O PointRhema, famoso blog, do meu amigo Pr. Carlos Roberto, publicou uma entrevista do Pr. Antonio Gilberto. Entre os temas, um dos prediletos do blog: Ministério Feminino. Vou com ele em vermelho e eu em azul.
Seara News – Um assunto polêmico, cujo debate já dura por décadas, é o ministério pastoral feminino. Hoje algumas Assembleias de Deus já reconhecem a ordenação de mulheres. Existe respaldo bíblico-doutrinário para isso?
Para os que conhecem pouco a história assembleiana, e aqui está o busílis, como diz o Reinaldo Azevedo, até 1930 as mulheres participavam das EBOs e tudo o mais. Há um coitado que criticou uma postagem anterior minha, aonde profetizei que muito breve as mulheres adentrariam tais reuniões. Ele restringiu o problema à minha Convenção, dizendo que em tal lugar sim, em tal lugar não, mas, de fato, elas vão readentrar (nem existe este verbo), pois já entraram várias vezes na história. Depois que Frida pregou em presídios e praças, quando ninguém ousaria fazer isto, idos de mil novecentos e pouco…
Pr. Antônio Gilberto – Não, não e outra vez não! Não existe! Ordenação… Mulheres no Santo Ministério, tanto venham. Inclusive muitas vezes elas fazem o trabalho melhor do que os homens. Mas ordenar para o Santo Ministério, não tem base nas Escrituras.
Como se diz aqui: Cuma!? Vamos detalhar a frase. Se fazem o trabalho é porque lhe damos. São os homens que possuem as prerrogativas para determinar quem vai fazer o quê. Como assim muitas vezes fazem melhor que os homens? Então, há casos de legítima atuação feminina. Vejam a partícula adversativa… A Bíblia proíbe a ordenação, nas palavras do nobre pastor, MAS se lhes permite fazer exatamente o que é prerrogativa da… ordenação. É muito pra minha cachola! Vou tomar um diazepan!
E como é que isso está acontecendo? É a igreja a culpada e a igreja vai prestar conta disso. A igreja que eu digo não é a igreja o prédio, os responsáveis vão prestar conta disso. Jesus nunca ordenou mulheres. O apóstolo Paulo que é um paradigma, não separou, nunca ordenou mulheres.
Vejam que pérola. A Igreja que será culpada por ordenar, não será culpada por enviar missionárias, por exemplo, à revelia da mesma Palavra que ele evoca? Desde o início tenho dito: ou cumprimos o que está escrito ou paramos com essa conversa. Jesus nunca enviou missionárias, Paulo, idem, mas, convenientemente a Igreja o faz.
Agora, mulheres trabalharem no Santo Ministério, tanto venham. Cantoras, professoras de escola dominical e etc.
Não é um primor? Cantora? Poooode! Professora de criancinhas comportadinhas (do tipo que deixam a professora rouca todo domingo)? Pooode! Dirigente de Círculo de Oração Infantil? Pooode! E de Círculo de Oração de Adultos, para orar, em média, quatro horas por semana? Pooode! E por que pode? Ora, porque os ministros e obreiros, mesmo quando aposentados, não querem desempenhar tais funções, terceirizando, por conveniência, a responsabilidade! Quando o Círculo de Oração foi fundado em Casa Amarela, Recife/PE, certamente as irmãs foram pedir para que o pastor permitisse as reuniões, organizasse administrativamente o orgão, etc. Por que ele não disse: Olha, irmãs, não posso permitir tal reunião a menos que um presbítero de minha confiança a dirija? Tanto venham…!
Mas irmão Gilberto, e diaconisa? Lá no livro de Romanos o apóstolo Paulo disse que aquela irmã era diaconisa na igreja de Cencréia. Onde está isso no original? Não existe! Sim, mas o comentário que eu li diz que era diaconisa.
Conversa! No grego está na forma masculina, ou seja, Paulo deixou aquela mulher ali provisoriamente, ou então o trabalho era novinho e não tinha homem nenhum para exercer o diaconato, ele disse vem cá “fulana” (Febe), faz o trabalho aqui, a obra de Deus não pode parar por causa de problema humano. Está no masculino.
