Falácias sobre o Ministério Feminino
Este texto foi publicado em Junho/2008, há quatro anos, portanto. Nunca li nenhum questionamento aos argumentos. Como o debate recrudesceu sobre o Ministério Feminino… Eu sei que a verdade dói e a história é uma velha matreira…
Já há algum tempo gostaria de escrever algo sobre este assunto, mas não tive tempo. Eis-me aqui agora com um pouco dele a incomodar vocês.
Uma argumentação bastante utilizada pelos contrários á ordenação feminina é que Paulo escreve que o bispo seja casado, marido de uma só mulher… (I Tm 3:2). Segundo tais intérpretes, o apóstolo não diz: A diaconisa ou bispa seja casada, esposa de um só homem… E usam outras passagens com a mesma intenção (At 6:3, 20:28, I Tm 3:8,12,13, Tt 1:7). É uma falácia deslavada. Eu entendo esta questão, como uma dificuldade para compreender construções frasais. Paulo está selecionando um do mesmo grupo. Ele está falando para um grupo de desejosos ao episcopado (por acaso, uma palavra FEMININA no grego!!!!), destacando quais características deviam ter.
Mas, vamos aprofundar um pouquinho (porque minha corda é curta). O DITNT* informa, na história filológica da palavra, que Homero usou pela primeira vez a palavra episkopos (bispo, supervisor), para designar o trabalho de Artêmis como guardiã de uma cidade grega, como se sabe uma deusa. O título também foi empregado por ele para designar autoridades de um estado. Na LXX** era usado para sacerdotes, juízes, feitores e supervisores. Por sua vez o verbo episkopêo (ter cuidado) é usado duas vezes, genericamente, em Hb 12:15 e I Pe 5:2. O versículo de I Pe 5:1 é fundamental para compreender a argumentação do primeiro parágrafo. Ele diz: AOS presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles… Ou seja, Paulo dá o destaque a si mesmo no grupo, um entre os demais.
Outra falácia é que diácono é sempre um termo masculino. A palavra vem de diakonos, em grego, e no texto de Romanos 16, falando de Febe, o NTGA*** traz a classificação do termo como feminino (substantivo acusativo feminino singular). Portanto, em consonância com a mulher a que se refere, que diga-se de passagem, provavelmente é que levou a carta aos Romanos, uma revolução para a época. Esta relevância é corroborada com a declaração de Atos 17:4,12. As mulheres obtiveram na igreja papel de destaque, antes relegado na sinagoga e no templo. Um aspecto esquecido da questão é que I Tm 3:8-11, relata as características dos diáconos e atribui estas mesmas às respectivas mulheres, ops! às mulheres que exerciam o diaconato! Não esqueça da partícula “da mesma sorte”, com a mesma finalidade, e que gynaikos (mulher, esposa) é traduzida aí como esposa em algumas versões, que trazem a mesma palavra como mulher no versículo 12. Por que esta diferença? Equivalência dinâmica? Será que estas características somente seriam afeitas às esposas dos diáconos? E as esposas dos presbíteros?
O mesmo DITNT, falando a respeito de I Tm 2:12, destaca o que já falamos aqui, quando dissemos que Paulo utiliza uma estrutura ontológica, assim como I Tm 2:11-15. Diz o texto:
Paulo aqui declara sua própria posição e praxe, que corresponde à sua posição judaica herdada, e para as quais acha fundamento na criação e na queda.
Esta postura dissimulada de Paulo, era, como já falamos, um eco do que se aprendia na sinagoga. A Meguilá, um dos tratados talmúdicos, dizia: A mulher não lê o trecho da Torá, por amor à honra da congregação. O rabino Eliezer ben Hyrcanos chegou a dizer que aquele que ensina a Lei à sua filha, ensina-lhe estultícia. Outro tratado rabínico dizia: Antes a Lei seja queimada do que entregue às mulheres. E o rabino Judá ben Elai declarava: Deve-se pronunciar três doxologias todos os dias: Louvado seja Deus que não me criou pagão! Louvado seja Deus que não me criou mulher! Louvado seja Deus que não me criou pessoa iliterata!
