O nobre Pastor Jesiel Padilha, ministro assembleiano do Estado de São Paulo, escreveu um artigo publicado no blog do Pastor Carlos Roberto, amigo nosso de longas datas. Trata da eleição para a CGADB, a ser levada a efeito em 2017, portanto, daqui a dois anos. Vou esmiuçar a entrevista pública de modo respeitoso como sempre fazemos. Reitero que nada tenho contra o nobre missivista, muito menos com os demais nomes envolvidos, nosso foco aqui é debater a denominação e as ideias esboçadas no artigo. Aliás, já debatidas em outros contextos por aqui. O blog publicará qualquer réplica respeitosa. Vou com ele em azul e eu em preto.
Em 2012 fiz uma análise prognostica de quem seria o Presidente da CGADB em 2013. Não que eu seja vidente ou profeta do “eis que te digo”. Apenas, profeta daquele que prega no púlpito a maior profecia que é a Bíblia. Claro que ninguém pode se gabar de que amanha fará alguma coisa, exceto com a vontade de Deus na frente.
Também fiz esse “prognóstico“…Humm! É fácil chegar a essa conclusão, conforme veremos logo abaixo. Por hora a senha é a seguinte: Boa parte das eleições é em São Paulo, a cidade possui, proporcionalmente, o maior número de ministros filiados e o candidato mais forte e que sai sempre na frente da disputa é de lá. Somando São Paulo e Rio de Janeiro, são mais de 7.000 ministros (dados da última eleição, não leva em conta o número de inscritos)! Então, os demais pastores do Brasil viajam em caravanas para onde houver eleição,a última foi em Brasília/DF. Como o custo é alto, vai pouca gente de fora, logo… o prognóstico já tem 70 a 80% de chance. Outra coisa um dos candidatos do pleito anterior era o presidente, ou seja, pleiteava a reeleição. Como há democracia demais em nossas decisões e estatutos, tal postulante tinha livre trânsito em EBOs (que é onde se reúnem os ministros de cada Estado/Convenção) e eventos outros, com amplas chances de massificação de sua candidatura. O ético seria licenciar-se do cargo, ao menos seis meses antes das eleições, para não contaminar o processo e bancar do próprio bolso as eventuais viagens e campanha. Há ainda outros senões que pretendemos analisar a seu tempo. Vamos em frente?
A eleição da Mesa Diretora da CGADB não pode ser comparada à eleição da OAB ou de Sindicato ao estilo de chapa, como acontece geralmente. Os interesses pessoais e as vaidades pessoais de líderes no afã de participar da mesa ou apoiar de alguma forma seja acreditando no que é melhor para Igreja ou no que é melhor para seu interesse não sataniza o processo, já que onde está o ser humano haverá esses interesses.
Não deveria, mas é muito pior. A vaidade do poder é evidente, à medida que o que se busca não é o bem da Igreja, mas o de algumas pessoas. É o caso da reeleição indefinida. Um amigo escreveu sobre a atual administração: Já se passaram 5 presidentes da República, 7 Copas, 3 Papas e outros tantos planos econômicos e o atual presidente continua lá!
Só pra começar a réplica a este tópico e sendo objetivo e respeitoso, todos os presidentes de Convenções votam na chapa atual, qualquer que seja o candidato, porque a CGADB há muito perdeu sua ingerência sobre eles. Já pensou um presidente que obrigasse uma reconciliação entre dois líderes beligerantes num mesmo Estado? Ou alguém que se voltasse contra a gestão financeira sem critério aqui e ali? Ou um presidente que desinfectasse algumas administrações eivadas de parentes Brasil afora? É algo impensável na atual administração e na vindoura. É outro prognóstico que posso fazer com alta chance de sucesso. Votam para não mudar! Esta é uma das razões pelas quais nunca movi uma palha para participar de uma eleição da entidade.