Essa ligeireza, com todo respeito, é característica. Viram como ele arruma a solução, rápido, rápido? Certamente lá em Cencréia aconteceu como em muitos lugares. Mandam uma mulher cavar o poço, depois o homem distribui a água. Fui sutil? Como assim, a obra não pode parar por problema humano? É essa a abordagem que o nobre pastor usa para não se furtar a dar sua contribuição ao lado de Marlene LeFever, num Congresso de EBD? Ele estava lá, por que não usou toda ortodoxia para não pregar ao lado de uma mulher? Por que ele não rejeita os convites da Igreja americana que ORDENA mulheres?
Uma vez um pastor presidente de uma grande e renomada convenção, nós estávamos juntos em Goiânia ministrando, e ele no hotel conversando comigo, disse: “estou agora na presidência, vou incentivar, irmão Gilberto, o diaconato das mulheres que está praticamente parado. O que o irmão diz?”
– Eu prefiro primeiro que o senhor que é o chefe, me dê alguma coisa.
Ele disse: “eu me baseio lá em Rm 16, Febe, aquela irmã que era um tesouro na igreja de Cencréia (inclusive quando os irmãos forem a Grécia visitem as ruínas de Cencréia. Eu fui lá visitar, só tem ruínas, e eu fiquei pensando onde é que ficaria aqui a casa dela, porque tudo indica que era uma mulher de muito dinheiro. Paulo disse: “ela me hospedou muitas vezes, e hospedou a muitos”), que era diaconisa, a Bíblia em português diz: que serve ao Senhor na igreja de Cencréia, outra versão que eu tenho diz que ela servia como diaconisa”. Eu me calei, e ele disse: “uma segunda passagem, irmão Gilberto, que eu tenho em mente é lá em Timóteo quando a Bíblia diz: e as mulheres…”
Leiamos a posição oficial da Assembléia de Deus americana (aquela mesma que é a queridinha dos estudiosos brasileiros), sobre quem era Febe:
Phoebe, a leader in the church at Cenchrea, was highly commended to the church at Rome by Paul (Romans 16:1,2). Unfortunately, translation biases have often obscured Phoebe’s position of leadership, calling her a “servant” (NIV, NASB, ESV). Yet Phoebe was diakonos of the church at Cenchrea. Paul regularly used this term for a minister or leader of a congregation and applied it specifically to Jesus Christ, Tychicus, Epaphras, Timothy, and to his own ministry. Depending on the context, diakonos is usually translated “deacon” or “minister.” Though some translators have chosen the word deaconess (e.g., RSV, because Phoebe was female), the Greek diakonos is a masculine noun. Therefore, it seems likely that diakonos was the designation for an official leadership position in the Early Church and the proper translation for Phoebe’s role is “deacon” (TNIV, NLT, NRSV) or “minister.” Moreover, a number of translations reflect similar biases by referring to Phoebe as having been a “great help” (NIV) or “helper” (NASB) of many, including Paul himself (Romans 16:2). The Greek term here is prostatis, better translated by the NRSV as “benefactor” with its overtones of equality and leadership.
Eu disse: Pastor, a passagem de Romanos no original está no masculino, pode pegar qualquer manuscrito bíblico. Ou seja, ou o trabalho era novinho e não tinha homens habilitados, e o apóstolo Paulo um homem cheio do Espírito Santo, a obra de Deus não ia parar por causa de problema humano. Vem cá, Febe, exerce aqui enquanto não se prepara um homem, ou então não sei a razão, a Bíblia não explica, mas está no masculino.
“E lá em Timóteo?”
Pode pegar o termo original que a oração no grego pára, e quando diz as mulheres, são as esposas dos obreiros. Ele parou, e parou até hoje.
