A prisão do Pastor Marcos Pereira surpreendeu a comunidade brasileira, especialmente, a fatia evangélica. Há um ano tinha lido a VEJA, que tanto abordou a atuação espiritual do pastor, quanto as acusações que pesavam contra ele. Eu tenho apenas 43 anos, mas já vi muitos filmes deste naipe. Não descreio da igreja enquanto noiva inefável do Cordeiro, mas a cada dia confirmo tudo aquilo que vocês, meus dez leitores assíduos, estão acostumados a encontrar aqui.
Este é um blog de reflexões. Não vou ecoar notícias do caso. Vocês as teriam às pencas no Google. Minha preocupação é com as lições. Vamos por partes:
1) A mim causava indagações a preocupação beirando à misoginia do ministério chefiado pelo pastor em como vestir as mulheres membros de sua igreja. E se agravavam com a exaltação do modo de vestir das seguidoras do pastor. Sou um defensor do modo comportado de vestir das mulheres, tanto quanto dos homens. Afinal o exterior exprime o interior. Mas quando as boas e sãs medidas no que tange aos costumes são tomadas de maneira exagerada, há algo errado. O exagero, por vezes, embute o deslumbre, aquele sentimento de desejo sublimado pela ordenança. Aqui e acolá ouço ecos dos problemas causados por tal exagero. Por fim, há de se notar os ternos bem cortados do Pr. Marcos Pereira em contraste com a monocromia de suas seguidoras. A julgar pelas notícias, não deu outra.
De fato, há obreiros brincando com esta dicotomia, seja fisicamente, ou na mente, ou na internet, num jardim, numa secretaria. Não importam, porém, os meios ou se o pecado é potencial ou consumado. Mas é pecado. Os casos se sucedem de maneira assustadora. Dias atrás recebi a notícia de um pastor, em outro Estado, que levou uma das irmãs de sua própria igreja ao motel e gravou a cena toda. Sua carnalidade não se contentava apenas em desejar, numa primeira etapa, nem em consumar, numa etapa seguinte, mas em alimentar a rede de exposição. Satisfazendo não apenas o homem sexual, indo ao ponto de pavonear-se diante dos demais. O vídeo foi parar na web (não era isso que ele queira quando gravou?) e ele abandonou a cidade na qual aconteceu a história e aonde exercia o pastorado. A lição é dura, mas é real. Quantos obreiros não jazem caídos nesta vala? E quantos estão analisando a profundidade dela?
2) Apesar de admirar o trabalho feito nas penitenciárias, fato que já foi destacado em posts aqui, causava urticária o método empregado em tal mister. Os gritos, a tendência megalomaníaca midiática depunham contra a simplicidade preconizada nos evangelhos. Passou despercebida para a maioria, talvez, porque os tempos que atravessamos são propensos a tais comportamentos. Hoje, pregador bom não é o que com paciência, temor e espiritualidade expõe a Palavra de Deus. Mas aquele que manipula o público, abusa da eisegese e ainda faz campanhas de arrecadação para a Igreja. Minimizam-se os desvios, tolera-se a gritaria, releva-se os exageros. O resultado… Posts abaixo, falamos sobre o GMUH. Um evento cuja tendência é cada vez mais preocupante, mas também tolerado. Por exemplo, o comportamento de se levantar para pular ante uma ênfase maior num determinado momento da pregação (ou melhor, quando um chavão novo é dito, esta é a verdade) está sendo replicado em muitas de nossas igrejas. Todo tempo se dava glória sentado, agora tem que levantar e pular?
3) Esta é a enésima vez que toco neste ponto. O Pr. Marcos Pereira teria um ministério abençoado, com estilo próprio e um modo particular de resolver os problemas da comunidade aonde funcionava. Mas precisava se amparar num nome denominacional: Assembleia de Deus dos Últimos Dias. A segunda parte é só um aposto para diferenciar, ao mesmo tempo que se enturma. Basta ver como minimiza na fachada dos templos, como este ao lado. A CGADB faz vista grossa para essa praxe. Qualquer um toma o nome e o coloca em qualquer lugar. Cria uma igreja de fundo de quintal e põe: Assembleia de Deus das Carruagens de Fogo. Pronto. Quando a casa cai, e a julgar pelos argumentos da Polícia o caso é explosivo, quem está na berlinda? Quem? A Assembleia de Deus, ora! Não sabemos quanto tempo vai durar a leniência, mas o prejuízo é mais que evidente. Imagina agora alguém justificar que esta não é a Assembleia da qual faz parte, que esta é uma igreja genérica, etc e tal?
Há inúmeras outras lições, mas meu tempo não dá. O conjunto da obra é digno de pena. Dá dó perceber que a ficha do pastor não caiu. A julgar pelo conteúdo do inquérito, ele ficou anos adulterando e conduzindo o rebanho. Anos pecando e pondo tropeço diante dos demais, de forma lisonjeira e dissimulada. Será um prato cheio para a mídia, que já busca vinculá-lo ao Pr. Marcos Feliciano, para poder jogar todos os gatos num saco só. Em tempos de campanha velada contra vestais…
Finalizo dizendo que devemos orar por nossa igreja e por nosso País. Tais fatos ,apesar de não serem novidade, tem o dom de prejudicar a Obra de Deus, bem a contento do tentador. Se for com a colaboração de algum irmão, tanto melhor para ele. Que Deus no guarde no sangue de Jesus e que cada um esteja seguro em seu próprio ânimo.