Pra continuar este debate deveríamos pontuar que nenhuma proposta pública foi assumida pela atual administração na última eleição. E se assumiu pouco ou nada de prático se tornou realidade. A AD não apita em lugar algum, é fonte recorrente de problemas e notícias negativas no noticiário e não está pacificada. É uma denominação personalista e encalacrada em torno da ausência de programas estratégicos girando ao redor de um umbigo. Olhemos para a Igreja Batista. Quem é seu presidente? A Presbiteriana? A Congregacional? A Metodista? Teríamos que recorrer ao Google! Precisamos unificar propostas, dirimir zonas cegas, aumentar a transparência, dar preferência institucional, sem engessar a dinâmica de nossas igrejas. Mas não é isso que esta na pauta dos programas.
Tomemos o Sertão e confirmaremos rapidamente esta situação. A última estratégia de evangelismo nacional tem 25 anos, foi a Década da Colheita. Temos uma Comissão de Planos e Estratégias que utiliza dados de 1993! A evangelização na Copa foi um fiasco. Não há, por exemplo, unificação de uma reles carta de recomendação ou cartão de ministro, como ocorre com a Brasil Para Cristo que saiu de nossas fileiras (cito sempre o exemplo daquela Igreja para demonstrar que é possível fazer quando se quer). Onde um ministro da OBPC chegar munido de sua carta de recomendação e cartão é tratado como tal. Na AD isso depende de quem manda naquela Convenção!
As boas notícias que ocorrem as borbotões País afora, algumas das quais noticiadas no Mensageiro da Paz, são fruto da iniciativa particular desta ou daquela igreja ou Convenção.
Não há serendipidade alguma no que a CGADB faz no Brasil hoje!
A Assembleia de Deus tem um estilo coronelista de governo formatado não pelos missionários pioneiros suecos, mas pelos pioneiros nacionais representados por duas figuras emblemáticas bem conhecidas. Cícero Canuto e Paulo Macalão. O estilo implantado a partir de 1930 por esses pioneiros nacionais, no qual, a Assembleia de Deus cresceu muito mais do que pelo estilo dos missionários pode nos ajudar entender como funciona o apoio.
A formatação desse tipo de liderança concentra grande poder nas mãos dos Presidentes regionais de grandes Igrejas. E os Presidentes de pequenas Igrejas acabam sendo influenciados pelos Presidentes de Igrejas maiores quer pela força da Convenção Estadual ou por vínculos de amizade e admiração. A maioria dos Presidentes regionais se alia pelo apoio da Convenção Estadual porque já detém cargo nela. Além de gestos de gratidão, seja por vínculos de amizade ou por troca de favores os rios correm para o mar.
Que bom que o Pastor Jesiel tenha reconhecido de papel passado tal situação curiosa. Um parágrafo acima ele dizia que nossa eleição difere das de organismos seculares. Eu afirmo o contrário, há mais da má política partidária em nossas eleições do que somos capazes de discorrer. Acho um deslize quando ele vincula o crescimento assembleiano ao estilo coronelista. De fato, o que ocorreu é que a AD cresceu não apenas impulsionada pelos usos e costumes (aqui com alguma influência dos dois líderes), mas sobretudo pela influência pentecostal. Foi o Espírito Santo atuando com poder numa igreja simples que proporcionou seu crescimento em todos os rincões. O patrimonialismo só consolidou o poder dos mandatários e trouxe como único benefício a centralização das decisões. Sem falar que muitos pastores já velhos, são comandados por filhos e parentes.
Os tempos mudaram, porém. E aí ou a AD muda junto ou fica pra trás. Nosso maior mal é pensar que tamanho, dinheiro e poder podem nos manter na dianteira do que quer que seja. A Igreja Católica já pensou assim, como diz o Pastor Abraão de Almeida, são lições da História que não podemos esquecer. A Renascer também já foi grande e atuou em todo o Brasil, em alguns dos endereços mais caros. Hoje está reduzida a poucas igrejas. Ou reciclamos nossa administração ou tendemos ao anonimato. Quem viver, verá. Também isso é um prognóstico.
Ouvi num grande culto de Confraternização da Mocidade, no templo central em Recife/PE, há mais de 28 anos, um preletor afirmar: “A Assembleia de Deus é o maior movimento pentecostal do mundo, mas se esta igreja não tiver cuidado Deus a rejeitará”. Era um prenúncio sombrio. A efervescência daqueles dias embotava a realidade que se já estava em curso. Nos meus 16, 17 anos não percebia…
Na altura do campeonato um candidato se desponta com grande chance de chegar. Este candidato já viajou todo o Brasil. Fechou apoio com a maioria das Convenções Estaduais. O que representa mais de setenta por cento do apoio em nível nacional.
