Leio no JC OnLine, volto em seguida:
“Deus está na frente da Telexfree”, enfatiza o diretor e sócio da empresa, Carlos Costa. Com voz grave e um discurso articulado e emotivo, ele usa o que psicólogos e especialistas em discurso chamam de “sacralização”: o uso repetitivo e frequente de temas religiosos entrelaçados a argumentos. Em uma videoconferência online para milhares de investidores da empresa, que após atrair 1 milhão de pessoas foi paralisada pela Justiça, acusada de ser uma pirâmide financeira, Costa cita 25 vezes os nomes de Deus e Jesus em 15 minutos. A estratégia dá resultado. “Essa empresa é de Deus” virou um mantra dos milhares de investidores.
Ainda não havia abordado este tema aqui, me falta tempo. Recebi vários convites para participar destas redes e recusei todos. Conheci histórias de igrejas nas quais a pirâmide foi recomendada do púlpito, como algo importante até para o caixa. Em alguns lugares os cadastros foram feitos pelos próprios pastores, interessados em ganhar alguns reais, ou muitos reais em alguns casos, e nos dízimos dos sortudos. Gente que vendeu bens e investiu. É hora de uma abordagem razoável do problema.
Conheci um alto executivo da Pepsi-Cola, que me ensinou um chavão elementar nesses casos: Sucesso só vem antes de trabalho no dicionário! E ele trabalhava muito. Saía do Brasil na segunda de tarde, EUA na terça, Europa na quinta, retornava na sexta. Ou Ásia, Oceânia… Há anos não o vejo, a pisada era forte. Mas ganhar dinheiro fácil sempre termina em problema. Nos casos em epígrafe o movimento não se sustenta. Alguns ganharam muito dinheiro? Sim, certamente. Em algum momento, porém, essas correntes financeiras acabam quebrando, porque a base se acaba. A imagem lá em cima mostra claramente a impossibilidade financeira. Alguns poderão argumentar que há a reentrada de sócios, mas…
Como salvos devemos pensar nos inúmeros irmãos que, não tendo a adequada percepção destes esquemas, acabam entrando neles sem saber sequer como irão abordar outros sócios e reaver parte do investimento. Acabam desistindo sentindo-se, apropriadamente, ludibriados. Amizades que se desfazem, irmãos intrigados… O que dizer dos cultos transformados em propaganda de dinheiro? Da própria ausência nos cultos para atender aos grandes eventos das redes? E depois, da decepção fragorosa? Me considero pobre financeiramente (não me iludo com a neo classe média), luto todos os dias com contingências terríveis e creio no trabalho como condição indispensável para o progresso financeiro de qualquer pessoa. Deus ama o trabalho honesto e abençoa o que dele faz uso.
Pra encerrar, conheci também igrejas nas quais as pessoas ficaram dizendo que o Diabo estava furioso com o ganho delas e trastornou o funcionamento das empresas de marketing multinível. Desde então elas estão com o dinheiro bloqueado… Vá entender!