Vez ou outra recebo um questionamento sobre a diferença na quantidade de livros entre a Bíblia Católica e a evangélica. Uma tem 72/73 livros e a outra 66. Quem está com a verdade? Qual o número correto de livros? Vamos por partes.
Primeiro, o acréscimo está no Velho Testamento. Ok? Então a Igreja Católica adicionou:
1. Judite e Tobias
2. Sabedoria de Salomão;
3. Eclesiástico (não Eclesiastes);
4. Baruque;
5. I Macabeus;
6. II Macabeus
Além de acréscimos a Ester e Daniel.
Segundo, temos a questão: Por que a igreja evangélica não aceita tais livros? A explicação é a seguinte: Desde 445 a.C. os judeus, guardiães do Velho Testamento, sob a liderança de Esdras, organizaram os 39 livros que o compõem. Em 90 d.C. novamente se reuniram em Jâmnia e ratificaram aquilo que já estava reconhecido entre eles. Os demais livros, citados acima, foram reprovados como apócrifos, ou seja, livros cujo conteúdo era doutrinariamente errado.
Por que a Igreja Católica decidiu incluir tais livros?
Ora, porque eles apoiam algumas teses estranhas aos demais livros, como a oração pelos mortos.
É muito simples ao leitor decidir quem está com a razão, basta perguntar: Quem são os guardiães do Velho Testamento? Os judeus, ora! Quantos livros tem a Tanach (O Velho Testamento hebraico)? 39. Basta juntar aos 27 do Novo Testamento e decidir. Lembrando que os judeus não acreditam em Jesus e, consequentemente, no Novo Testamento. Outro detalhe importante: é que a estrutura da Bíblia hebraica é diferente. Eles tratam 1 e 2 Reis como um só livro. Assim o fazem com 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas. Os doze profetas menores tratam como um só livro, etc. O que significa que se formos procurar a exata ordem dos livros que temos em nossas Bíblias não vamos encontrar, mas o conteúdo de nossos 39 livros é exatamente o mesmo da Tanach hebraica!
E as versões? Por que há tantas?
Como livro a Bíblia participa do processo dinâmico de adaptação da língua na qual é traduzida. O português mudou ao longo do tempo. Palavras foram criadas e acepções das mesmas foram alteradas. Por exemplo: não existia a palavra você há 200 anos! Era vossa mercê e era uma palavra formal, utilizada para pessoas de respeito, utilizada nas primeiras traduções de nosso idioma. Hoje, você é uma palavra utilizada no dia-a-dia das pessoas, dirigida a qualquer um.
Outro aspecto é a descoberta de originais que aclaram palavras do texto. Devemos lembrar que a Bíblia foi escrita em três idiomas: hebraico, aramaico e grego. Algumas palavras não são compreensíveis hoje, porque os próprios idiomas originais sofreram o processo de transformação de que falamos. As descobertas arqueológicas vão trazendo estas informações e alterando traduções. É importante frisar que a mensagem central da Bíblia não muda, o que muda com as traduções é a adaptação a novos padrões lingüísticos.