A mulher, entretanto, como destacou o Paulo Brabo, não chegou a este desmerecimento por ordem divina, como querem fazer crer nossos comentaristas opositores. A Bíblia faz concessões culturais como a escravidão, o dote, a escolha de maridos, que são reprováveis para nós. Isso não visa legitimar tais conceitos, mas apenas registrar sua imbricação****. A tensão registrada nas cartas paulinas retrata a dificuldade de anular conceitos arraigados na mente judaica, assim como ainda os temos hoje.
Um ilustre comentarista, por exemplo, registrou em seu blog que por conta da mulher ser frágil e emocional, haverá mais rupturas na igreja onde ela pastorear! Que falácia! Quantas rupturas não houve em igrejas dirigidas por homens? O ensino de Paulo é tal que ao mesmo tempo que diz: As mulheres sujeitem-se a seus maridos, afirma: Cada um de vós esteja sujeito uns aos outros no temor de Cristo (Ef 5:21)! Como este comentarista entre outros encararia Maria Madalena ungindo Jesus para a morte? Coisa que nenhum homem fez!? Ou sendo listadas na galeria dos heróis da fé, Sara e Raabe? Outrossim, a ênfase no diferencialismo x igualitarismo (que vejam) não resiste a uma exegese de, por exemplo, I Coríntios 7:4 e Gálatas 3:28.
Temos, portanto, que muitas coisas da vida prática da igreja, acontecem em decorrência do que queremos ver e não de como devem ser. Para exemplificá-las recorremos a um texto bíblico. Quando os que estavam reunidos no Cenáculo, em torno de 120 pessoas, homens e mulheres, e se conjecturou que estavam bêbados porque falavam em línguas, Pedro disse: Estes homens não estão embriagados… (Atos 2:13-15). Eram somente homens ali? Será que as mulheres não receberam o Espírito Santo? Vejo em tudo isto um resíduo ancestral da queda, a partir do momento que Eva foi a indutora do pecado de Adão.
Por fim, temos a falácia da modernidade. Segundo seus defensores, a ordenação feminina seria um sinal dos tempos, uma novidade teológica. Cumpre-nos informar:
1) Plínio, imperador romano, registra ter interrogado duas diaconisas da Igreja Primitiva, numa falsa acusação de canibalismo (alguém achava que ele comiam o corpo e o sangue do Senhor);
2) Crisóstomo, em 407 d.C, pastor de Constantinopla, registra ter 40 diaconisas e 80 diáconos. Destacando uma delas, Olímpia, para enviar-lhe várias cartas;
3) As diaconisas deram lugar ás freiras no desenvolvimento da Igreja Católica;
4) No Concílio de Laodicéia, 364 d.C., foi proibido a ordenação de mulheres. Se foi proibido é porque existia!
5) Na obra Constituições dos Apóstolos Sagrados, um manual da Igreja Primitiva, escrita em Constantinopla, no quarto século d.C. é mencionado que uma mulher para ser diaconisa deveria ser virgem ou viúva;
6) O Concílio da Calcedônia, 451 d.C., estipulava que as diaconisas que receberam a imposição de mãos aos quarenta anos, mas se casassem, seriam amaldiçoadas;
7) Em 533 d.C., o imperador romano, Justiniano I, decretou que os estupradores de virgens, viúvas ou diaconisas dedicadas a Deus, deveriam ser golpeados até a morte;
8) Até a instituição do celibato são mencionadas várias mulheres diaconisas, muitas das quais a partir desse instante passaram a não se relacionar com seus maridos;
9) Em 1853 foi consagrada a primeira pastora pela Igreja Unida de Cristo;
10) Em 1940, havia cerca de cinqüenta mil diaconisas luteranas na Alemanha, na Holanda, na Escandinávia, na Suíça e nos EUA. Um dos sites luteranos informa que a igreja possui no Brasil 70 pastoras e 42 diaconisas!
