Sou acusado de ser ácido. Muito menos por meus dez leitores cativos, do que por outros esporádicos. Dias atrás fiz uma breve análise sobre as eleições na CGADB, que gerou muita repercussão. Não pelo que foi escrito, uma vez que nada foi contestado, mas por algumas doxas existentes entre nós assembleianos. Que são, aliás, rescaldo de nossa cosmovisão evangélica como um todo. Basta, por exemplo, citar um nome, dentro de um contexto, sem depreciação direta, que as pedras clamam. Minha premissa é o debate sadio, visando sempre o futuro de nossa denominação. Não estou preocupado, ao menos num primeiro momento, em preservar pessoas, pois elas passam. A Assembleia de Deus, sem querer idolatrar uma denominação, é muito maior do que todos seus líderes e membros. Estamos, claro, apoiados sobre os ombros de gigantes, mas não podemos perder a visão panorâmica, do contrário personalizamos as coisas e vamos de mal a pior.
Hoje volto ao mesmo tema, sob outra perspectiva. Estamos a 47 dias da eleição que definirá o novo presidente. É o cargo mais importante que nos interessa debater no momento. Até porque os demais cargos são satélites de maior ou menor brilho, cuja influência é restrita. Vamos falar das propostas dos candidatos. Vou detalhar as propostas do Pr. Samuel Câmara, uma vez que não encontrei as dos demais candidatos. Não ao menos para esta eleição. Ressalto que não tenho pendores por nenhuma candidatura. E que se algum apoiador quiser acrescentar algo ao debate, terá todo espaço possível. Ok?
Proposta nº 01 – Começar uma Rede de Rádio e TV assembleiana
Primeiro os custos. Quanto custa montar/instalar uma rádio? Três? Quatro milhões? A soma vai por aí. Estamos falando de rádio com alcance estadual, e olhe lá. Para as vinte e sete unidades da federação, por baixo, teríamos: 27 x R$ 3 milhões = R$ 81 milhões! Nós estamos falando de rádio. Televisão é muito mais caro! Claro que uma ou outra igreja estadual ou convenção poderia agregar sua própria estrutura. Mas quem disse que isso é fácil? Ultrapassada esta etapa, restam outras quatro etapas críticas: as concessões, os custos de manutenção, a divisão de espaços e a audiência.
As concessões se referem às prováveis frequências a serem concedidas pelo Governo Federal. Há algumas associações que receberam as concessões em regime de funcionamento sem lucro. Algumas venderam, com contratos de gaveta, segundo informes, enquanto outras estão adormecidas, esperando quem queira bancar o custo de instalação e operar efetivamente a frequência. Para quem não tem, o Governo tem agido à conta gotas. Com os ventos contrários ao Cristianismo…
Os custos de manutenção são o nó da questão. Já foram feitos estudos que demonstram a inviabilidade financeira de TODOS os programas de rádio e TV evangélicos. Em outras palavras, a propaganda exibida neles não cobre as despesas. Via de regra são mantidos com ofertas e doações. É uma equação de difícil solução.
O que nos leva ao próximo entrave. Supondo que houvesse uma TV genuinamente assembleiana no Brasil, qual a fatia de cada Estado na programação? Levando em conta que uma Convenção cedesse espaço e estrutura é natural que ela quisesse um espaço maior. Mas como conciliar isso com a densidade e a qualidade do Sul/Sudeste? Fatalmente, após pouco tempo, haveriam brigas por espaço.
Pra piorar tudo temos a audiência. Cada vez menor de rádios e TVs. Ano passado, as cervejarias amargaram um prejuízo milionário no Carnaval, pois investiram pesado na telinha, enquanto os foliões estavam no Facebook! Com os evangélicos não é diferente. O público ouvinte é cada vez menor, os jovens estão cada vez mais conectados. Não sou tão jovem assim, mas não lembro quando ouvi uma rádio. Da última vez, há uns seis meses, acho, ouvi a Melodia FM, pelo tablet!
Sobra a pergunta: Como investir numa mídia que não cresce e não é sustentável economicamente? Somente pra dizer que tem? Sei não, deixar o espeto para a igreja, cuja maioria esmagadora não irá assistir aos programas, não parece uma boa ideia.
Voltaremos a este assunto mais adiante.