Em que isso é bom? Ética? Democracia? Arejamento da liderança? Tais pastores estão vislumbrando algum compromisso programático com as mudanças que precisamos? Ou somente à manutenção do status quo! Se isso é de Deus eu perdi algumas lições! Não é preciso ser vidente para perceber a manobra da antecipação, até para neutralizar outros presidentes eventualmente interessados no cargo. Da minha parte gostaria que não houvesse outros candidatos. Ele seria eleito por aclamação e nós celebraríamos nossa unidade. Este termo hipócrita por excelência, utilizado entre nós para denominar efervescências contidas e pendências não resolvidas.
Na política secular quem sai na frente nem sempre é o ganhador, porque leva mais bordoada e se desgasta perdendo fôlego. Mas no caso da CGADB isso não ocorre. A maioria detentora de cargos fechou apoio para continuar nos cargos. Alguns fecharam porque acreditam na liderança do pai do candidato que passa o legado para o filho. Outros fecharam porque já não acreditam no outro candidato quer pelo cansaço ou pela estagnação. A menos que tenha alguma “carta na manga” Samuel Câmara não deu sinal de reação nas articulações convencionais faltando apenas nove meses para protocolar a inscrição como candidato ao pleito de 2017. E visto que já é véspera de Natal. Articulações agora somente a partir de Janeiro de 2016. Muito em cima para uma virada.
Na política secular há mais participação democrática que na CGADB. Nisso conseguimos ser ainda piores. E ninguém venha me dizer que assim é pela vontade de Deus. Assim é pela volúpia do poder. Já dizia o nobre Pastor Alcebíades Vasconcelos, em 1959 (vejam quantos anos!), nas páginas do Mensageiro da Paz: “O sistema de hierarquia eclesiástica que, pelo adotado, já se esboça de modo bem acentuado entre nós na Assembleia de Deus no Brasil, pois, aquilo que no Cristianismo primitivo demorou cinco séculos para se generalizar, entre nós, com outros nomes, se generalizou em apenas 40 anos e o que na igreja apóstata deste último tempo custou ainda mais tempo para vingar, entre nós, nalguns setores, já é coisa oficializada com menos de 50 anos de experiência pentecostal“. Dentre as negativas características do modelo temos o nepotismo, aonde o poder é hereditário.
Então, meus prezados trinta leitores, nada há de moderno ou moralmente superior nessa movimentação. É típica de mesquinharia política partidária da pior qualidade. Especialmente, se levarmos em conta a antecipação do debate, mesmo não tendo a atual administração solucionado nossos graves problemas, ou encaminhado ações neste sentido, e a tanta distância do pleito, como já abordamos aqui.
Dias atrás meu irmão, também ministro, propôs que nossa Convenção sufragasse votos para a Presidência, numa reforma do Estatuto. Foi um Deus nos acuda. Um dos argumentos contrários é que onde havia eleição sempre degenerava em confusão. Mas, espere!, tal bagunça não é decorrente da opção, mas da falta de preparo para a convivência com o contraditório. Da falta de estatura e diplomacia! Isso nos torna melhor ou pior diante das votações que o mundo faz, especialmente os países civilizados? Julguem os senhores…
Via de regra preferimos aclamar. A UMADENE, após a morte do Pastor José Neco, reuniu somente os presidentes de convenções nordestinas e aclamou um nome! Embora diversos outros ministros estivessem presentes nas dependências do prédio e pudessem concorrer ou votar. Que coisa moderna! Você reúne N pessoas para a escolha de um nome, todos ficam aguardando que candidaturas irão surgir, para poder decidir. Em dado instante, o responsável pelo evento vem a público e diz: “Nós já escolhemos Fulano. Vocês desejam aclamá-lo?”. Na eleição anterior foi pior. Já se viajou com o nome escolhido! Quando que a CGADB iria interferir num processo desses? Jamais!
