Havia uma porta em formato de agulha em Jerusalém?
Vamos por partes. Primeiro, o texto:
E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.Tu sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe. Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades. Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. (Marcos 10:17-25)
Pela enésima vez ouço um intérprete dizer que a afirmação de Jesus se referia a uma porta estreita e de difícil passagem que havia em Jerusalém, pela qual os camelos passavam com dificuldade. Outros que era um portão específico para a passagem dos rebanhos. E há as mais diversas especulações.
Uma das premissas da Hermenêutica é que a Bíblia interpreta a si mesma. Mesmo que para isso tenhamos que lançar mão dos originais. Esta história é recontada por Mateus (19) e Lucas (18). É lá em Lucas que vamos elucidar a questão a partir dos originais. O médico amado, que sabia exatamente a que Jesus se referia, usou o termo:
Ele se referia, exatamente, à agulha de cirurgia! Não muito diferente da agulha de costura. Claro que com a tecnologia limitada da época as agulhas eram maiores que as que temos, mas que era agulha mesmo não tenha dúvida!
Outra coisa importante. Cuidado com a ojeriza[1] que sente pela riqueza em nosso tempo. Não poucos irmãos se acham preteridos em relação a outro mais rico ou com mais anéis. Ou o olham com desprezo. Num país em que construiu certos paradigmas não é de se estranhar. O incrível é ter crentes que perpetuem tal ensinamento radicado no inconsciente coletivo. Na igreja não deve haver pobres e ricos, com alas e salamaleques, mas irmãos. O maior entre nós é Cristo!
Por fim, o que é impossível aos homens, é possível a Deus. O problema do rico não está em Deus, mas na sua autossuficiência. Se ele se arrepender e entregar sua vida a Cristo não há dificuldade alguma em salvar-se. Por outro lado, conheço ricos humildes e pobres orgulhosos. Não é a riqueza que define uma pessoa, mas seu caráter!
[1]Dicionário Michaelis: 1 Má vontade contra alguém, a qual transparece nos olhos. 2 Aversão a uma pessoa ou coisa.
É, dessa eu sabia. Não era uma porta, era uma agulha, de fato!
Muito bom!
Me parece que há algum tempo certos pregadores estão enjoados de pregar a bíblia e em detrimento do simples textos estão voltando a contar estórias. Quando vejo isso, me vem a cabeça a expressão: mais do mesmo!