Entre mortos e feridos, uns se salvam, outros partem!
Uma breve reflexão sobre as engrenagens do sistema eclesiástico e seu poder de distanciar pessoas.
Esta semana recebi a notícia de mais um amigo que partiu. Não, não, é alguém que morreu, mas mudou de Igreja. Digitou #fui na timeline denominacional. Combativo, queria o melhor dentro de sua própria casa, onde morava há algumas décadas, mas a boa intenção o traiu. Leva toda a família. Deixa a trajetória e o trabalho.
Lembrei de um pensamento que curti no Twitter: “Quem dera, soubéssemos dizer aos vivos, metade daquilo que dizemos aos mortos.”
De fato, como José de Arimateia, somos muito bons de assumir que os cadáveres ocupem bons lugares, enquanto esquecemos dos vivos. Aliás, é praxe eclesiástica atravessar os sete mares atrás de um novo convertido e, depois, desconstruí-lo quando não reza em alguma cartilha. Neste sentido não diferimos muito dos fariseus. Em abundantes casos deixamos os vivos meio enterrados, nem mortos, nem vivos. Já há até quem os cultive em estufas e hortas. Ao menor sinal de alguma necessidade os retiram do degredo, limpam a biografia, reconduzem aos tronos e lhes incensam como se semi-mortos nunca houvessem estado.
Já tive que dissuadir muitos outros. Eles me acionam não sei bem por quê. Via Facebook, Twitter, telefone, pessoalmente. Uns convenço, outros não. Boa parte tem boas intenções, mas não suportam o desprezo e o descaso. É que os sistemas evangélicos não são brincadeira. Moem e destroem qualquer um, até mesmo aqueles que estão com as mãos nos botões que acionam as engrenagens.
Lembro dos moravianos, dos pietistas e tantos outros bons grupos que no auge perderam o objetivo, se institucionalizaram ou, simplesmente, desapareceram. Atrevo-me a dizer que nem a oração, a santidade ou a evangelização os salvou do “destino” que os espreitava, quer tenham procurado ou não.
Há quase três décadas ouvi um pregador, num grande congresso de jovens na cidade Recife/PE, afirmar: “A Assembleia de Deus é o maior movimento pentecostal do mundo. Mas se esta igreja falhar, Deus levantará outra em seu lugar”. É terrível pensar desta forma diante da magnitude do trabalho da AD brasileira, mas a seu tempo cada movimento de renascimento do Evangelho foi importante também. Entretanto, como dissemos, alguns deles desapareceram.
Assim como acontece quando alguém morre, vamos em frente porque a História continua. Mas, ao contrário da morte, é uma realidade que poderíamos mudar…
Bem dito! É a máquina de moer ideais!
Tá difícil mesmo,mano! Hoje o que voga é: Salve se quem puder! Hj mesno tivermos visitando uns irmãos abandonados, por aqueles que deveriam cuidar deles!
É prega -se o AMOR nos púlpitos, porém, vive-se a indiferença nos bastidores.
Ter a chance de ir é bem democrático.