Esse pessoal é assim, usa o grego CONFORME a necessidade. Por que não mencionou sinergos, para cooperadores, Áquila e Priscila, em Rm 16:2? Por que ele não falou sobre kopiaô, no mesmo capítulo 16 de Romanos? É o verbo que Paulo usa para o trabalho de Maria (v. 6), Trifena, Trifosa (v. 12)? E não se refere ao trabalho doméstico? Ali mesmo em 16:7 ele cita o caso de Júnias, uma apóstola, mas o termo TAMBÉM está no masculino!? Aliás, sobre Júnias o comum naqueles que condenam o ministério feminino é dizer que é uma variante de nome masculino. Leiamos o que diz o mesmo documento da AD americana:
Junia was identified by Paul as an apostle (Romans 16:7). Beginning in the thirteenth century, a number of scholars and translators masculinized her name to Junias, apparently unwilling to admit that there was a female apostle. However, the name Junia is found more than 250 times in Rome alone, while the masculine form Junias is unknown in any Greco-Roman source. Paul clearly was a strong advocate of women in ministry.
Voltando a pergunta, o que o irmão diz disso? É anti-bíblico. E o que fazer?
Quem estiver fazendo vai prestar conta a Deus. Mas infelizmente não é só ordenação de mulheres, é muita coisa que a igreja decide por ela. Eu podia fazer menção aqui, não vou, não há necessidade. Para ninguém pensar que é só esse fato: São várias coisas que a igreja faz sem ter… Por exemplo, há igrejas que só separam (consagram) obreiros para o diaconato se forem casados, não estou criticando a igreja local, há igreja que só separa (consagra) casados, porque o escândalo está sendo grande de obreiros solteiros. Enfim, a igreja que tomou a decisão, não é a Bíblia.
É verdade, são muitas coisas. Por exemplo, permitir que uma certa Bíblia seja publicada, endossando uma versão totalmente desviada da Palavra de Deus. Cito a Dake, que o nobre pastor como consultor teológico da CPAD defendeu com unhas e dentes. Procurem na web algo a respeito. Nunca vi o nobre falando sobre o empoderamento pastoral assembleiano, sobre o enriquecimento de alguns líderes, sobre a apatia evangelizadora da CGADB e tantas outras coisas…
Batismo em águas: tem igreja que a pessoa se entregou pra Jesus, foi perdoada ali mesmo, foi convertida, batiza na água. Tem igreja que diz: “Não, aqui pra ser batizado tem que fazer um cursinho”. Lá na minha igreja, por exemplo, tem um cursinho de três meses, onde está isso na Bíblia? Lugar nenhum. É a igreja que decide!
Realização de matrimônio, esse caso é mais um, só que este é grave.
Então, em resumo, não tem base na Escritura, nem no Antigo, nem no Novo Testamento. Deus quer a mulher no ministério, quanto mais, melhor, para muita tarefa. Mas ordenação para cuidar do rebanho Deus reservou para o homem. De modo que esse negócio está dando problema. E os que estão na Assembleia de Deus? Vão prestar conta a Deus! Vamos brigar com eles? Deixa pra lá, vão prestar conta a Deus! Esse é que é o problema, a Bíblia diz cada um de nós. Eu vou dar conta e os irmãos vão dar conta também. Se o Tribunal de Cristo fosse coletivo…, mas a Bíblia diz cada um. Então nós temos que pensar nisso.
Engraçado, não vejo os problemas apontados pelo nobre pastor. Leio e ouço sobre o problema de mulheres não ordenadas mandarem em seus maridos, inclusive, com a ordenação de obreiros. Isso no Brasil todo, pois tenho muitos contatos País afora. Ouço falar de sangrias dos cofres promovidas por irmãs insuspeitas, que mal falam ao microfone, quanto mais almejar o ministério. Ouço falar da imposição de festas de aniversário e presentes caros. De compras de imóveis e carros para satisfazer a certas madames. Sem falar nos pecados… Com todo respeito, é como se diz por aqui: é muita falta do que fazer! Queria eu que todos os problemas da AD brasileira fosse a ordenação ministerial feminina. Queria eu…!
Documento da AD americana, aqui.
A entrevista com o Pr. Antonio Gilberto está aqui.