O atual Presidente na qualidade de grande articulador já mobilizou o Brasil para essa largada desde o final do ano passado. A contestação de que isso é nepotismo, que não vira, que a Igreja esta virando uma dinastia não se sustenta no atual contexto da Assembleia em pleno século XXI. Esse discurso funcionou no passado nas décadas de 60,70 e 80. A mentalidade mudou muito. Hoje a Igreja se alegra quando sabe que o filho tem condição de levar a cabo os projetos do pai quando esse fica impedido de exercer o ministério quer pela idade ou pela saúde debilitada. A pecha de “menino” (palavra pejorativa na cultura da Assembleia de Deus) recebendo do pai de “mão beijada” não se justifica. Esse menino tem prerrogativas amparadas no Estatuto do idoso com 62 anos de idade. Tem mais de trinta e cinco anos pastoreando igrejas e grandes Igrejas na região mais populosa do Brasil. Ao longo dos anos não descolou do pai. Sempre esteve ao seu lado esperando o momento. Presidiu o Conselho Administrativo da CPAD por muitos anos. E tem aceitação no Estado de São Paulo.
Aqui já passou de um mero artigo opinativo para a louvação desbragada. É do jogo. Grande articulador? Por que não usar este poder de articulação para a melhoria teológica de nossos ministros? Ou para combater as heresias disseminadas entre nós? O poder de articulação passou em branco na discussão dos anencéfalos no STF! A AD como igreja evangélica foi representada por Edir Macedo! Passou em branco numa costura estratégica para a Copa! Passou em branco na alteração do Estatuto da própria entidade! Como não se sustenta a manutenção abrigada de um candidato enviado a eventos de Norte a Sul como nepotismo? Antes não era o pai?
A Igreja se alegra hoje por tudo, especialmente a AD a que o missivista se refere. Fragmentada, rachada, cheia de dissidências e feudos, brigas por poder e dinheiro, desvios de grande monta, etc. E todo mundo fazendo festa todo dia, haja vista a enorme quantidade de eventos. Inexiste igreja mais festeira e cheia de divisões!
Por outro lado, seria o caso de perguntar: Que projetos o pai deixou de realizar? O filho reconhecerá algum nível de incompetência do pai para que tais projetos não fossem levados a cabo? Vai ficar interessante ver o filho pontuar quais são os projetos que não vieram a lume nestes quase trinta anos de administração do pai! E se ele disser por que… Com o bônus de que se não tiver projeto nenhum pior que está não fica! É isso que poderíamos chamar de louvável e interessante para a AD? Sei não… é a AD Tiririca! Se ele está preocupado em se antecipar, onde estão os planos? Que propostas estão sendo apresentadas?
Por outro lado temos um candidato que em 2007 chegou bem perto da Presidência perdendo com pouca diferença, logrando a vitória que lhe garantiu chegar com muita força em outros embates convencionais. A derrota dele em 2007 foi uma vitória, pois chegou com força na decisão da reforma do Estatuto em 2008 em Porto Alegre, além de se cacifar para a eleição de 2009.
Em 2009 perdeu apenas nas urnas, porém não derrotado ministerialmente. Passou a ser visto por muitos como o próximo Presidente da CGADB, visto que a perpetuação no poder gera um desgaste natural em qualquer instituição. Entretanto, cometeu um crasso erro em 2011. Deu uma trombada de frente com a Mesa Diretora em Maceió que até alguns de seus correligionários o rechaçaram e abandonaram seu barco. Mesmo logrando êxito na justiça com relação a sua exclusão eivada de erros no rito, segue na indiferença.
Em pleno ano de campanha não demonstra reação em relação aos desdobramentos de apoio ao candidato em pleno movimento. E mesmo que venha a reagir como candidato suas forças serão pífias para mudar o quadro de apoio já costurado em todo Brasil. Sua derrota, segundo muitos analistas, inclusive seus apoiadores, começou em Maceió. Antigamente bater de frente na política secular arrastava voto. Hoje perde voto quem bate de frente. Ganha voto quem se faz de vítima. Segundo a análise de muitas lideranças ele enterrou seu sonho lá em Maceió.