11) 23/04/2005 Cassiane é consagrada a primeira pastora da Assembléia de Deus, Ministério Madureira.
Finalizo, lembrando o que Paulo disse em Filipenses 4:2,3 e destaco o último parágrafo da reportagem da Revista Enfoque Gospel, número 56:
“A mulher na hierarquia evangélica: o pastorado feminino” foi o tema de dissertação de mestrado em Sociologia da Religião da cientista social Maria Gorett Santos. Das 15 pastoras que ela entrevistou, apenas uma teve problemas em seu casamento por causa do ministério. As impressões que Gorett teve foram positivas. Ela ressaltou a preocupação das entrevistadas em equilibrar a família e o ministério, sem ferir o princípio da obediência e da submissão ao homem. A conclusão da estudiosa é que a mulher se torna pastora por necessidade da Obra de Deus e seu discurso não é feminista, já que prega a submissão à figura masculina.
* Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento
** Septuaginta, versão grega do Velho Testamento, escrita por volta de 280 a.C.
*** Novo Testamento Grego Analítico
**** Diz-se das partes de um agregado que se sobrepõem parcialmente umas às outras, como as telhas de um telhado, as escamas dos peixes.
Caro Daladier,
A paz amado!
Fantástica a sua dedicação à luta pastoral feminina.
Siga em frente sem compromisso, ou com compromisso. É importante que as questões sejam seriamente discutidas e sem oblíquo do caso pelo acaso.
Eu creio, e tenho dito há mais ou menos vinte anos que da mesma forma que o diabo tentou EVA, no início… certamente, tentará a muitas EVAS, no Final dos Tempos.
A tentativa de apaziguar as questões referentes a posição do homem e das mulheres, não convergem com simplicidade as informações bíblicas.
Existem melhores alternativas, e bem devidas às mulheres, no curso de uma atuação mais compreensível com as responsabilidades femininas.
A mulher possue como a maior das responsabilidades, a de ser mãe, esposa, serva de Deus e nunca estar no ministério de uma igreja como o cabeça.
A sistemática aquisição do poder das mulheres, é a maior armadilha neste mundo que jaz no malígno.
A mulher pagará um preço bem alto, bem como toda a sociedade, que exclui a cada momento por falta de tempo, a sua genealogia.
A mulher pelo convecimento material, argumenta que não possue mais tempo para exercer o que DEus entende, ser o seu melhor, e com esta decisão, o seu filho ou filha única, não pode se dar ao luxo de ser ao crescer:
Irmão(a),
Primo(a),
Cunhado(a),
Tio(a)
Esta etapa foi eliminada da vida do ser humano, pela NECESSIDADE da mulher ocupar cargos e ministérios.
Não há mais tempo!
É simples a leitura do que consta no Livro de I Coríntios 11:3:
“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.
Se encontrarmos uma mulher na direção de uma igreja como “o” cabeça, não duvido que cabeças vão rolar mais adiante.
Aqui nos EUA, no momento existe uma disputa entre as mulheres brasileiras ao cargo de pastoras, algumas para conseguirem mais destaque se pronunciarão apóstolas.
São brasileiras! Sim… brasileiras que possuem a direção da igreja e MANDAM no seu marido.
Repito: MANDAM nos seus maridos.
Hoje, muitos maridos são chamados de: esposo de PASTORA.
Muitos são considerados frouxos por não saberem comandar as suas mulheres como CABEÇA do Lar.
Encerro por aqui… há muito o que falar e deixarei para uma próxima oportunidade…
Pregar, ensinar, ser palestrante, não garante ser “o” cabeça do casal ou da igreja.
O Senhor seja contigo,
O menor de todos, mas o cabeça do casal.
Pastor Newton, cm td respeito, escreveu muito e…não explicou nada..
Pr. Daladier, meus parabens pela coragem dessa postagem, principalmente na nossa Denominação, onde existem DIVERSAS PASTORAS, não reconhecidas pelo preconceito e por ‘eisegeses” teologicas.Enfim, alguém que tem coragem de se expor.Muito bom mesmo.