Gente, vocês não sabem! Acompanhei uma visita especial ao Palácio do Planalto, na última segunda! Vou falar rápido porque o tempo está curto. Levei a tiracolo gente do quilate de Bruna Karla, Eyshila, Damares, Ana Paula Valadão. Isso só para citar as cantoras menos famosas. A presidente nos recebeu solícita. Podíamos notar aquele lampejo genuflexo, tipo que bom que vocês vieram! Estavam lá a Gleisi Hoffman e o Gilberto Carvalho. Este senhor sempre me inspira. Era coroinha, olhar profundo. Agora faz o elo entre os movimentos sociais e o Governo. Éramos um movimento social, quase vinte pessoas… O Marcelo Crivella, que é ministro da Pesca e entende tudo de lambaris e anzóis, pescou o fato de que a maioria do nosso grupo representavam as grandes mulheres evangélicas brasileiras. O Gilberto fez questão de frisar, meio que nos restringindo: Ninguém veio pedir nada. Não teve pauta de reivindicação, não teve veto a medida tomada pelo governo ou discutida no Congresso. Foi apenas encontro de mulheres… Oops, estavam eu, ele, Marcelo e outros homens. Bom assim.
A reunião transcorreu maravilhosa. Oramos, cantamos. A Dilma entrou na onda, se emocionou. O coração dela é duro, acostumado nas pelejas comunistas. Perguntou, descontraída, pra Ana: O que é bálsamo de Gileade? A cantora respondeu suavemente, com a aquela voz quase sensual: É um óleo aromático de uma das regiões de Israel. Dilma fez que entendeu com ar sorumbático e mudou de assunto: Quer dizer que ocês louvam? Ora, ora, o violão correu solto. Damares tinha levado uma gaita, sacou a arma, oops, o instrumento e fez os primeiros acordes de Sabor de Mel. Foi mara. Puseram uns microfones, apesar da reunião não estar programada, e elas se revezaram, tipo karaokê sem playback. Ana Paula revelou: A senhora foi muito simpática conosco, nós tivemos momentos de muita emoção aqui, quando cantamos muitas canções, pois somos cantoras. Ninguém entendeu o nexo causal, mas não estávamos ali para coisas complicadas. Segunda não é dia de trabalho em nenhum lugar de Brasília.
Como pedem esses tempos modernos, cada uma fez questão de fotografar com a presidente. Para postar no Instagram, justificaram. Todo mundo tem uma conta na famosa rede social fotográfica para registrar esses momentos diáfanos. Damares até escreveu no dela: Já estamos em Brasília para uma grande missão! Orarmos pela nossa Pátria amada Brasil, e pelas nossas autoridades constituintes! Claro, ela deu uma trombada na língua portuguesa, mas quem não faz isso na grande rede?
O fechamento ficou por conta da Sônia Hernandes. Ela disse palavras profundas (cá pra nós está tão parecida com a Cristina Kirchner, é a idade, né?): Se o povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar eu virei dos altos céus perdoarei seus pecados e sararei vossa Terra, diz a Palavra. A tentativa era reverter a queda de popularidade da presidente. Oops, presidenta. Demora a acostumar, estudanta, clienta, gerenta, docenta, amanta, assistenta…
Antenados como estávamos até esquecemos de evangelizar a presidente, embora orássemos contra a corrupção e para que o País não tenha mensalões e roubalheiras. Eram palavras censuradas por ali, mas no meio de uma oração quem se importa? Fomos embora com a sensação de dever cumprido. Desci a rampa assoviando: Sou humano, não consigo ser perfeito, de Bruna Karla… Esqueci de sair na foto.
Vinha subindo o Eike Batista, prometemos agendar um encontro no porto de Açu… Brasília é assim.