O missivista começa a dizer a que veio. Se eu fosse o Pastor Samuel Câmara (que ele não me leia!) não queria saber da presidência da CGADB, nem com a unanimidade temporária dos presidentes e um salário de R$ 300.000,00! Tornou-se inviável a administração do orgão. Qualquer coisa que alguém quiser fazer para melhorar soará como interferência. Não há a mínima chance (no contexto atual) de os elementos da boa governança corporativa funcionarem ali! Ali, a única opção é deixar a maré nos levar onde quiser.
Essa pitada da comparação entre política secular e eleições da CGADB é um belo arremate das contradições do artigo como um todo. Nem precisamos chamar um analista político para perceber que a eleição na instituição absorveu vorazmente todas as premissas do mundo secular, no pior sentido da colocação. Não que eu defenda o modus operandi do Pastor Samuel, aliás, já deixei claro (o blog está aí para pesquisa) que não votaria nele.
Quando foi excluído também ficou como vítima. Já que esse dispositivo de extirpar quem nos ameaça é ultrapassado e não funciona mais, nem é visto com bons olhos pela maioria. Ocorre que mesmo reintegrado pela justiça não demonstrou mais reação de candidato.
O grande erro das batalhas jurídicas nos tribunais estampadas nas redes sociais e mídia trouxe desgaste para ambos. Mas agora o candidato não é o Pai. É o filho. E hoje isso não é mais visto com maus olhos. Os obreiros hoje veem com bons olhos o pai deixar o legado para o filho. O que no passado era inadmissível.
Conheço vários pastores que discordariam dessa conclusão, mas é motivo para outro post. De concreto, apenas um questionamento: A administração da AD no Brasil tem melhorado? A resposta está nas inúmeras crises abafadas na liderança. Quando foi inadmissível a passagem de legado na AD? É prática coronelista consolidada! Se alguém tiver alguma dúvida leia nosso trabalho sobre vitaliciedade.
A cultura da Assembleia mudou, mas o estilo de governo não. Os presidentes regionais detém o poder do voto. Se estiverem alinhavados aos apoios convencionais, sem sombra de dúvida podemos afirmar que o Pastor José Wellington Costa Júnior será o próximo Presidente.
Não há novidade, especialmente dadas as premissas. Eu queria muito que ele fosse eleito por suas qualidades, já cantadas em prosa e verso. Aliás, se ele as tem (não duvido), que vença por elas e não pelas facilidades oferecidas por ter seu pai na Presidência. O artigo está permeado de pontuações a respeito. Para finalizar a réplica neste tópico: A cultura mudou, mas o estilo de governo não? Ou, então, nada mudou!? Se nem o processo eleitoral mudou o que poderia mudar trocando de nomes no comando? Nada! Continuo achando que nem eleição se deveria fazer. Um só nome se apresentava e ainda economizaríamos com a campanha. Que fraqueza institucional! É aquela mesma história do Brasil. Tanta coisa precisando ser feita e não temos opções!
Para fins de informação todos os pastores que conheço e conversam sobre eleições e escolhas na AD brasileira, e eu conheço centenas, são unânimes ao reconhecer que tudo não passa de encenação. A maioria dá de ombros para não se desgastar. Outros dependem de uma ajuda financeira e não querem perdê-la. E ainda outros estão cansados de lutar. Converso todos os dias com pessoas que cansaram de propor, de insistir para que nossa Igreja assuma um rumo fora das brigas por poder e dinheiro. Não! A cultura assembleiana não mudou!
Os usos e costumes até mudaram, à revelia dos presidentes e pastores mais radicais. Nossos membros estão mais atentos, etc. Um dos itens que vem merecendo atenção é a transparência com a gestão financeira. Conheço irmãos às centenas que retiraram a mão de dízimos e ofertas e estão aplicando onde acham mais adequado. Se é rebeldia não sei, só sei que foi assim…
Quanto à terceira via, já dei minha opinião em blogs. Na época o Pastor Geremias do Couto discordou e se indignou com a análise que eu fiz da terceira via. Hoje ele mesmo reconhece que a terceira via é lenda, pelos motivos que analisei em tela, publicado em vários blogs. Afirmo aqui que a terceira via é lenda até pelo modus operandi de apoio que prevalece no sistema ministerial da Assembleia de Deus. Viajar o Brasil afora captando nomes de todas as regiões para montar uma chapa fazendo outros acreditar que tem a mínima chance de chegar além de cansativo e desgastante demanda altos custos, tempo e muito esforço para montar uma terceira via que via de regra morre no ninho.
