Li em algum lugar uma certa parábola, que já foi até utilizada aqui em outro contexto. Contava que um homem queria contratar um cocheiro novo para sua carruagem. Vários candidatos apareceram. O teste era simples. O contratador perguntava:
– Quantos metros você se garante antes de desviar uma carruagem de um abismo?
– Dois metros – disse o primeiro.
Ao sair, topou com os outros candidatos e lhes contou como era o teste. Daí em diante cada um começou a se gabar mais.
– Um metro e meio.
– Um metro e vinte.
– Meio metro.
Por último, entrou um candidato que respondeu o seguinte:
– De abismo eu quero é distância.
Foi contratado.
A auto-suficiência é a tônica desses dias desafiadores: Crentes sem medo do pecado, cheios de si, auto-suficientes. E há muitos obreiros entre eles. O Salmo 1:1 é um retrato primoroso do passo a passo para a ruína espiritual. Diz assim: Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Os três verbos hebraicos são de especial importância para o desenvolvimento do tema.
O primeiro verbo, halach, ocorre 1.549 vezes em suas variadas formas. Significa ir, vir, andar. Em várias passagens denota não apenas o aspecto físico do deslocamento, mas a associação nas ideias e comportamentos. O exemplo clássico está em Gênesis 5, aonde está escrito que Enoque andou com Deus.
A segunda palavra é amad, que ocorre 525 vezes. É o verbo que denota a ação de parar, deter-se, estagnar-se, acampar. Por vezes, sua conotação é positiva, como em Gênesis 19:27 e Deuteronômio 4:10.
O terceiro verbo é yashav, significa sentar, habitar, assentar habitação. Ocorre 1082 vezes em suas várias acepções. É o verbo utilizado em Gênesis 13:12: Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma.
A questão levantada é a progressão no pecado. Não se cai do dia pra noite, se dá um passo a cada dia. Paulo escrevendo ao Coríntios, alertou: Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia (I Coríntios 10:12). Primeiro, andamos no conselho dos ímpios, depois nos detemos a ouvir suas ofertas e, por fim, nos achamos assentados em seus prazeres.
Conheci um homem que aceitou Jesus muitas vezes e todas fracassou. Seu fraco era a bebida. Após decidir-se, afastava-se dos bares e similares. Mas um amigo ou outro sempre o chamava. Ele, primeiro, tomava um refrigerante a mesma mesa em que bebiam cerveja ou cachaça. Dias depois não aguentava e caía. Fujamos por nossa própria vida!
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