*Ronaldo Lidório
Grande parte da vitória é não desistir. Naqueles momentos que a pressão revela-se insuportável, as incertezas ameaçam o que lhe é mais precioso e parece não haver possibilidade de avanço ou sucesso, torna-se imperativo resistir.
A intransigente decisão de não desistir é responsável, em grande parte, pela vitória. Assim Moisés não desistiu perante o mar e o deserto. Josué não retrocedeu diante da fortificada Jericó. Davi perseverou após perder família, cidade e amigos. Somos chamados em Cristo para – impulsionados pela mistura da fé com a esperança – não desistir jamais.
Esta resistência perante o dia mau seria apenas uma decepcionante teimosia humana se não fosse a promessa de Deus. É pela promessa do Altíssimo que vivemos e perseveramos. Ele prometeu que não estaremos sozinhos um dia sequer das nossas vidas (Mt 28.20); prometeu que todas as coisas (mesmo as mais indesejadas) irão colaborar para o bem daqueles que o amam (Rm 8.28); prometeu uma alegria matutina após noites escuras (Sl 30.5); prometeu que ao fim desta vida haverá um lugar sem angústia ou desespero (Ap 21.14); prometeu que as lágrimas dos que saem semeando se tornarão em alegria perante os frutos (Sl 126.5); prometeu que, mesmo diante das mais terríveis hostes diabólicas, toda corrupção do mundo e do próprio coração, nenhuma força conseguirá nos afastar do seu amor (Rm 8.38,39). E aquele que fez a promessa é fiel.
Em uma recente viagem à Turquia fiquei atônito pela indescritível situação dos refugiados. Olhares desolados contrastam com pés que seguem caminhando. Os milhões que fogem da insana guerra síria e se espremem nas fronteiras da Europa movem-se por uma pálida esperança. Seja de uma vida em solo pacífico, alimento sobre a mesa, educação para os filhos ou simples sobrevivência. Os olhares parecem anestesiados de exaustão, mas os pés seguem caminhando na expectativa de alguma luz. Esperança, mesmo em situações improváveis, gera grande força para seguir em frente. Desde a queda de nossos pais, seguida da misericordiosa promessa de Deus – um que “pisaria a cabeça da serpente” – a esperança tornou-se uma necessidade vital e diária para o viver humano.
Ao enfrentar o dia mau, lembre-se que a nossa esperança é viva, real e está entre nós – Jesus! Ele nos levará por caminhos inesperados até o dia em que veremos o inimaginável esplendor de Deus. Se você nada mais consegue fazer, resta-lhe não desistir, renovado pela convicção de que o choro pode durar uma noite, mas a alegre manhã está chegando.
Pescado em Ultimato
Ronaldo Lidório é doutor em antropologia e missionário da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais e da Missão AMEM. É organizador de Indígenas do Brasil — avaliando a missão da igreja e A Questão Indígena — Uma Luta Desigual.