Esse é o sintoma mais grave de nossa crise institucional: Para que uma Terceira Via se coloque termos de levantar dinheiro e mendigar espaço! O correto e saudável seria que os postulantes apresentassem suas propostas e seus quadros de forma isonômica e equitativa. Quantos fossem! Não somos irmãos? Não somos iguais? Mas o que temos? Os espaços sendo conquistados por sagacidade!? Então Daniel Berg e Gunnar Vingren eram muito bobos! Se tivessem sido espertos, até hoje teríamos uma pessoa com o sobrenome deles pendendo no organograma da entidade máxima.
Pelo quadro atual e diante da estagnação e letargia do candidato Samuel Câmara, não vislumbramos outro nome para assumir a Presidência a não ser o Pastor Jose Wellington Costa Júnior. É uma análise que faço sem o coração. Uma análise fria em relação à preferencia, porém na probabilidade real e aritmética o Duéliton tem muito mais chance de chegar à Presidência da CGADB pelos desdobramentos de articulação de apoio Convencional, cujo peso é essencial para garantir uma vitória no pleito da CGADB.
Que ele fique bem longe, cuidando do roçado dele. Seu coração, prezado, Pastor Jesiel, pulsa do início ao fim nestas linhas e entrelinhas… Rsrsrs! Todas as ciências visíveis e ocultas estão a favor do único candidato. A AD tem se reduzido tanto em sua estatura que outros postulantes não querem ou não se apresentam. Se eu também fosse presidente não queria nem ouvir falar em candidatura! Rsrsrs! Que coisa!?
Quanto à reforma do Estatuto, minha posição é o da maioria dos Presidentes de Convenção que falaram em Campo Grande. Nós não precisamos de chapa, precisamos de perdão e reconciliação. Proibir um convencional sair candidato fora de chapa é retroceder. Nossos patriarcas não aceitavam isso porque entendiam que a chapa traria divisão, dualismo e maniqueísmo para CGADB. A chapa pode até atrapalhar o atual candidato em vantagem. Quando ao voto a distancia é uma boa ideia. Sendo que o voto a distancia não beneficia quem tem o poder da máquina.
É lamentável que uma simples revisão do Estatuto não tenha sido levada a cabo e o evento tenha sido encerrado antes do previsto. Mostra o nível de prioridades da organização e a agonia do modelo. O voto à distância não foi implantado por este mesmo motivo, além do elencado nesta última frase. E assim vamos caminhando com uma denominação inchada e claudicante, sem nenhuma tendência de mudança a curto e médio prazo e necessitando realizá-las. Por falar em estatutos, a maioria dos que existem em nossas igrejas carecem de base legal em várias de suas proposições, isso quando estão à disposição dos membros. Via de regra, uma banca de advogados oculta as brechas e os demais ministros votam em consonância com a direção. Se fôssemos arguir num Ministério Público e tal orgão encetasse uma investigação minuciosa cairia a maioria deles. E olha que nem rábula eu sou! Rsrsrs!
Quem me lê pensa que eu sou pessimista e carrancudo. O que me move é a Igreja. Ela sente e se ressente destes conchavos e manobras contra si mesma. Nossa igreja precisa de reformas urgentes. Já me ocupei de algumas aqui no blog. Mas é preciso alguém com estatura para propô-las e implementá-las. A CGADB tem que ser menos política e mais vanguardista, antecipando tendências e direcionando nossos rumos. Sabemos que não é fácil. Do contrário, a tendência é afundarmos ainda mais do ponto de vista organizacional, enquanto ficamos parados no tempo.
Agradeço ao nobre Pastor Jesiel Padilha a exposição de sua opinião no assunto e espero que nossa análise não traga ressentimento, mas reflexão. A Assembleia de Deus é muito maior do que todos nós! O prognóstico está dado!
Leia o post sobre as eleições da CGADB no Blog Point Rhema.