A EBD tem muitos desafios. Em muitos lugares respira por aparelhos, seja pela ausência das lideranças, de professores ou dos próprios alunos. Não raro a proporção entre os membros de uma congregação e os alunos é ínfima. Salas mal acondicionadas, professores interessados, mas, muitas vezes, despreparados, muitos dos quais só se aproximam do conteúdo poucos minutos antes do horário, entre outros ingredientes. Porém, essa que é, indiscutivelmente, a maior escola do mundo, tem um grande desafio a superar: ensinar a ensinar. Explico melhor!
Um dos grandes desafios do momento é despertar talentos para o ensino. Apesar de dispormos de diversas oportunidades de aprendizado on-line, com as plataformas gratuitas de compartilhamentos de conteúdo como Blogger, Youtube, WordPress, etc, ainda não podemos prescindir do modelo tradicional. Presumo que por um bom tempo ainda precisaremos da EBD de carne e osso, aquela que se reúne em algum dia da semana.
Isto posto, chegamos aos dois pólos indispensáveis ao aprendizado na EBD: o professor e os alunos. Nenhuma escola pode abrir mão deles. E desde o método peripatético[1] precisamos de um professor, de preferência bem qualificado, para repassar as informações e incutir o aprendizado nos alunos. E como precisamos!
Infelizmente, em muitos lugares eles estão em extinção. Ou fogem da responsabilidade, pois não querem se obrigar ao compromisso de estar presentes domingo após domingo. Ou não tem paciência com a classe, em tempos cibernéticos a atração das aulas tem sido comprometida pelo déficit de atenção proporcionado pelas mensagens instantâneas, por exemplo. Ou pela falta de estímulo pura e simples. Via de regra não há muita recompensa, o trabalho é voluntário e se processa nas sombras, com efeitos de longo prazo.
Precisamos pensar, seriamente, que as lideranças eclesiásticas devem investir tempo e dinheiro para levantar novos talentos. Não se trata de remunerar professores, algo, a meu ver, complicado de colocar em prática, pois acarretará grandes problemas. Mas de investir na formação dos docentes e na qualidade das salas, a tal ponto que as aulas voltem a ser atrativas. Que dizer da completa indiferença com relação aos recursos audiovisuais. Em muitos lugares professores bancam do próprio bolso tais recursos!
Evidentemente, não podemos esquecer os professores que já temos. Muitos, senão a maioria, também precisa aprender a ensinar. Eu entre eles! Não é difícil encontrar docentes que se limitam a ler a lição diante dos alunos, como se eles já não houvessem feito isso anteriormente (em muitos casos não leu!), ou discorrer sobre experiências pessoais e, ainda outros, tornam a sala um círculo de oração. Para a maioria a aula se torna enfadonha e repetitiva e os alunos se dispersam.
Ter conteúdo já é algo difícil hoje em dia, ainda que as fontes sejam as mais diversificadas possíveis, mais difícil, porém, é repassar com alguma criatividade o que já temos. Ensinar a ensinar é a dificuldade do momento para uma sociedade que exige conhecimento!
[1] περιπατέω (lê-se, peripateô) é o verbo que descreve o ato do professor ensinar enquanto caminha, ou seja, ao longo de um perímetro predefinido