus 13:58: “Jesus não pode curar ali, por causa da incredulidade deles”. Sim, a falta de fé pode impedir o agir de Deus! Mas muitas vezes Deus não quer fazer. Por que? Não sabemos!

Certa irmã perdeu seu filho de maneira trágica. Correu até o pastor em prantos: “Onde estava Deus quando meu filho morreu, que não fez nada?”. Por direção e sabedoria divina o pastor respondeu: “No mesmo lugar em que estava quando o filho dele morreu na cruz e Ele não fez nada!”. Então há muitas variáveis envolvidas. Não é um mero orar e ser curado. Ou não. Em todas estas coisas prevalece a vontade de Deus.

Tenho dito aqui que precisamos do dom de curar. É um presente à disposição de todos os que creem e buscam. Mas Jesus só fará tão e somente a sua Vontade através de nós. Quase sempre não entendemos isso. Muito menos sabemos como funciona. O mestre mesmo provocou a ira dos seus ouvintes com o seguinte argumento: “Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome; E a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva. E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro” (Lucas 4:25,26).

Até mesmo a fé, por si só, tem paradigmas complicados. O que dizer daquele homem de Lucas 9:24, que bradou a Jesus: “Senhor, ajuda a minha incredulidade”? De Malco que foi curado sem pedir (João 18:10,11)? Um pede e ora muito e demora a receber. Outro ora pouco e recebe. Um recebe logo, outro demora a receber a cura.

Já vi, li e ouvi de Deus operar milagres tremendos. Conheço bem de perto a história de uma cantora que adoeceu gravemente de um câncer. Jovem e vívida, definhou e estava só a sombra. Os médicos a desenganaram e ao tentar fazer a cirurgia diagnosticaram que seu câncer havia entrado em metástase, fecharam a incisão e a enviaram para casa. Foi aí que um milagre aconteceu. E está viva e saudável para contar a história. Li de pessoas curadas de AIDS e outras doenças graves. Mas nem sempre isso acontece.

Concluindo…

Prezados, gente muito melhor que nós faleceu e está sepultada. Lembrei agora do Joel Carlson que sucedeu Adriano Nobre no trabalho no Estado de Pernambuco. Este irmão contraiu tifo ao batizar um doente em águas! Faleceu dias depois. Do ponto de vista humano, como compreender uma coisa tão terrível? Grandes missionários, teólogos, visionários, pregadores, pastores, partiram em dores e grande sofrimento. Só para falar dos grandes segundo os homens. Mas há também milhares de pessoas humildes, que passariam despercebidas em qualquer de nossos grandes eventos. E para Deus tinham um valor inestimável. Foram embora, porém, em grande agonia…

Desesperança? Melancolia? Resignação? Não! De forma alguma. Só constato que cada caso é um caso. Devemos ter cuidado ao abandonar os cuidados médicos. A eles foi dada a sabedoria do exercício de uma profissão importante: cuidar da saúde. Sabemos que há muita picaretagem, muito placebo, muita lucratividade dos grandes laboratórios em cima do sofrimento das pessoas, mas os próprios donos dos laboratórios morrem das mesmas doenças, não é? E se Deus quiser curar, não há força humana capaz de impedir!

Não, a fé não foi vencida pela morte. Aliás, de repente, Deus está curando no momento em que escrevo estas linhas, longe da minha limitada luneta. E há a batalha final. Não, não é essa do dia, nem de amanhã quando outros partirão. A fé triunfará, porque aqueles que morreram crendo (não sei se é o caso do Marcelo Rezende) ressuscitarão para uma vida em que não haverá mais dor, nem doenças, nem morte (Apocalipse 21:4).

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